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_Isadora_

Eu finalmente estava no meu cantinho, exatamente como eu queria. Nesses três dias que passaram eu consegui arrumar tudo com a ajuda do pessoal, e falando neles, eram pessoas extremamente incríveis e já tínhamos criado uma intimidade, eles eram pessoas mega abertas, eu mal cheguei e eles me acolheram horrores, apesar de eu já ter recebido alguns olhares de cima a baixo por umas meninas no morro. Mas dá em nada, eu não ia dar trela pra fofoqueira sair falando merda depois ou eu arrumar problema com os meninos da boca.

Felizmente peguei férias e iria dar mil rolês, errejota que me ature!

Depois de tomar meu banho decidi ir no mercado comprar algumas coisas que estavam faltando, o bom é que tem um mercado aqui perto, nem precisava andar tanto. Quando ia sair de casa avistei uma senhora, ela não era tão velha, talvez estivesse na casa dos cinquenta e pouco, mas ela estava carregando umas quatro sacolas em cada braço aparentemente pesadas.

- Oi, você quer ajuda? — me aproximei da mesma e ela me olhou.

- Oh, minha flor, não precisa não. — ela sorriu.

- Claro que precisa, e eu não aceito não como resposta! 

- Tudo bem, minha casa já é logo ali. — eu peguei algumas sacolas de suas mãos e começamos a andar. - Você se mudou a pouco tempo? Não lembro de ter visto você aqui, e olhe que eu cresci aqui.

- Não, eu estava na casa da Morena, provavelmente deve conhecer, aluguei uma casa a pouco tempo.

- Conheço sim, aquela menina é maravilhosa, foi trágico demais o que aconteceu com os pais dela, mas eu vejo a força que ela tem.

- Sim, ela é uma guerreira e tanto. Mas, como todo mundo aqui conhece ela?

- Depois do que aconteceu eu cuidei dela, outras pessoas do morro também cuidou, ela cresceu com o meu menino e os meninos daqui, é impossível alguém não adorar ela.

Caminhamos um pouco mais até chegar a uma parte alta do morro, era meio afastada de tudo, mas era uma casa e tanto.

- Nem sei como te agradecer, obrigada mesmo. — ela sorriu.

- Imagina! — eu sorri de volta e quando ia dar as costas ela me chamou.

- Qual o seu nome mesmo? — me virei novamente.

- Eu me chamo Isadora, e você é a..?

- Clarisse!

- Até mais então, dona Clarisse. — eu desci novamente o morro e entrei no mercado que não estava tão cheio, não era aqueles mercados enormes, mas era um mercado bom, tinha mais que o necessário até. Comprei umas coisas para cozinhar, já que o Félix e a Bru viria aqui hoje, era minha desculpa pra fazer mil coisas na cozinha.

Assim que terminei as compras, meu celular apitou horrores quando conectou o wifi, e era tudo da Morena, que merda é essa?!

Sabia que ela viria correndo saber da fofoca, mas eu estava chocada, em momento algum passou  pela minha cabeça, e era impossível passar isso pela minha cabeça também

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Sabia que ela viria correndo saber da fofoca, mas eu estava chocada, em momento algum passou pela minha cabeça, e era impossível passar isso pela minha cabeça também. Agora eu entendo o motivo de ser uma das melhores casas que já vi no morro. Deixei as sacolas na cozinha e ouvi o furacão Morena entrar.

- Chegou a fofoqueira do Vidigal.

- Eu tô passada ainda, menina. — ela entrou e foi pegando as coisas pra guardar.

- O Vegas é outro fofoqueiro, hein?! Vocês combinam até nisso.

- Mas me conta, como tu conheceu ela?

- Ela tava com umas sacolas pesadas, eu me ofereci pra ajudar só, faria isso com qualquer outra pessoa.

- Ui, ela ajudou a mãe do chefe!

- Falando nisso, ela não deve gostar da vida que ele leva, né?

- Não, ela odeia isso, mas já insistiu tanto pra ele sair que cansou, ela passou a se acostumar mas ela não vive de dinheiro sujo, ela é enfermeira no postinho e se banca com isso.

- Cacete, entendi então, mas quem era antes dele? — a olhei curiosa.

- Era o marido dela, o pai do Duarte, ela insistiu na época pra ele não assumir o morro exatamente por isso ter tirado ele deles, mas ele assumiu, quando assumiu o morro ele saiu da escola, tinha dezessete anos.

- Uau, parece até coisa de filme, nem imagino o quanto deve ter sido ruim pra ela ver o filho entrar no lugar do trem que levou o marido a morte.

- Foi complicado, mas ele era um cara bom, por incrível que pareça, o Duarte tem o dobro da frieza.

Continuamos conversando e ela decidiu me ajudar com o almoço, ela faria um macarrão à bolonhesa e eu fiquei de fazer um bolo red velvet, ela conhecia a Bru, mas não conhecia o Félix, amava juntar bonde com bonde.

- Aí, vou deixar aqui na travessa e ir lá embaixo buscar eles, vai que a viada quer causar pra cima dos vapores. — a olhei tentando entender. - Pra cima dos traficantes, sua monga.

- Vai lá, sua grossa do cacete.

- De um cacete só! — ela falou e saiu.

Continuei fazendo as coisas até ouvir a porta abrir, não era a morena, já que ela havia acabado de sair. Sai de fininho com a faca sem ponta que estava fazendo o bolo e dei um pulo quando vi o Loirinho, assim que ele viu a faca começou a gargalhar.

- Vai se proteger com isso? — ele ainda gargalhava.

- Não sabe bater na porta?! Virou bagunça pelo visto.

- Vi tu indo no mercado, sabia que ia rolar rango e vim filar a bóia, né. — ele veio me cumprimentar e eu retribui.

- Interesseiro, me sinto até ofendida.

- Esquenta não, patricinha, mas tô com fome mermo. Vai rolar o que? — ele ficou olhando eu finalizar o bolo.

- Macarrão e bolo, vem meus amigos do trabalho "filar a bóia" como você diz. — fiz aspas com os dedos.

- E tu tá fazendo um bolo vermelho por quê? — ele me olhou confuso.

Comecei a explicar pra ele o motivo do bolo ser vermelho e ele pareceu achar interessante, não demorou muito pra eu acabar o bolo e ouvir os escândalos dos três chegando.

- Isadora, você veio morar num paraíso! — o Félix veio me abraçar.

- Ih, bixa, que foi do escândalo?

- Ainda pergunta? Cada bofe gostoso.. — ele olhou o Loirinho e ficou ainda mais escandaloso. - Eita, como eu queria sentar no bico da glock. — ele disse e caímos na gargalhada.

- E aí, já conheceram mais a Morena?

- Claro né, nessa subida toda já conversamos horrores. — a Bru respondeu.

- Esse intruso aqui é o Loirinho. — ambos cumprimentaram o Loirinho, que fitou os olhos na Bru.

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