Recomeçar

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_Isadora_

As meninas me deram total apoio, e o loirinho também. Quando acordei, Bruna tava do meu lado ainda. Levantei sem fazer barulho e fui no banheiro fazer os necessários, minha cara tava péssima. Pedi ao Lucas pra adiar a minha folga, só precisava ficar em casa, quietinha.

Estava sem apetite algum, mas não podia ficar de barriga vazia. Peguei apenas algumas frutas e literalmente apenas passei para dentro. Eu deixei a louça lá, estava sem disposição alguma seja lá para o que fosse. Bruna logo desceu e me olhou.

- Tá melhor?

- Vai ficar tudo bem, bru. Dormiram bem?

- Melhor que nunca! Amei sua cama, inclusive. — ela se sentou ao meu lado e eu sorri.

- Fica a vontade viu?! Casa é tua, obrigada por estar aqui.

- Não precisa agradecer, o que eu puder fazer por você, eu faço, Dora. Mas não vou comer não, o outro já mandou mensagem falando que queria ir comigo na padaria.

- E o nome? Já decidiram?

- Que nada! Acha que o Loirinho é fácil? Ele quer colocar nomes ridículos, cara.

- Nada que um chá não acalme. — rimos e ouvimos batidas na porta.

- ENTRA. — ela gritou, havia reconhecido que era ele.

- Cheguei. — ele deu um selinho nela e beijou minha testa.

- Ué, não íamos comer na padaria? — ela olhou as sacolas em sua mão.

- É pra a patricinha, pô. Médica falou que em fortes emoções era bom esses negócios naturais aí.

- Ué.. obrigada (?) — o olhei desconfiada.

Eu guardei os remédios, me despedi dos dois e deitei no sofá. Liguei a tv e procurei por uma série, precisava me entreter e literalmente me afastar dos pensamentos que envolve o envolvido. Optei em assistir The 100 e achei o conceito da série mega interessante.

__

Eu passei o dia inteiro vidrada na série e nem percebi as horas passarem e já estava escuro, meu celular tocou em chamada de vídeo, era a Isa.

** Vídeo Call

- Ei! Que saudade do meu bebê!

- Tia, saudade você.

- A tia sente saudades também, meu amor.

- Eu não existo?

- Você também faz falta, dramática!

- Eu sei, eu sei.

- E os coroas?

- Estão bem! Vão embarcar em uma ação social para doar alimentos e demais, acredita?!

- Aff! Que orgulho dos meus coroas.

- Já virou carioca? Cada gíria, eu hein, trem mais estranho!

- Me poupa, como tá a minha prin?

- Se revirando aqui dentro, tá osso..

- Nem imagino e nem quero! Como vai o Samuca?

- Teve que ir comprar uma abacaxi, morrendo de vontade!

- E tu se aproveita, hein?

- Vou nem te falar o sentido!

**

Conversamos por mais de uma hora, colocando diversos assuntos em dia, e por uns instantes, eu ri e esqueci total do caos aqui dentro.

Era extremamente difícil estar longe da minha família dessa forma, mas, não nasci para viver em gaiolas, queria voar, e aqui era o lugar certo.

A ligação com a Isa e o Lu me animou um pouco, decidi fazer um risoto e jantei assistindo um desenho aleatório.

Eu peguei o meu celular para checar o WhatsApp, e ele havia postado um status.

Só de ver o rosto dele, eu percebia a necessidade que eu sentia dele, e pior, a falta que ele fazia quando não estava aqui. Era totalmente diferente do que eu senti pelo Rodrigo, como se eu nunca tivesse sentido antes.

Não estava nos meus planos, nunca esteve. As "voltas que o mundo dá" são extremamente impactantes, a uns anos eu estava em outro país, cursando o que eu nem tinha certeza que realmente queria. Em seguida eu estava prestes a me casar, e logo me vejo apaixonada por um poço de ignorância, mas que me trata melhor impossível. Lembro das noites em que eu estava deitada em seu peito, enquanto ele me contava suas histórias de adrenalina, nas quais eu amava ouvir.

Éramos totalmente diferentes, mas nós queríamos a mesma coisa, um ao outro.

Agora? Agora eu nem sei mais se isso foi real, se eu não quis sozinha e me iludi por meia boca. E foi ali, lembrando de tudo isso, que eu adormeci.