(12) Jungkook

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  O mundo é tão instável quanto uma camada de espuma sobre o oceano, isso significa que certas coisas acontecem conosco quando menos esperamos ou quando menos acreditamos. Nós não podemos nem mesmo controla-las ou evita-las, elas apenas acontecem e nos destroem, tendo um propósito ou não.

E naquele momento eu não entendia o propósito que aquilo deveria ter, o acidente do Seokjin fora repentino e uma das coisas que eu jamais esqueceria, era o choque que eu tive quando recebi a ligação desconhecida me anunciando o acontecimento e antecedendo aquele monte de pensamentos bagunçados correndo em minha cabeça que me fizeram voltar a aquela época da minha vida em que corria para o quarto do meu irmão quando me sentia sozinho e perdido, querendo o colo dele acima de qualquer conclusão racional, mas dessa vez, ele não estava ali para conter meu choro ou me abraçar, dessa vez era ele que precisava de mim. Meu corpo custou a agir, meus braços apertaram meu próprio corpo e depois de sentir a garganta doer por conta do choro preso, o primeiro soluço veio e as lágrimas rolando fizeram minhas bochechas esquentarem, eu tive que me dar aquele momento antes de… antes de qualquer coisa.

Eu não passei horas ali, talvez fossem só minutos. O suficiente para eu que me levantasse e caminhasse até meu celular, enviando mensagens à Jimin.
Com certeza ele estava acordado. E então, menos de um minuto depois, ele me respondia. Sem que o preocupasse, o respondi de volta e desliguei o celular, voltando até a sala com um casaco pesado nos ombros, descendo aquelas escadas devagar para que a tonteira não me deixasse mais fraco que agora.

Eu precisava, precisava me manter de pé.

Me sentei no sofá e encostei o corpo no estofado, que até para qualquer um parecia macio, mas no momento, tudo parecia..encolher, esmagar, explodir. Parecia que eu perderia o ar em pouco, pouco tempo.

Com um suspiro ao qual os pulmões doeram, eu me levantei novamente e vesti o casaco grosso, e caminhei pela sala, em silêncio, pois o mundo agora parecia estar em silêncio..

E eu me sentia oco. Todos os pensamentos negativos chegavam à minha cabeça feito balas, disparadas de forma certeira em minha direção.

E se eu perdesse Jin? E se a primeira pessoa que eu tenho na minha vida se fosse para sempre? O que seria de mim? Da minha vida? Como eu lidaria com isso?
Não queria pensar em nada disso, mas era impossível. Tonto e nem sabia em que direção da casa - grande demais agora – estava, me reconstei na parede e deixei o corpo deslizar até o chão, abraçando os joelhos e sentindo as lágrimas grossas, um soluço silencioso e o peito arder, outra vez.

E eu ouvir a porta bater. Uma, duas vezes. Segundos depois não houve mais algum tipo de barulho, e logo então a mesma destrancar sem que eu me levantasse. Os sapatos que batiam no chão eram o suficientes para denunciar que era ele.

A segunda única pessoa que tinha na minha vida. Park Jimin.

Senti praticamente o corpo se chocar ao meu, me trazendo para os braços que eram fortes os suficientes para me apoiar agora, e em qualquer outro momento que fosse. Eu me agarrei a sua blusa e as lágrimas ainda desciam.
Até que eu me acalmasse, demorou mais que uns minutos. O suspiro quase de alívio escapou quando estava agora de joelhos, em uma forma “melhor” de abraçá-lo, e ele me trazer mais para perto. Eu respirei fracamente, fungando juntamente e sentindo aos poucos, a cabeça deixar de latejar assim como o coração que parecia doer, se apertar. Felizmente, eu tinha Jimin ali, e tinha seus braços ao redor do meu corpo, as mãos gordinhas e macias, talvez um tanto geladas pelo frio, tocando da nuca aos meus cabelos em uma forma de me acalmar. E ele sabia que conseguia.

Devagar, eu me soltei dele. Ergui-me com sua ajuda e quando o soltei, limpei meu rosto das lágrimas rápido, o encarando enfim. Seus olhos também estavam marcados pelo choro recente. Outra vez, ele veio ao meu encontro e me abraçou, e o abracei de volta, o corpo menor se encaixando ao meu, grande demais para ele, mas ao mesmo tempo perfeito.
Mais uma vez naqueles intervalos de choros, abraços, e eu estava outra vez colado a ele, em silêncio, numa quietude que desta vez, me acalmava. Desta vez, por ele estar ali.

Pleasure || TaeJinOnde histórias criam vida. Descubra agora