35 (Extra)

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_Bruna_

No começo foi um susto e tanto saber que além de eu ser por mim, eu teria que ser por mais alguém também. Foi questão de tempo, apoio, e muitas noites em claro pensando até perceber o quanto essa gravidez era o que eu sempre esperei, mas não sabia. Acredito muito em propósito, e ao passar das semanas, das noites em claro sentindo um remelexo aqui dentro, eu percebi que essa sementinha aqui, era o meu.

Felizmente tive meus amigos do meu lado, e também, em seguida eu tive o Loirinho. Eu sabia o quanto esse homem era puro, mesmo levando a vida que leva, sabia bem que ele seria um bom pai, não negaria isso nunca. O lance que tivemos e esse tempo que nós ficamos juntos, me fez perceber que nem tudo é como a gente pensa que vai ser, que não é por uma reticência que somos obrigados a continuar. Gostava da pessoa que ele era, mas não podia continuar mentindo para nós dois, e pior, mentindo para mim mesma.

Eu estava sentada no meu sofá fitando a parede enquanto ele tava no banho, eu o esperaria sair para iniciar a conversa, e então ele saiu.

- Água mó boa, gosto pra caralho. — ele saiu do banheiro sorrindo e assim que viu o meu rosto, o sorriso se desfez. - Ih, qual foi?

- Senta aqui, vai.

- Quer algum bagulho? Se for, eu vou lá e compro. — eu sorri sem mostrar os dentes, eu amava o jeito que ele era preocupado e protetor.

- Não, não é isso. É que eu queria conversar contigo.

- Solta a voz. — ele foi curto e me encarou.

- Eu queria te agradecer pelo apoio que tá me dando, de verdade.. eu sei o pai incrível que você vai ser, e eu sou muito grata por ter sido contigo, sei que foi um acidente, mas seria bem mais difícil se não fosse com alguém como você. Tenho certeza que é o melhor pai que eu posso dar a ela.. mas, eu sinto muito por todo o nosso lance, sei que se apegou, eu também, mas sentimos coisas diferentes, entende? — eu pude ver seu semblante mudar e ele assentiu. - Não quero te iludir, gosto muito de você, mas gosto de você como um amigo, como o pai da minha filha. Não quero nunca perder nosso vínculo e nem sua amizade, eu sei que vamos sempre estar ligados por conta da nossa filha, mas não mais que isso.. — eu o olhei.

- Não, tá suave. Tu não é obrigada a sentir nada por mim não, só não se afasta, quero cuidar de tu, sem maldade nenhuma. Quero cuidar de vocês duas até que ela venha pra nós.

- De forma alguma eu me afastaria de você, garanto que vai estar presente em tudo, agora, e depois dela nascer.

- Jaé então, eu vou ter que ir agora, qualquer coisa liga, marca um 10 e eu apareço. — eu assenti.

Nós nos abraçamos e ele saiu. Meu coração estava pequenininho, eu estava totalmente mal por ele. As vezes eu me pego pensando que já estive no lugar dele, e ah, eu só consigo perceber agora que é difícil e doloroso estar dos dois lados. Dói não ser amado, mas também dói não amar quem ama você. Que eu nunca mais julgasse alguém por ter feito algo sem estar do outro lado da história.

Eu enxuguei as lágrimas e fui fazer algo, em meio desse caos todo, me bateu uma vontade imensa de partir um maracujá e comer ele com sal, e assim eu fiz. Nunca comi algo tão delicioso, me perguntava o motivo de nunca ter comido antes.

Lavei o pouco de louça que estava suja e fui tirar uma foto para exibir minha barriguinha, era a grávida mais metida possível, se alguém me dava um oi eu já falava "olha minha barriga! Linda né? Minha filha!", em pensar que eu já debochei de tantas grávidas que enchia o instagram de foto da barriga, e o karma veio, agora a grávida sou eu!

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