Uma Sexta-feira 13 inesquecível

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Bella

Aquela sexta-feira 13 poderia ter durado para sempre. Seria o último capítulo perfeito de uma novela do horário nobre. Daquelas que fazem todo mundo parar a vida para assistir. Será que alguém além da Kath e do Ruy ainda assiste a novelas?

A festa na companhia do Caio foi promessa de um final feliz. O aniversário dos gêmeos vai ficar para sempre na minha memória, mesmo que ela tenha acabado da pior maneira possível.

Eu realmente preciso tirar o chapéu para o Ruy, ele cumpriu o que prometeu. Diante do espelho, eu me olhava quase sem me reconhecer. Quase! Pois eu não me reconheci mesmo foi no dia seguinte.

A estância virou um verdadeiro campo de guerra. Maquiadores, manicures, garçons e Deus sabe lá o que mais aquele homem enfiou na casa do meu irmão. Ainda bem que Rodrigo passou o dia fora e que o Matheus ficou debruçado na tal proposta do Grêmio Estudantil. Caio e a Kath o ajudaram. Fiquei observando a interação entre eles, mas não foi por muito tempo.

Ruy me trancou no escritório e só sossegou quando me transformou na verdadeira encarnação da Cleópatra. Quanta originalidade.

Meus cabelos estavam mais curtos, com uma franjinha que me deixava pelo menos uns três anos mais jovem. As unhas foram pintadas, segundo o Ruy, de "Concubina Regenerada", e a maquiagem leve dava a sensação de que eu tinha voltado no tempo.

Meu estômago se revirava e o coração parecia estar na Marquês de Sapucaí em dia de apuração. Eu era o completo caos, mas experimentava um sentimento bom, bem diferente do que estou sentindo agora.

Minha ansiedade piorou consideravelmente quando a Kath chegou ao quarto vestida de Alice; carregava um sorriso tímido nos lábios.

— O Ruy pediu que me ajude com isso. — Entregou-me a caixinha de cílios postiços; eram azuis com as pontinhas brancas e combinavam com a fantasia dela.

Achei o gesto fofo, uma aproximação quase que voluntária, um grande passo para nós duas, que poucas vezes tivemos a oportunidade de estar sozinhas.

— Onde ele está?

— Lá embaixo com a Clarinha e a Tia Fabi. — Suspirou fundo e sentou-se na cama. — Mandou dizer que não vai te esperar.

— Não tem problema, podemos ir juntas. — Sorri afetuosa. — Senta.

Revirei a mala à procura de algo mais apropriado.

— Vou usar este, tá? — Mostrei um par de cílios pretos, volumosos, mas discretos. — Combina mais com você.

Katharina sorriu discretamente e, com a voz tímida, pediu:

— Pode tirar um pouco dessa sombra também, eu achei um pouco demais.

— O Ruy exagera, né? Não diga que contei, mas ele arrasa mesmo é no cabelo, make nunca foi o forte dele. — Peguei um lenço de papel e comecei a tirar o excesso com cuidado. — Carnaval do ano passado, eu mal conseguia sorrir de tanto reboco.

Ela deu uma risadinha, que me lembrou muito o Caio. Dei um beijinho carinhoso em seu rosto e passei a cola nos cílios.

— Isso não vai incomodar?

— Um pouquinho no começo, mas depois você se acostuma. Antes de dormir precisa tirar, senão vai acordar com os olhos colados. Já aconteceu comigo e, acredite, é bem desesperador.

Katharina se remexeu na cama e me encarou hesitante.

— Acho que meu pai gosta de você.

Sentei-me de frente para ela, desarmada.

Deu RuimOnde histórias criam vida. Descubra agora