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_Isadora_

Acordei como se tivesse passado um caminhão em cima do meu corpo, acho que ontem eu me descontrolei na cerveja e não percebi, minha sorte é que eu não fico bêbada facilmente. Levantei ouvindo vozes, mas antes de ir ver e matar minha curiosidade eu fiz minhas higienes e tomei meu belo banho.

Assim que acabei, fui até a sala e tomei um susto quando cheguei a mesma, era o Vegas e a Morena.

- Bom dia pra vocês também! — eles perceberam minha presença.

- Bom dia, bela adormecida. — a Morena veio me dar um beijo no rosto com a mão toda grudenta.

- Que merda é essa? — a olhei.

- Tô fazendo suspiro, ué.

- Não é assim, maluca. — mostrei e então ela fez novamente, sem grudar nas mãos dela.

- Vai falar comigo não, patricinha? — o Vegas me olhou com cara de deboche.

- Aí, foi mal. Bom dia! — beijei seu rosto e peguei minha bolsa no canto da sala. - Tô saindo, se cuidem!

Desci o morro com aquele sol fervendo e finalmente cheguei até a saída, apenas sorri sem mostrar os dentes para os meninos que ficam na entrada e eles só mexeram a cabeça, peguei um ônibus, que para minha sorte ele para perto da doceria.

Assim que entrei a Bru veio falar comigo.

- Bom dia more, tá se acostumando lá?

- Tô sim, nenhum bicho de sete cabeças, ATÉ o momento. — dei ênfase no momento.

- Relaxa, máximo que vai acontecer é tiroteio e tu sentar no bico da glock, eu acho. — ela falou e eu ri.

- Para de ser maluca, garota! — dei um tapa em seu braço e entrei para o vestiário, coloquei o uniforme e fiz o de sempre, quando entrei na cozinha o Lucas tava lá checando o estoque, ele me olhou e lançou um sorriso fraco, tanto quanto eu, ele ficou mexido por ter sido a Natália, talvez ele tivesse gamado, ou sei lá.

O expediente estava menos cansativo, mas ainda sim tinha muita coisa, tive que fazer dois bolos e decorar na maior paciência do mundo, adiei um pouco até o horário do almoço e almocei correndo no estoque. Fiz alguns docinhos para um coquetel e resolvi postar nos status, ficou tão bonitinho que eu tava orgulhosa de eu mesma.

Meu status

"Era gostosura que vocês queriam? Toma!! 🤩"

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"Era gostosura que vocês queriam? Toma!! 🤩"

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No fim do expediente eu estava elétrica, por incrível que pareça, estava com um pique imenso. Quando cheguei no pé do morro encontrei o loirinho subindo de moto.

- EI! — gritei e ele olhou para trás, quando me viu, parou a moto.

- Fala, patricinha.

- O apelido pegou, né?! — ele assentiu. - Me dá uma carona? Nunca te pedi nada.

- Tá pedindo agora. — ele riu. - Zoeira, sobe aí. — eu subi na moto e ele me deixou na frente da casa da Morena, eu agradeci e ele subiu, parando na rua de cima, provavelmente era a boca. Quando entrei tomei um maior susto, o Duarte tava lá, sentado no sofá, e nada da Morena. Eu corro ou eu corro?

- E aí, patricinha. — ele logo percebeu minha chegada.

- Oi, cadê a morena? — deixei a bolsa num sofá.

- Foi fazer uma unha, vim te buscar, agradece que eu tô aqui perdendo tempo, podia estar fazendo outra coisa. — O olhei incrédula pela ignorância, um belo brutamontes.

- Me buscar pra onde?

- Pra ver as casas, carai, tá moscando? — ele levantou.

- Calma, deixa eu trocar de roupa.

- Bora logo, é rapidão. — eu o olhei e bufei. - Virou boi?

- Não te dei a ousadia! — cruzei os braços.

- Anda logo, bora. — ele saiu e subiu na moto, eu não tinha nenhuma escolha a não ser fazer o mesmo.

Ele me levou a diversas ruas do morro, tinham casas que tava caindo aos pedaços, apesar de também ter umas mega luxuosas. Mas eu optei por escolher uma que ficava mais perto da Morena, a casa era do jeito que eu queria, tinha dois andares, apenas um quarto, certinha pra mim, e o melhor dela era o aluguel, pagaria quatrocentos reais por uma casa boa, independente de ser aqui.

- Beleza então, amanhã vejo os bagulhos pra te dar a chave, belê? — ele me olhou quando desci da moto.

- Tá bom, valeu pela força. — ele apenas assentiu, já havia percebido que ele não era de render assunto, ele falava o necessário do necessário e ponto.

Quando entrei em casa a Morena já tinha chego.

- Como foi lá?

- Gostei super de uma casa aqui pertinho, dois andares até, e o aluguel então.

- Aí, fico até emocionada de tu morar pertinho de mim. — ela sorriu e eu sorri de volta.

- Então mana, vou tomar um banho e depois vou usar o dinheiro que vendi a bolsa mais um dinheiro que meu pai me mandou e tu me ajuda a escolher os móveis, vou comprar hoje que se eu pagar agora, eles já entregam amanhã no pé do morro por ser perto da loja.

- Coloca esses machos pra carregar e tu dá um trocado depois. — eu assenti e fui tomar meu banho.

Assim que sai do banho, resolvi fazer algo pra a gente comer, olhei uma receita de strogonoff na internet e tentei imitar, e até que deu certo.

- Não dá contigo, tu é doceira e ainda faz uma coisa dessas, tu vai me engordar morando aqui.

- Tu não engorda nem a força, nem vem.

Escolhemos os móveis, e foi ali que eu realmente senti que estava no meu recomeço, iria morar sozinha e esse fato tava me deixando ansiosa e ao mesmo tempo nervosa. Mas eu sabia que agora iria voar, iria voar sozinha e isso seria melhor pra mim, eu estava trilhando o meu caminho, sozinha.

Morena estava tão cansada quanto eu, revezamos em lavar e guardar a louça e já fomos de cama.

RecomeçarOnde histórias criam vida. Descubra agora