Cachorro maldito

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09/02/2013
7:50 Am

Nayeon pov's

Era um dia de sábado, eu estava no quintal daquela casa aproveitando que ele não estava.

ㅡ Você é lindo, Nico ㅡ falei enquanto arrumava a cartola dele.

Aquele era meu pequeno momento de paz. Eu não precisava ficar trancada no quarto quando ele não estava.

Naquele dia, ele já tinha acordado gritando e nervoso. Fiquei lá, fechada no quarto e enrolada dos pés à cabeça com o fino lençol enquanto abraçava o ursinho tentando não chorar.

Aos meus 8 anos, eu já não suportava mais viver. Tentei fugir uma vez.

Uma vez pra nunca mais.

Tudo que era horrível, ficou 200x pior depois dessa tentativa. Foi ai que entraram a rotina que fez para mim.

Eu só podia comer quando ele estava em casa,e se tivesse permissão dentre mais um monte de coisas.

Gritava e me chamava de coisas que eu aos 8 nem sabia o significado.

Quando ouvi o barulho da porta abrir com brutalidade, resolvi correr o mais rápido que minhas pernas conseguiam para o quarto.

ㅡ Ei, ei! ㅡ puxou meu braço.ㅡ Pra que essa pressa toda?!

Ele apertava meu pulso com força. Tanta força que eu jurava que ia esmagar.

ㅡ Quero te apresentar alguém ㅡ disse com um sorriso.

Me arrastou até fora de casa. Ele praticamente me empurrou que me fez cair no chão.

Quando levantei minha cabeça e gritei vendo o tamanho do animal que rosnava na minha frente.

Era um cachorro enorme, praticamente do meu tamanho na época.

Quanto mais eu gritava mais ele latia para mim.

Por um descuido meu, ele pegou meu ursinho com os dentes e brincou com ele na boca.

ㅡ S-solta isso! ㅡ tomei coragem e pulei nele tentando puxa-lo.

E sim, eu consegui tirar meu Nicolau de sua boca.

Mas já era meio tarde. Nicolau já estava praticamente todo destruído.

Foi ai que eu chorei. Por impulso dei um tapa no cachorro. Recebendo uma enorme mordida no meu braço.

Eu tentava tirar meu braço de sua boca mas só piorava. Dei um soco pra conseguir me livrar.

Peguei todos os restos da pelúcia pelo chão que encontrei e corri.

Meu braço sangrava muito, além da dor imensa que sentia.

Ele me agarrou pelos cabelos e me arrastou por uns metros até chegar no quarto. Meu vestido foi arrancado de uma vez.

Eu chorava e chorava. Não sabia o que era mais doloroso: meu braço, a dor no meu peito por conta do ursinho ou seu peso sobre meu corpo pequeno e frágil.

ㅡ Porra, cala a boca! ㅡ me deu um tapa estalado no meu rosto.ㅡ Olha, Im, presta atenção.

Agarrou meu rosto com uma das mãos e apertou forte.

ㅡ Cala sua boca, entendeu?!ㅡcuspiu as palavras.ㅡ Eu quero comer você em paz, para de chorar, Im.

Mal acabou de falar e já pude sentir seu membro em mim.

Foi ai que eu chorei mais.

ㅡ Merda, cala a boca! ㅡberrou.ㅡ Olha, se não ficar calada,dou aquele seu ursinho e você pro cachorro comer!

[...]

Ele vestiu suas calças e saiu do quarto.

Eu, tão pequena, já sabia o significado de uma rapidinha. Aprendi extremamente cedo, da pior maneira possível.

Abracei os restos do meu ursinho e enxuguei minhas lágrimas.

Vesti minha roupa e sai do quarto, tentando ser discreta.

Consegui sair da casa enquanto ele assistia um jogo de futebol, corri pelas ruas até chegar na casa rosa quadras depois de casa.

ㅡ Oh, Nayeon! ㅡ ela disse ao ver meu braço sangrando.ㅡ O que aconteceu?!

Segurou minha mão e me levou para dentro da sua casa. Sentei no sofá e me encolhi no canto.

ㅡ Me diga,o que aconteceu com seu braço? E seu ursinho?

ㅡ U-um cachorro m-me mordeu e acabou com ele! ㅡ mostrei o estado do Nico.

Ela sorriu pra mim e beijou minha bochecha.

ㅡ Ah, querida.. Não chore, eu vou concertar ele.

Pegou minha pelúcia e colocou sobre a mesinha de centro. Foi para a cozinha, pegando uma garrafinha de álcool e segurando meu braço.

ㅡ O que é isso? ㅡ perguntei.

ㅡ É pra não inflamar ou infeccionar ㅡ disse sorrindo.ㅡ Pode doer um pouco, mas vai ser bom pra você, ok?

Eu assenti com medo. Fechei meus olhos com força e mordi meus lábios ao sentir a terrível ardência na minha pele com o álcool.

ㅡ Nossa, você nem chorou! Você é uma menina forte hein?!ㅡ disse efaixando meu braço.ㅡ Não tire isso, ok? Pelo menos não hoje, espere uns três dias.

Eu assenti.

ㅡ Ai, você é uma fofa ㅡ fez cócegas na minha barriga.

Aquilo me fez sorrir. Era bom ser elogiada de vez em quando.

Ela foi de novo para a cozinha e voltou com um pote cheios de biscoito de gotas de chocolate e me entregou junto de um suco de limão.

ㅡ Coma ㅡ disse sorrindo ㅡ, você prece tão magrinha. As vezes penso que não come em. Casa

Eu baixei minha cabeça.

Kim ligou s televisão em minha frente, num canal qualquer de desenhos animados.

Assisti com atenção os personagens fazendo burrices engraçadas. Eu tia e me enchia de biscoitos.

Sra.Kim sentou meu lado com um umas coisas na mão, com suas mãos delicadas pegava cada parte do ursinho e juntada ao seu corpo pelúcia.

Agora eu já não ligava mais para os desenhos,sem suco, sem biscoitos. Eu só queria ver meu eterno consolo sendo restaurado.

Eu achava incrível como ela fazia aquilo parecer tão fácil.

ㅡ Prontinho!ㅡ sorriu ㅡ Seu Nicolau esta vivo novamente.

Eu peguei ele e o abracei. Ele não estava novinho em folha, sua cartola tinha sumido, e agora só tinha um dos olhos, e ainda de botão.

Seu terno já havia ido embora, só restou sua gravata borboleta

Mas eu não le importava, só tendo ele já era um alívio imenso.

ㅡ Não se preocupe,Nico ㅡ falei.ㅡ Eu te amo mesmo você não sendo mais chic. Você é lindão de qualquer jeito! ㅡ olhei para Kim e sorri.ㅡ Obrigada, vovó!

Dei um pulo e à abracei forte.

I don't want your helpOnde histórias criam vida. Descubra agora