Silêncio

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Ao acordar, Noah sentiu um cheiro bom, era o cheiro da Sina. Sentou rápido na cama, mas viu que estava sozinho, mas o cheiro de Sina estava mesmo lá. Nos lençóis e no travesseiro.

Castigo.

Como sempre, foi para a praia com a irmã tomar café com Ernâni e seus amigos.

- Seu olho tá inchado- Linsey falou parando na frente do irmão- apanhou?

"Praticamente", ele pensou.

- Ou você estava chorando?- ela se preocupou- quer me contar?

- Talvez mais tarde, agora você tem que ir, não pode se atrasar- ele passou o braço pelo ombro de sua gêmea, voltando a caminhar.

- Saiba que eu ficaria o dia inteiro com você, só voce pedir- Linsey disse e Noah beijou sua testa.

- Hey, bom dia mis hijos!- Ernâni cumprimentou todos sorrindo- sentem que eu vou servir o café.

Todos se distribuíram nas mesas dispostas ali, e Sina começou a distribuir os sucos e sanduíches.

Ela achou que não ia conseguir acordar, mas conseguiu. E não podia deixar o padrasto sozinho no quiosque, então se forçou a levantar, como ela costumava fazer antes...do Noah.

- Vai comigo hoje Si?- Josh perguntou pegando um suco da bandeja.

- Tanto faz- Sina respondeu e levou a bandeja até Noah.

Sem olhar para ela, Noah balançou a cabeça negativamente, e Sina saiu.

Aquilo doeu feito um tiro, o mais profundo, o mais doído. Noah não podia fingir que não tinha acontecido nada, mas não podia fazer diferente, não podia deixar Jake tirar a bolsa de Sina e a paz de Josh e de sua irmã. Para Sina, era como se ela tivesse caído de novo em um buraco escuro, sem fim, sem luz, sem ele...

- Que merda que tá acontecendo aqui?- Any puxou Sina pelo braço e elas se afastaram do quiosque.

- O que?- Sina suspirou.

- Você e o Noah brigaram?- ela negou- então por que vocês dois estão com cara de enterro?

- Ele só...desistiu, de mim.

- Que?

- Ele cansou Any, ele viu como eu era e cansou, você não devia estar tão surpresa- Sina riu forçado- já era de se esperar.

- Mas, tem o anjo e...- Any falou sem entender.

- Não foi suficiente!- Sina disse um pouco nervosa- já acabou, já era.

Não. Tinha alguma coisa errada ali, e Any precisava descobrir o que era. Todos adoraram ver essa nova Sina, uma Sina sorridente e animada. Ela não podia voltar ao fundo do poço.

Sina voltou ao quiosque, e Noah decidiu ir até ela. Ver a garota triste tinha acabado com ele.

- Sina- ele entrou no quiosque.

"Não me chame de Sina", ela pensou, doeu não ouvir o apelido sair da boca de Noah.

- Eu só não quero te ver mal- ele disse de cabeça baixa- acho que as coisas podem voltar a ser como eram antes de...nós.

- Não podem- ela respondeu- não podem porque eu não sei mais viver sem você, não sei passar um dia sem cheirar aquela porcaria daquele travesseiro onde tem seu perfume, não sei agir quando não te vejo aqui, ou quando a gente não se fala! Eu não lembro como era a vida sem você, porque não era nada, era só vazio!- Sina falou e saiu, sendo seguida por Noah.

- Escuta- ele segurou seu braço- você disse que estava confusa, vai ser bom...

- Vai ser bom? Bom pra quem? Eu nunca disse que estava confusa! A única certeza que eu tinha nessa vida era que eu te amo, mas agora acabou!

- Acabou o amor?

- O seu já acabou mesmo, o que adianta amar sozinha?- ela disse tentando manter sua postura fria, mas as lágrimas em seus olhos a entregavam.

- Porra anjo- Noah sussurrou dando passos pra trás- não, nunca acabou!- ele já estava chorando.

- Então me fala que aquilo que você disse ontem não era verdade- Sina se aproximou- me fala que você só estava nervoso, ou bêbado, sei lá, mas me fala que não foi verdade.

Noah olhou no fundos dos olhos claros da garota, teve que comprimir os lábios para não contar sobre a ameaça de Jake. Sina esperou, ela não queria palavras, até um beijo responderia sua pergunta, mas tudo o que ela recebeu foi silêncio.

Era isso que ela temia, o silêncio. Era a dor, era o que Sina mais sentia. Quando tudo era silêncio, a dor voltava, seus pensamentos ruins voltavam, tudo a atingia como um tiro. Noah não era silêncio, Noah era o caos, de um jeito bom, muito bom. Era isso que ela mais gostava nele, a falta de silêncio, a falta de dor. E agora, não receber mais do que silêncio como resposta, destruiu ela.

- Ok- sussurrou e começou a se afastar- ok.

- Anjo- Noah segurou o braço dela- eu preciso te contar uma coisa- Sina virou para ele, tentando segurar a imensa vontade de chorar que tinha.

Noah não conseguia, ele tinha medo. Se algo acontecesse com alguém que ele amasse ele nunca iria se perdoar.

- Me beija- ele pediu, olhou para os lados e não viu Jake- me beija anjo.

Sina sorriu fraco, ainda chorando. Ela odiava sentir o que estava sentindo, não conseguia falar não. Se aproximou e segurou o rosto de Noah, ele sorriu e segurou a mão dela, foram juntos para o ateliê.

Chegando lá Noah fechou a porta e beijou Sina, ele estava desesperado, não sabia mais viver sem ela, sem seu cheiro, sem seu beijo. Sina não sabia o que sentir, não sabia se ficava aliviada ou mais triste ainda, Noah estava brincando com ela?

- Noah- Sina parou o beijo e segurou o rosto dele, arrumando seu cabelo.

- Eu te amo anjo- ele beijou o pescoço dela, todo o rosto, enquanto a tocava, não poderia continuar com isso- eu amo tudo em você.

- Então por que você disse que não foi real?- Noah levantou a cabeça- você está mentindo em algum momento, e eu espero que tenha sido ontem.

- Você confia em mim?- ele perguntou colando sua testa com a de Sina- confia anjo?

- Eu confio, mas você precisa...

- Preciso fazer tanta coisa Si- ele fechou os olhos- mas eu preciso que você confie em mim.

Sina respondeu com um beijo, não queria perder Noah, nem que isso significasse ficar na incerteza.

Noah pegou a cintura de Sina e ela subiu em seu colo, caminhou até a mesa e colocou a garota ali encima, sem pararem o beijo.

- Você tem aula- Noah falou ofegante- não quero te atrapalhar.

- Não- Sina o abraçou pelo pescoço- quando você não está eu volto a sentir dor, por favor baby, não vá embora- ela pediu chorando.

Não tinha como Noah dizer não, mas tinha que ter. Ele não queria arriscar tudo que Jake ameaçou, então tirou Sina da mesa, mas ela não soltou seu pescoço.

- Você vai ficar bem- Noah segurou o rosto dela.

- Não vou- ela disse em um sussurro.

Noah abaixou a cabeça.

- Vai ser melhor assim, por um tempo, quem sabe.

- Melhor pra você- Sina balançou a cabeça positivamente várias vezes e depois saiu do ateliê, deixando Noah sozinho com sua dor.

- Uma perda é uma perda- ele suspirou.

Noah tinha que dar um jeito nisso.

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"O silêncio sempre foi meu grito mais alto"
O que acharam?
Amo vcs!
Bjos, Mary🖤🌊

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