Obstáculos

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O sol ainda não havia raiado, Desperto com o barulho do telefone tocando, mentalizei um bom discurso para convencer Ricardo a não vir me buscar para o trabalho, assim poderia conversar com calma com Patrícia durante o trajeto, já que ela irá para entrevista com Fernando, então teremos um tempo a sós. A mania de perseguição do Ricardo por vezes me deixa irritada, essa coisa toda de proteção, às vezes até acredito que algo ruim pode acontecer comigo.

Depois de convencê-lo de que iria com Patrícia para mostrar o caminho, levantei para meu banho, fiz minha higiene matinal e acordei Patrícia, o dia hoje seria longo nos marcaram sete cirurgias, ao que parece Ricardo teria que fazer uma viagem por essa semana em busca de alguns investidores, então estão adiantando sua agenda.

Aguardo pacientemente até que minha prima termine de se arrumar, vou adiantando meu café, o dia vai ser longo e não quero me atrasar, nem atrasar Pati para sua entrevista.

— E então? — Patrícia sai do quarto perguntando ao mesmo tempo que dá uma volta.

Uma calca social básica preta e uma blusa frente única, rosa, de gola alta em cetim, nos pés um belo salto preto.

— Uau... se está pensando em seduzir seu chefe, está pronta. Mas infelizmente ele já é casado e a mulher é insuportável. — Digo enquanto me levanto para pegar a bolsa.

— Bom... não quero saber de homem nunca mais... acho que não nasci pra isso, e também eu não preciso estar com alguém. Eu mesma me basto, e estou muito feliz assim. — Pati declara também pegando sua bolsa e saímos em direção ao elevador.

     Chegamos rapidamente ao primeiro andar, cumprimentamos seu José e saímos em direção ao ponto, que não ficava tão perto quanto eu me lembrava, das últimas vezes que caminhei até o mesmo não demorei tanto para chegar.

— É bom estar de volta. — Patrícia respira fundo assim que termina de falar.

— Pode me contar se quiser... Pode me falar tudo. — Digo segurando em sua mão.

— No tempo certo Ann... quando for o momento! — Pati diz e seca uma lágrima solitária em seu rosto.

Não demora muito e estamos descendo no ponto em frente ao Memorial Nunier, era preciso apenas atravessar a rua. Patrícia se impressionou de imediato com o lugar, o tamanho e a sofisticação do Hospital.

— Eu também fiquei assim na primeira vez que o vi... É mais bonito ainda do lado de dentro. — sorrio enquanto observo Patrícia embasbacada com a grande faixada do prédio a sua frente.

Chamo por Pati é dou um passo à frente, olhos os dois lados, vejo que a rua em frente ao hospital está vazia então começo a atravessar, ouço um grito agudo em meu ouvido.

— ANNAAAA — não compreendo de quem era a voz.

Tudo é muito rápido, o barulho forte de freada, eu só consigo olhar para o lado, vejo o carro vindo em minha direção sem parar, olho mais adentro do automóvel e vejo a cabeleira loira. Era Alessa quem estava dirigindo, meu corpo todo adormece e sinto meus olhos pesarem, logo tudo escurece.

     Sinto como se minha cabeça fosse explodir, a dor é suportável na cabeça, mas não posso dizer o mesmo do braço, tento me mexer e sinto algo impossibilitando o movimento, abro os olhos e observo o quarto do hospital, reconheço que estou no terc...

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Sinto como se minha cabeça fosse explodir, a dor é suportável na cabeça, mas não posso dizer o mesmo do braço, tento me mexer e sinto algo impossibilitando o movimento, abro os olhos e observo o quarto do hospital, reconheço que estou no terceiro andar na clínica médica e então me forço para lembrar de tudo.

— Não... pode ser... minha mente deve estar me pregando uma peça. — Coloco as mãos em minha cabeça e sussurro.

Aquela mulher só pode ser maluca. Recordo-me da impossibilidade de movimentação e olho para meu braço, me espanto ao ver o gesso em seu entorno, e sinto uma leve ardência em minha testa, e em meu braço. Que droga aquela maldita tava pensando?

— Ei... você acordou — Pati diz animada.

— Imagina... ainda estou dormindo — digo ironicamente e reviro os olhos.

— É compreensível que você esteja assim... mas olha pelo lado positivo na velocidade do carro o acidente poderia ter sido pior. Não sei se você lembra mas se não fosse o Ricardo ter entrado na frente e te empurrado não ia ser só um braço quebrado. — Minha prima diz, como sempre sendo tão positiva.

— COMO ASSIM? — Grito — Ele está bem? Onde ele tá?

— Se acalma plebeia, seu príncipe está ótimo, ele só teve escoriações... Faz algum tempo que saiu, parece que foi atrás das câmeras de segurança do hospital... — Pati tenta me tranquilizar.

— Droga Pati.. — Digo, e a chamo para mais perto da cama. — Eu sei quem foi, mas... — Sussurro próximo ao seu ouvido, mas sou interrompida, pela porta do quarto que é aberta bruscamente.

Ricardo me observa atento, com os olhos semicerrados, passa pela Patrícia e caminha até a cama, ele continua me observando... mexe em meu soro, e depois olha para meu braço.

— Dói? — Ele pergunta segurando em meu braço.

— Está tudo bem. — respondo no automático — Alguém conseguiu ver quem foi? — Questiono.

—Não precisa se preocupar anjo. —Sua mão direita passeia por meus cabelos e seus lábios tocam os meus — Vai ficar tudo bem..— Ricardo completa a frase e procura por Pati que está sentada no banco logo atrás, mexendo em seu celular.

Seguro firme em sua mãos antes que se afaste e pergunto novamente — Alguém viu quem foi? — Sou enfática nas palavras.

— Nã... hum.. ainda estão... analisando as imagens... por hora você não deve se preocupar com isso, eu resolvo anjo, confia em mim ok? — Ricardo fala, os olhos estão focados em meu soro que corre lentamente.

Uma batida na porta muda todo o rumo da conversa que estava planejando ter, como da vez em que tentei falar para Pati, que a loira montada que é a mulher do futuro chefe dela, foi quem por algum motivo, desconhecido por mim, quase me atropelou em cheio.

Fernando passa pela porta preocupado e seus olhos passeiam pelo quarto. Noto que o clima pesa imediatamente quando seus olhos cruzam com os da Patrícia, e se fosse possível sinto que faíscas de fogo imergiriam dali.

— Pelo visto a entrevista foi... interessante. — Ricardo solta com sarcasmo, e eu só consigo dar risada.

— Nada como lidar com uma pessoa mau humorada e sem um pingo de educação com uma dama. — Patrícia retruca enquanto encara Fernando.

— Nunca conheci uma dama, sem nome, aqui no meu hospital Patrícia, não contrato ninguém sem documentos e no mínimo exijo educação coisa que você também não tem... — Fernando diz.

Bufo mediante o tédio que o quarto está se tornando, quando a coisa começa a ficar mais tensa...

—Seu hospital Fernando? Até onde sei esse hospital se carrega o Memorial Nunier na faixada. Vamos pare com isso, a garota foi assaltada, precisa do emprego e além do mais, Patrícia e Anna são primas. Não custa nada ajudar os amigos não é? — Ricardo enfatiza a palavra amigos e depois sorri falsamente.

— Claro, será uma prazer senhorita Patrícia Prevato.

— Bom... eu só vim para saber se você está bem Anna, Alessa foi quem me avisou, ela estava passando por aqui para a consulta do bebê. Fiquei preocupado. — Fernando terminou o assunto anterior ingressando com esse, o que não deixou Ricardo nada confortável.

— Ah.. sua esposa é uma querida Fernando. Avise a ela que não precisa se preocupar! Como diria minha tia... Vaso ruim não quebra com facilidade! — Digo tentando o máximo não soar tão irônica.

— Então eu vou indo já que está bem. — Fernando fala e vai até a porta depois que eu e Ricardo nos despedimos agradecendo.

— Diga a Alessa, que se puder ajudar a reconhecer quem foi... eu seria eternamente grata — Digo antes que ele saia pela porta.

— Sim! Direi com certeza, até mais. — Fernando completa e sai do quarto.

Direito de Amar  ( CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora