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_Isadora_

Hoje foi a inauguração da minha tão sonhada Doceria Monteiro. Tivemos até aquele clichê chique de cortar o laço que estava na frente. Eu estava vivendo o meu sonho, mas meu sonho não estava completo, faltava ele. Mas com o tempo eu consegui me contentar com algumas ligações na semana, eu falava igual um papagaio de tanta saudade dele. Minha Doceria estava linda, e felizmente montamos uma equipe incrível.

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Tava descendo com duas vasilhas cheias de doces pra ir comemorar o aniversário da Lore na laje dela, só nós.

- Ei! — eu chamei pelo Loirinho que estava lá embaixo com o Lázaro.

- Fala, patricinha. — ele me abraçou e beijou meu rosto. - Demora pra porra tu em.

- Essa beleza aqui. — eu apontei para mim. - É natural, mas eu gosto de melhorar mais querido! — eu falei e ele riu. - Cadê a Tai?

- Subiu já, deve tá fofocando.

- Ih, garoto! Se manca. Vou lá. — eu mandei um beijo no ar e subi, as meninas já estavam de biquíni com o cu torrando. - Cheguei gatas!

Eu cumprimentei as meninas, falei com a Lore e fui tirar minha roupa, ia torrar belíssima naquela laje, o sol tava competindo com o inferno.

- Arrasou nesse brigadeiro, Isa, puta que pariu! — a Tainá veio com três brigadeiros na mão.

- Vai com calma, sua gulosa!

- Gulosa mesmo, ó. — A Gi fez um "glub glub" e levou um chute da Tai.

- ELA SENTA NA PICA BRANCA, ELA SENTA NA PICA PRETA. — a Morena começou a cantar e levantou pra dançar.

- E A GEOVANA ACABA COM A PRETA DANDO SENTADA COM A BUCETA. — eu continuei rimando e a Gi me deu uma cotovelada.

- Ih, tô mentindo? — a olhei debochando.

- Todo mundo percebe, irmã.

- Aí gente, não queria me envolver não. — a Gi respondeu e continuou. - Mas quem vê ele todo fechado nem imagina que ele é maneiro.

- Investe, garota! — eu a olhei.

- Medo de investir e perder minha vadiagem. — ela trocou de lado.

Nós passamos uma tarde inteira enchendo a cara e fofocando demais, de um jeito que até a língua cansou. Quando anoiteceu eu desci pra casa, tomei meu banho e sentei no sofá.

Mente vazia é realmente "oficina do diabo", eu estava feliz, mas pensei demais e acabei ficando mal, muito mal.

Não pensei duas vezes, peguei as chaves do carro, um dinheiro e saí. Eu estava dirigindo sem rumo, só queria algo pra ocupar a cabeça, decidi parar numa praia que nem sabia em qual eu estava, não tinha tanta gente já que tava de noite. Deixei o carro estacionado e fui andando descalça pela areia, o mar é como remédio, em outras vidas fui filha de Iemanjá.

Eu fiquei ali por um tempão olhando o mar, pensando alto e respirando fundo, era disso que eu precisava. Fui tirada dos meus pensamentos quando senti alguma coisa macia passar pelas minhas costas, não passava nem um sinal de wifi.

Quando eu virei pra olhar era um gatinho se esfregando nas minhas costas. 

- Ei! Gostou das minhas costas, né? — eu passei a mão na cabeça dele e ele se esfregou mais ainda. - Será se você não tem casa? — eu falava com ele como se fosse ter resposta. - Claro que não! Tá numa praia, e você tá bem magrinho, sabia? — eu peguei ele aos poucos e ele veio no meu colo, antes que eu fizesse outra coisa ele lambeu minha mão, foi aquilo que faltou pra o meu coração derreter. - Ok, gatinho, você me adotou.

Eu levantei com ele no colo e fui pra o carro, coloquei ele no banco do meu lado e dei partida, iria passar num pet shop antes de ir pra casa. 

Me fala, universo, foi o destino?

Dia seguinte

Acordei com o gatinho se esfregando nos meus pés, virar mãe animal já tava me fazendo acordar nove horas num domingo.

- Aí, coisinha. Nem te dei um nome ainda, puta merda. — eu olhei ele por um tempo. - POSEIDON! Arrasei, arrasou em me escolher, gato.

Eu coloquei areia e comida pra ele e fui tomar meu banho, aproveitei e lavei o cabelo, desci pra arrumar umas coisas e ouvi alguém bater na porta. E mais uma vez meu coração ficava pequenininho em saber que não era ele.

Eu abri a porta e me surpreendi quando vi a dona Clarisse.

- Bom dia, Isadora! — ela sorriu. - Incomodo?

- Bom dia Lisse, claro que não! — eu cumprimentei ela e dei passagem.

- Trouxe aquela torta que me ensinou, acho que acertei.

- Não acredito! E olha que Nem tomei café ainda. É a sogra dos sonhos.

Nós conversamos um pouco, falamos sobre ela e o seu Antônio que estavam cada vez mais envolvidos e comemos a torta, comi que nem uma esfomeada, a minha sogra me superou.

- Então, filha.. — ela tinha o costume de me chamar de filha. - Eu vim aqui pra te agradecer também.

- Uai, por que exatamente?

- Você mudou meu menino.. ele não parecia nem ser o meu Pedro antes de você chegar e mudar tudo, mulher nenhuma conseguiu fazer isso. — ela falou e eu sorri, por um momento me achei.

- Eu amo muito ele, Clarisse. Eu espero que isso passe logo, sabe que tô com você né? — ela assentiu.

- Não deve ser fácil pra você também, mas eu espero que vocês sejam muito felizes e me dê um netinho.

Não gostava de falar nesse assunto, diferente do fato de eu amar ser tia, eu não pensava tanto em ser mãe. Eu desviei do assunto e continuamos conversando a tarde inteira de outras coisas, e fazendo o que a gente mais fazia juntas, fazendo comida.

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