Epilogue: Always and Forever

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Julho de 2020.

Eu nunca pensei que em uma fração de tempo tão curta como um ano eu estaria pela segunda vez em um hospital; tomando soro e os exatos quatorze dias que fiquei nele, em horários regrados para comer e pegar sol, exercícios mentais.. não esperava mesmo mas, cá estava eu, quatorze dias depois, sentindo os raios fracos se dissipando pouco a pouco para dar lugar à lua e estrelas. Aspirei o ar fundo e subi a máscara de volta ao rosto, já que o tempo estava um tanto mais seco que o normal pela estação mais adorada por aqueles que moravam próximo à praia; o verão. Já eu, nem ligava muito pra isso.

Mas Taehyung sim.

Mesmo que fosse Jimin quem estava com todos os preparos do casamento nas mãos, Taehyung parecia enlouquecer um pouquinho. Quais flores usaria; a cor dos nossos ternos, quantas cadeiras teriam no jardim e o principal, conseguir a tempo - antes do fim do Verão - um juiz de paz que aceitasse fazer um casamento homoafetivo. Eu tinha noção o quão era complicado, ainda mais arrumar o próprio casamento, mas.. certamente, a única coisa que eu queria participar era o evento. Não era tão bom para essas coisas.

— Eu escolhi margaridas e rosas. Tudo bem? — Ele disse baixinho ao meu lado, tocando minhas costas ao me abraçar e guardar o celular. O olhei de relance e sorri.

— Imagino que as margaridas sejam para os nossos ternos e..

— E as rosas, para a decoração. — Ele completou, soltando um suspiro eufórico. Envolvi meu braço em sua cintura, contendo o riso. — O que quer comer?

— Um tteokbokki apimentado é tudo que eu mais quero.. — Resmunguei, cansado de sentir na boca tudo que eu comi no hospital, menos sal. Preciso de comida de verdade!

— Então, tteokbokki. — Ele saltou da calçada e me puxou junto. Ri, o empurrei de leve e ao soltá-lo, peguei em sua mão, entrelaçando nossos dedos. Senti os seus apertar os meus e o olhei de soslaio, sorrindo. — Tem uma barraquinha lá perto de casa. Ou.. você prefere ir para sua? Se quiser, nós podemos pe- — O interrompi antes que continuasse, negando com a cabeça.

— Não. Prefiro ir para a sua, e eu com certeza preciso ver.. — Engoli a seco, coçando a nuca em nervoso momentâneo. — O Shin. Preciso ver o Wooseok, e o Jimin disse que ele está lá.

Vi seu sorriso e só me foquei nele, porque aquecia meu peito. Paramos num sinal de táxi, pegando o primeiro que parou à nossa frente.

— Ele gostou bastante do tannie. Então, preferiu ficar lá.. mas o Jungkook sempre está lá também. — Se acomodou no banco do táxi e ao indicar o local de destino para o motorista, sua atenção voltou totalmente para mim. Coloquei o cinto, e antes que pudesse pegá-las, ele pegou em minhas mãos, as aquecendo. — Agora, me diz. O Jimin.. e você, estão bastante amigos.

Sorri com isso. Sinceramente, nunca pensei que estaria tão próximo do baixinho quanto estou agora, mas não era só a simples maneira de agradecê-lo sempre que posso por ter salvado a minha vida, e sim, por tudo. Sua amizade foi um dos meus combustíveis para sair do hospital, procurar um bom psicólogo e acima de tudo, me manter próximo de Taehyung como merecemos.

Encostei minha cabeça no apoio do estofado e olhei com atenção, logo acenando com a cabeça. Em meio à conversa, pensei sobre isso. Os quinze dias no hospital fora especialmente renovadores; apesar de “chatos”. Me sentia impotente que depois de tudo, estar numa cama de hospital, porém, lá eu tinha todo apoio possível.

Sair de um cativeiro, ir para um hospital e receber a notícia que seu pai morreu, certamente não fazia parte da “listas de coisas” mentais. Tudo, parecia simplesmente ter sido jogado para mim, uma grande tonelada de notícias, e o que me fizera desmoronar em questão de segundos.

Pleasure || TaeJinOnde histórias criam vida. Descubra agora