Capítulo 16

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O sol ainda brilhava no céu, mas Arutes, sem conseguir concentração para os números, decidiu encerrar seu trabalho do dia. Saiu em busca de Gertrudes no casarão, mas ela não mais estava lá.

O pensamento de que ela iria embora lhe roubava a paz. Ele precisava vê-la. Dirigiu-se, então, até a casa da namorada.

— Alguém em casa? — Perguntou junto à porta de entrada.

A voz foi imediatamente reconhecida. Gertrudes correu para atendê-lo, ainda arrumando o cabelo.

— Que surpresa boa! Entre, por favor.

O casal permaneceu em pé na sala da casa.

— Não esperava vê-lo hoje novamente, já que soube que esses dias são de muito trabalho. — Disse ela.
— Minha mente parou de pensar.

Gertrudes lançou-lhe um olhar de dúvida. Ele cuidou em explicar:
— Não posso te deixar ir embora.
— Não temos outra alternativa. — Lamentou — Engraçado, eu tanto quis daqui sair e agora tanto quero ficar! — A namorada confessou.
— Pois fique!
— Como?
— No casarão existem muitos quartos vazios. Fique no casarão!
— Você não pode estar falando sério! A Baronesa jamais aceitaria e, além do mais, eu poderia ficar mal falada. Não posso ser sua namorada e dividir o mesmo teto que você!
— Meu Deus, por que tudo tem que ser tão complicado?! — Passou a mão na cabeça — Eu não quero que vá embora!
— Eu não quero ir. — Gertrudes falou, aproximando-se do namorado.

Ela o beijou.

— Mas ainda estou aqui e devemos aproveitar o tempo que ainda nos resta. — Gertrudes sussurrou no ouvido de Arutes.
— Há mais alguém em casa? — Ele perguntou.
— Não. Apenas você e eu. E qualquer presença seria completamente desnecessária agora. — Ela respondeu em tom provocante.

Algo Gertrudes tinha em mente, claro que tinha! Ela tornou a beijá-lo, cada vez mais envolvente.

— Se estamos sozinhos, posso me aproximar um pouquinho mais? — O jovem perguntou.
— O quanto desejar. — Consentiu.

Ele segurou a cintura dela, que continuou:

— E por que não um pouco mais? — Gertrudes entrelaçou seus braços no pescoço de Arutes.

Eles estavam completamente envolvidos e necessitados um pelo outro. Ainda agarrada em seu pescoço, a italiana sussurrou:
—Talvez seja melhor estarmos em meu quarto. Lá, teremos certeza que ninguém nos incomodará.

Extasiado, Arutes balançou a cabeça, sinalizando que sim. Gertrudes caminhou até a janela para fechá-la, enquanto ele apreciava toda a sua beleza. "Como ela é perfeita!" — Ele pensava.

Arutes a desejava com toda a intensidade que um homem pode desejar uma mulher. Aproximou-se novamente dela sem nada falar. Tomou-lhe num beijo intenso e ardente; não parecia o homem discreto que era. Suas mãos percorriam o corpo de sua amada desbravando-o. Ela sentiu o coração dele agitado. Era o momento certo para interrompê-lo.

— Por favor, pare. — Gertrudes pediu afastando-o.
— Por que parar agora, se estamos aqui sozinhos?
— Não é porque estamos longe das vistas dos outros, que devemos agir desonradamente!
— Mas você sabe o quanto a amo! Eu sou completamente seu, você é minha! — Ele argumentou.
— Não posso colocar minha honra em risco. Fui educada com toda a moralidade que poderia ser ensinada!

Atordoado, Arutes respondeu:
— Perdão, perdão! Tem toda razão. — Disse embaraçado — Quando estou ao seu lado, perco completamente a sensatez.

Ele se sentou na cama, entrelaçando as mãos e olhando para o chão. Pensou por alguns segundos. Embora fosse difícil, tinha que controlar seus mais profundos impulsos. Arutes costumava ser um rapaz muito calmo, mas era impossível controlar-se com Gertrudes. Era necessário esperar um pouco mais e ele sabia exatamente o que tinha que fazer.
Levantou-se da cama decidido e então perguntou:
— E por que não casamos logo?
— O que você disse? — Gertrudes havia escutado bem a pergunta, mas queria que ele novamente a fizesse.
— Sim, o casamento resolverá todos os nossos problemas. Você quer casar comigo?
— Mas acabamos de assumir nosso namoro, como já podemos falar em casamento?
— Pode parecer uma decisão prematura, mas conheço os meus sentimentos e posso afirmar que nunca senti nada semelhante por ninguém. Eu te quero, Gertrudes Bertolini, para sempre.

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