Depois do almoço, a galera do Ernâni foi pra casa, mas Sina ficou no quiosque com o padrasto.
- Podemos conversar?- Ernâni colocou a mão nas costas de Sina.
Ela afirmou e eles sentaram em uma das poucas mesas vazias dali.
- Quer me contar alguma coisa?- ele perguntou.
- Não- ela respondeu simples.
- Você está linda hoje- ele apoiou o queixo na mão- digo, você é linda, mas hoje você está radiante.
- Obrigada Papi- ela sorriu.
- Seu sorriso é lindo filha.
Sina riu, se curvou um pouco e beijou as mãos do homem que ela considerava um pai.
- Te quiero tanto cariño (Te amo tanto meu amor)- ele disse com os olhos marejados.
- No llores Papi (Não chore pai)- ela sorriu.
- Sou uma manteiga derretida- Ernâni limpou o rosto e sorriu- a vida é bela Si!- ele levantou e beijou a cabeça de Sina- é bela como você!
Sina sorriu, olhou para a rua, esperando algum sinal do carro de Noah. Ela não queria, mas era mais forte que ela. Esperar pacientemente (ou não) a hora que veria Noah de novo, era a melhor parte do seu dia. Ela não entendia como em tão pouco tempo uma pessoa poderia ter se tornado tão especial para ela, mas as vezes as coisas não precisam de respostas.
- Eu só não quero perder de novo- ela disse para si mesma.
Deinert sabia bem como era a dor da perda, a dor subestimada, era a pior sensação possível.
Seus pensamentos foram interrompidos quando seus olhos foram cobertos por duas mãos fortes.
- Ei!- ela riu. Passou a mão pelos dedos que estavam em seu rosto e analisou os anéis dali, confirmou que era quem ela esperava.
- Essa mão de menina só uma pessoa tem- ela disse e Noah sentou na sua frente, com a boca aberta pela surpresa- Noah Urrea.
- Fique sabendo que você não me ofendeu- ele disse rindo- mulheres são incríveis!
- Quais delas?- Sina juntou as sobrancelhas.
- Conhece uma tal de Sina Deinert?- ela riu- ela parece um anjo, é perfeita- Noah se esticou um pouco e beijou a bochecha da loira- tava pensando em que?
- É...- ela abaixou a cabeça- dor.
- Quer conversar?- ele perguntou compreensivo.
[...]
Eles foram para um local afastado na praia, longe dos quiosques e dos surfistas. Sina não puxou assunto, ela estava se preparando para desabafar, e Noah respeitou perfeitamente. Parece que ele nasceu com um manual de como lidar com a Sina, mesmo nem ela sabendo lidar com sua própria cabeça. Eles estavam olhando para frente, o silêncio só não era completo por que se ouvia o som das ondas batendo na areia. Sina abaixou a cabeça e procurou a mão do garoto ao seu lado, cruzou seu indicador com o dele e voltou a olhar pra frente.
- Não me disseram que doía tanto, ninguém me avisou das decepções causadas pelos amigos- Noah olhou para Sina, ainda andando com as mãos dadas- nenhum cantor cantou sobre isso, não consegui encontrar nas músicas, nem ler os livros dedicados a narrar a mágoa que nós sentimos quando os amigos vão embora.
- Estamos falando sobre quem?
- Minha mãe, meu último namorado, os amigos que eu perdi no México...- ela disse de cabeça baixa- meu último namorado disse que nunca iria me deixar, fez promessas e mais promessas, e aí...
- Ele te traiu?
- Ele morreu- Noah arregalou os olhos e parou de andar- em um belo dia, eu decidi terminar, mas ele não gostou e foi até a minha casa, em uma moto. Ele bateu e morreu- como ela conseguia?
Noah se perguntava como Sina conseguia guardar tanta coisa sozinha. E não era pouca coisa, ou coisas bobas. A morte da mãe, a falta do pai, a leve culpa que ela sentia pela morte do ex. Eram motivos suficientes para fazer qualquer um enlouquecer.
- É um tipo de dor no peito que não te acerta feito um tsunami, é mais um câncer lento- ela continuou, puxando Noah para que voltassem a andar- do tipo que não aparece por meses e não dá sinais visíveis.
Noah sentou na areia e Sina sentou entre as pernas deles, deitando em seu peito, os dois olhando para o mar. Sina suspirou ao ser abraçada por trás.
- É uma dor aqui, uma enxaqueca ali, mas você aguenta.
- No fim da na mesma né? Câncer ou tsunami, amor ou amigo, uma perda é uma perda- Noah falou, e Sina levantou a cabeça para olhar para o garoto.
- Você me entendeu?- ele afirmou- tipo, de verdade?
- Entendi. Bem, eu não posso falar que sei o que você está sentindo, mas eu entendi o que você quis dizer.
Sina se virou e abraçou Noah, os derrubando na areia. Ele devolveu o abraço, tudo que queria era proteger seu anjo, seu amor de sempre.
- Está chorando?- ele segurou o rosto de Sina- ah anjo, não- se sentaram de novo, dessa vez frente a frente.
- Desculpa.
- Não precisa anjo, fico feliz que você confie em mim para desabafar.
Ela sorriu e o beijou, e ali, descobriu seu mais novo ponto fraco. Não era o beijo, era Noah.
- Lembra da garota da foto?- ele falou entre o beijo.
- Sério que você vai falar de outra garota agora?- ela riu.
- Posso te contar uma história?
- Noah, pode ser amanhã, é que eu preciso voltar pro quiosque.
- Mas...
- Eu juro que amanhã eu escuto sua história- Sina segurou o rosto de Urrea.
- Promete que jura?- ele suspirou e sorriu fraco.
- Prometo que juro- ela sorriu e beijou o garoto de novo.
Sina se levantou e saiu. Noah levantou e olhou para o mar.
- Não era pra ser agora, não é?- ele suspirou fundo- Si!
- Que?- ela se virou.
- Não pode ir sozinha, já está escuro- Noah correu até Sina e eles voltaram a caminhar- vai ter que me aturar alguns segundos anjo.
- Aff- eles riram- que droga- ela deitou a cabeça no ombro dele, que a abraçou de lado.
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Tenho me inspirado em um dos meus livros favoritos, estão gostando?
Acabei de perceber que o capítulo ficou pequeno😬, se quiserem posto mais um hoje...
O que acharam?
Amo vcs!
Bjos, Mary🖤🌊
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A reason
FanfictionNoah Urrea mora em Los Angeles, mas nasceu em Orange Country. Sua família se mudou para LA há alguns anos, mas a saudade tomou conta de seus corações, os obrigando a voltar à terra natal. As coisas em Orange estão diferentes, proncipalmente Huntingt...