Edward Narrando.
Eu estava mais que nervoso, estava a ponto de arrancar todos os meus cabelos um por um. O meu sangue fervia mas eu precisava de fazer isto, não aguento mais esconder os meus sentimentos.
Quando escrevi aquele bilhete pensei mesmo se iria seguir em frente ou se o iria atirar para as brasas da lareira, mas ao imaginar o toque suave dos seus lábios nos meus decidi que bastava de ser covarde. Ele era meu amigo desde que me lembro, mesmo que ele não correspondesse aos meus sentimentos, sei que ele sabia manter segredo... Isto é de loucos.
Depois que todos foram para os seus quartos, eu passei pelo corredor, bati duas vezes na porta do quarto do Timothée e deslizei o bilhete por baixo da mesma. Estava feito, agora não tinha mais como voltar atrás.
Segui para o meu quarto e passei horas em frente ao espelho tentando me acalmar, mas parecia que não resultava, é sabido por muitos que a homossexualidade já vem de há séculos, era suspeito que guerreiros romanos no passado mantivessem relações com os seus parceiros, em batalha isso fazia com que sentissem necessidade de se protegerem uns aos outros mas com o avançar dos anos a igreja decidiu que o amor entre dois homens era coisa do diabo. Será que Deus iria passar a odiar um dos seus filhos apenas por amar outro homem? Não faz qualquer sentido. Ele apenas devia desejar a nossa felicidade.
Mesmo que ele não deseje a minha felicidade... bem, eu desejo e estou disposto a enfrentar o mundo para passar o resto da minha vida com um sorriso no rosto.
Timothée Narrando.
Uma pessoa normal teria medo de adormecer, mas no estado em que eu me encontrava, adormecer era impossível.
Já passava um pouco das 3 horas da manhã, por isso comecei a me preparar, vesti uma camisa de linho simples, umas calças pretas e calcei umas botas de couro.
Passei um pouco do meu perfume preferido, coloquei a minha capa azul escura pelos ombros e saí do meu quarto fazendo o mínimo barulho possível. A cada corredor que eu virava esperava não encontrar ninguém, ou melhor, que ninguém me encontrasse.
Fora do palácio precisei de ter muito cuidado com os guardas... Me sentia como se estivesse a fazer algo ilegal, era entusiasmante mas também muito preocupante, se eu fosse apanhado não iria saber o que dizer para explicar o motivo de andar na rua tão tarde.
Ao seguir pelos jardins o meu coração batia cada vez mais forte, no fundo eu esperava que ele se declarasse a mim, que ele me dissesse que sentia por mim o mesmo que eu sinto por ele. Em contra partida a minha consciência dizia que isso erra errado, ele era o futuro rei de Inglaterra e um amor entre duas pessoas como nós é proibido.
Edward Narrando.
Estava tão ansioso que acabei por ir mais cedo para o jardim das rosas, queria garantir que lá estaria assim que ele chegasse.
O meu coração batia tão rápido que por momentos pensei que ele me iria saltar pela boca, ouvi passos se aproximarem e por instinto me baixei pensando que era um guarda mas quando vi a sombra de estatura média me apercebi que era o meu pequeno anjo.
- Edward? - ele perguntou sussurrando.
- Estou aqui. - falei me levantando e seguindo até ele abraçando o seu corpo.
- O que aconteceu?
- Como assim?
- Para me chamares aqui a esta hora...
- Desculpa mas eu precisava de ter a certeza que ninguém nos iria encontrar.
- Certo...
- Timothée? - chamei a sua atenção colocando o seu rosto nas suas mãos e senti a sua respiração falhar, não sei se isso era bom ou mau mas algo me dizia que ele sentiu algo naquele momento. - Eu não sei como dizer isto sem que pareça loucura, mas... O que eu estou a tentar dizer é que, eu amo-te. - no preciso momento em que eu pronunciei aquelas palavras o seu corpo voou na minha direção e os seus lábios prenderam os meus num beijo caloroso e apaixonante, passei meses a desejar o toque dos seus lábios nos meus, iria fazer valer cada momento.
Apertei o seu corpo junto ao meu e as suas pernas circularam a minha cintura. O meu coração nunca tinha sentido tantas emoções em tão pouco tempo, o seu beijo me deixava louco, louco de tesão... Louco de paixão.
- Eu também te amo Edward. - sussurrou ofegante com a sua testa encostada à minha.
- Sério? - perguntei sorridente.
- Sim, sempre amei, mas tinha medo...
- Eu também...
- Tinha medo que os meus sentimentos não fossem correspondidos, que nunca mais quisesses olhar para a minha cara mas o meu maior medo era... - ele falou pensando bem nas palavras que diria em seguida.
- Que eu os correspondesse?
- Exato.
- Mas porquê? - perguntei confuso.
- Tu és o herdeiro do trono, eu sou apenas um garoto pobre, nós somos dois homens... O nosso amor é proibido em todos os sentidos.
- Não, não vamos pensar nisso, eu passei demasiado tempo a reprimir o amor que sentia por ti, agora que sei que tenho o teu coração eu não o quero perder Timothée.
- Eu não quero que o percas, mas também não quero que abdiques da tua vida por mim.
- Por ti eu atravessava o mundo inteiro, por favor, me dá uma chance... Ninguém precisa de saber.
- E se alguém descobrir?
- Eu estou disposto a enfrentar as consequências, mas desistir está fora de questão. - falei segurando as suas mãos junto ao meu peito.
- Nós podemos tentar, mas por favor, promete não vamos correr riscos desnecessários.
- Tens a minha palavra. - falei e voltei a beijar os seus lábios, eles eram sem dúvida a coisa mais saborosa que eu já tinha provado em toda a minha vida.
Timothée Narrando
Isto devia ser um sonho, era difícil acreditar que os nossos sentimentos eram iguais. Passei tanto tempo à espera deste momento e finalmente ele tinha acontecido. Beijar alguém é uma sensação indescritível, é uma união sem palavras, é um contrato de sentimentos, uma promessa muda... Um laço eterno. Até ao dia em que eu morresse, iria me lembrar de cada detalhe do seu beijo, de como os nossos corações se uniram numa noite de primavera e de como decidimos correr juntos o risco de viver um amor que para muitos seria considerado uma desonra, para nós era apenas o desejar a outra pessoa mais do que tudo, era querer acordar ao seu lado para o resto da vida, era querer partilhar as melhores memórias... Era simplesmente amar, sem género, sem raça, sem sexualidade, era apenas um sentimento lindo que preenchia os nossos peitos. Com ele todos os meus medos desapareceram, percebi que o que era realmente importante era tê-lo ao meu lado, mesmo com todos os riscos e perigos do mundo... Isso era a única coisa que eu precisava para ser verdadeiramente feliz.
Não se esqueçam de votar e comentar ⭐️. Beijos e abraços ❤️
VOCÊ ESTÁ LENDO
Ele é meu
General FictionTimothée é um jovem sobredotado cuja família emigrou de França para o Reino unido, o seu pai se tornou guarda do palácio real e a sua mãe a estilista pessoal da rainha. Ele sentia que estava destinado a ser muito mais que um simples empregado e ansi...