Momentos desesperadores e diagnósticos mais desesperadores ainda

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Jeongyeon pov's

Acordei e logo bufei. Estava tendo um sonho tão... Bom. Sonhei com Nayeon e seu sorriso perfeito entre minhas pernas.

Virei na cama e encarei Tzuyu dormindo tranquilamente. Seus lábios se mexiam de um jeito estranho, como se ela chupasse a própria língua. Fiz carinho por cima da mancha avermelhada em sua clavícula e suspirei.

ㅡ Hey, pequena ㅡ balancei seu corpo de leve ㅡ, hora de acordar.

Ela resmungou e continuou deitada.

ㅡ Princesa, levante. Venha tomar um banho.

ㅡ Não, Seong.... Só mais dez minutinhos, por favorzinho.

Suspirei e cedi. Fui tomar um banho bem quente e demorado para acordar. Coloquei minha farda de educação física e arrumei meu cabelo.

Depois de arrumar meu material na bolsa, fui tentar acordar minha irmã novamente. Sentei ao seu lado e passei a mão por seu rostinho.

ㅡ Tzu, acorde, uh?

Ela não respondeu. Eu ri e balancei a cabeça.

ㅡ Vamos sua preguiçosa! ㅡ à peguei no colo e sorri.

Ela estava mole e pálida. Eu continuava a tentar acorda-lá mas nada funcionava.

Foi aí que me desesperei.

Corri com ela nos meus braços até o quarto dos meus pais, precisava da ajuda deles para levar minha irmã à um hospital. Procurei por todos os lados mas eles não estavam em casa. Tinha apenas um papelzinho na mesa escrito:

"Nós saímos, leve sua irmã para a creche"

Merda!

A cada minuto eu ficava mais desesperada. Minha dumbo não podia morrer, não, ela não podia...

Em um ato impulsivo e desesperado, peguei a chaves do carro da minha mãe. Agradeci aos céus por meus pais terem dois carros.

Corri para a garagem e coloquei Tzu deitada no banco de trás. Mesmo sem ter uma carteira de motorista ㅡ até porque eu era menor de idade ㅡ, saí com o carro para um hospital mais próximo que consegui achar no GPS do meu celular.

Atravessei vários sinais vermelhos, quase bati com o carro várias vezes, ultrapassei o limite de velocidade. Provavelmente tinha levado várias multas. Mas eu não ligava, eu só queria salvar a última coisa que restava em minha vida.

Quando eu cheguei no hospital, corri com ela nos braços e gritei por ajuda. Alguns enfermeiros vinheram e à colocaram em uma maca.

Ela foi levada para uma sala, ela ainda estava viva, mas não respirava direito.

ㅡ E-ela vai ficar bem?! ㅡ perguntei desesperada.

Uma enfermeira me parou, impedindo que eu continuasse à seguir a maca. Disse que tudo ficaria bem, apenas iriam fazer alguns exames nela.

Eu esperei e esperei por um longo tempo naquela sala. Eu chorava sem parar, Tzuyu era meu amorzinho... Minha razão de viver, eu amava aquela menina mais que tudo.

Não, ela não pode morrer, tem apenas quatro anos, nem viveu pelo menos uma década!

Fiquei pesando no pior, o que ela tinha? Ebola?! Aids?! H1N1?!

ㅡ Família de Chou Tzuyu ㅡ um homem disse, fazendo eu dar um pulo.ㅡ Pode me acompanhar?

O segui por um longo corredor, ele ficava calado, segurava uns papéis e mantia sua cara séria.

Subimos num elevador até o terceiro andar, num tal de "Bloco F".

Ele parou em frente à um dos vários quartos. Eu conseguia ouvir as vozes das crianças do local e os médicos andando de lá para cá.

ㅡ Você é... Sensível?

Meu coração apertou.

ㅡ Não sou.

Ele assentiu e suapirou.

ㅡ Fizemos alguns exames de sangue e na medula óssea de sua irmã e tivemos um diagnóstico...

ㅡ Qual foi?! O que minha irmãzinha tem?

Ela sorriu gentilmente.

ㅡ Ela tem leucemia linfática aguda.

Leucemia linfática aguda....

Leucemia linfática aguda...

Meu coração apertou ainda mais, Tzuyu tinha um câncer no sangue agora. Ela estava muito mal... Ela... Vai morrer.

Comecei a chorar, o homem me abraçou tentando me consolar.

ㅡ Não se preocupe. Se servir como um consolo: Você descobriu a doença precocemente! Isso aumenta a cura em 80%, e o tipo de leucemia da sua irmã é o mais fácil de tratar, 90% das crianças com ela alcançam a cura.

Aquilo realmente ajudou... Um pouco, muito pouco mesmo, pouquíssimo... Mas ajudou saber que ela tinha uma grande chance de ser curada.

ㅡ E-eu...ㅡ respirei fundo ㅡ posso vê-la?

Ele sorriu.

ㅡ Claro, mas acho que ela deve estar dormindo, demos anestesia à ela.

Eu assenti e suspirei. Entrei no seu quarto e mordi meus lábios.

Primeiro, tentei ligar para minha mãe ou meu pai e dar a notícia trágica. Nenhum dos dois atendeu. Que merda..

Me aproximei do leito de Tzuyu e sentei na poltrona do lado. Passei a mão por seu rostinho.

Acariciei seus longos cabelos, fiz cachinhos com meus dedos. Tentava não imagina-lá sem aquelas lindas madeixas escuras.

Aquilo doía, doía muito saber que alguém tão importantem estava doente.

Ela se remexeu na cama e abriu os olhinhos. Enxuguei minhas lágrimas e forcei um sorriso.

ㅡ Bom dia, bebê...

Ela fez um biquinho confusa.

ㅡ Seu quarto mudou, Seong.

ㅡ Não é meu quarto, pequena.

Ela franziu o cenho e pediu colo.

ㅡ Então onde eu tô?

Sorri forçado.

ㅡ N-no hospital, q-querida.

ㅡ Você tá dodói?

Balancei a cabeça, algumas lágrimas caíram.

ㅡ Não sou eu que ta dodói... É v-você! ㅡ à abracei forte, minhas lágrimas molhavam aquela roupinha com vários desenhos de animaizinhos.

ㅡ Não chora, Seong. Tzu vai ficar boazinha. É só tomar o remedinho!

Eu à olhei nos olhos e sorri.

ㅡ Eu te amo, Dumbo....

ㅡ Dumbo não ㅡ ela mostrou a língua pra mim ㅡ, princesa!

Eu ri.

ㅡ Eu te amo, princesa. Te amo mais que tudo nessa vida. V-você é m-muito preciosa... Fica bem, por favor..

ㅡ♥♥♥ㅡ

Não me matem, pelo amor de deus!
Tem muita história pela frente ainda.

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