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- Não..calma, sério, porra. — ele estava totalmente sem reação, e não sabia nem o que falar.

- Ah, querida, sinto muito. Mas acho que não tem nenhuma outra explicação, a não ser o que você tá vendo..

- Cala a porra da tua boca, eu tô sentindo um nojo enorme de vocês, mas em momento algum direcionei a conversa a você. — eu a respondi tentando me manter firme.

- Eu juro que não é isso, juro que posso te explicar. — ele tentou se aproximar.

- Então me explica, Rodrigo, me explica agora! — eu continuava com o olhar firme.

- Vai me deixar aqui? — ela o olhou enquanto ele abotoava a camiseta.

Eu estava tentando me fazer de forte enquanto caminhávamos para o lado de fora do Motel, estava tentando manter a maior armadura possível, mas eu estava sentindo tudo dentro de mim desmanchar e quebrar como um vidro barato.

- Eu não entendo, não entendo onde diabos eu errei, tudo que nós passamos juntos Rodrigo, você foi capaz de jogar tudo pro alto, num Motel afastado da cidade?!  Me diz, a quanto tempo? — eu cruzei os braços aguardando sua resposta.

- Um mês. — eu não conseguia acreditar no que eu estava ouvindo, não consegui falar nada, e ele prosseguiu.  - Foi por isso que eu comecei a cheirar, isso tava me perturbando, não tava aceitando a merda que eu fiz, achei que se eu escondesse eu podia esquecer isso, mas ela me chantageou te contar se eu não tivesse uma última noite com ela, e porra.. eu nem sei o quão bêbado eu tô.

- Não importa se você bebeu, eu tô cagando pra isso! A carne não é fraca quando o caráter é forte, e pelo visto, já não é mais o meu Rodrigo, aquele que tinha um puta caráter foda. Você se transformou num moleque e eu nunca vou entender o motivo disso, mas de uma coisa eu espero que saiba, tu me perdeu pra nunca mais conseguir me encontrar de novo, tu perdeu a mulher que tava do teu lado pra tudo e que topou toda essa loucura contigo em busca de ser feliz. — ele me interrompeu.

- A gente mal tava se vendo e eu acabei me deixando levar, eu sou homem e p... — foi minha vez de interrompe-lo.

- Não vem me dar desculpas esfarrapadas, que enquanto eu estava achando que você estava em casa, você estava deitado com outra. Foi por isso a bolsa da Gucci, não foi? Sua consciência de merda pesou tanto que você achou que cheirar cocaína e me dar uma bolsa de luxo iria melhorar a situação, pois bem, saiba que você é um puta de um vacilão, e eu não vou dar o pé atrás e sair do Rio De Janeiro depois de ter me feito morar longe da minha família pra viver uma vida com você, o caminho que estávamos construindo juntos acabou de terminar, eu vou seguir o meu caminho sozinha e eu desejo muita sorte no seu, não te desejo nada de ruim, apenas desejo que tudo que você fez retorne a você. Cabe a você ter medo disso ou não, passe bem, Rodrigo. Seja feliz, e espero que você cresça! — eu pude ver as lágrimas no rosto dele e sai, dei as costas e peguei o primeiro táxi que vi pela frente.

Eu entrei naquela casa e não aguentei estar de pé, eu desabei ao chão e deixei transbordar tudo que eu guardei na frente dele, ou melhor, deles. Eu juntei todos os meus pertences em quatro malas, eu não sabia o que fazer, mas sabia a quem recorrer, aquela que sempre me salvou de todas as tempestades possíveis,

Aquela casa fazia parte da maior loucura que eu havia feito, eu olhei todos os cantos daquela casa e em cada canto tinha um pouco dele, eu peguei a bolsa e levei comigo, não iria deixar nada meu ali. Queria que ele sentisse mais ainda a minha falta por não ter nada que o fizesse se auto consolar.

Enquanto eu estava saindo, eu encontrei ele entrando, ele tentou se aproximar, e eu pedi que não, e assim ele respeitou meu espaço.

- Sinto muito, é só isso que consigo dizer. — eu o olhei, toquei em seu rosto ainda chorando e sai, sai para nunca mais voltar.

——

Eu desci em frente ao morro, e ela estava lá, ela sabia que eu não tinha condições nem de falar com aqueles brutamontes que ficavam na entrada do morro.

- Aí, Loirinho, tem como dar essa força e levar as coisas dela? Aproveita e passa o recado que ela é minha amiga, de confiança e vai passar um tempo aqui.

- Suave, pô.

O tal do "Loirinho" nos levou para a casa da Morena de carro, era tanta subida que eu não aguentaria a pé, eles tinham vulgos mega estranhos aqui, mas o do Loirinho fazia um pouco de sentido. Assim que entramos ela deixou minhas coisas num canto da sala e o agradeceu, e então sentou no sofá.

- Vem, solta tudo o que estiver aí dentro, mana. — eu deitei em seu colo e assim fiz, eu chorava como um bebê, eu estava totalmente destruída.

- Eu não entendo, morena..

- Não tem o que entender, tem homem lixo demais nesse mundo, você vai trombar por eles ao decorrer da vida, vai aprender com eles, mas uma hora sabe que o teu homem vai chegar, e ele não era o seu homem.

Passamos o resto da noite no sofá, ela me aconselhou e me acolheu melhor do que ninguém, ela era a melhor amiga que eu poderia ter e estava me dando todo o apoio possível, eu tinha noção do pesadelo que vinha pela frente, as perguntas dos meus amigos e familiares, a rotina sem ele..

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Fábio Guerra, Vulgo Loirinho, 26 anos

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Fábio Guerra, Vulgo Loirinho, 26 anos.

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