Capítulo 19 - A carta

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Timothée Narrando

Segui para o refeitório e encontrei Flynn junto com os garotos conversando, por momentos era como se nada tivesse acontecido, tudo estava bem, não podíamos ter aquela conversa com John ali, uma vez que ele não sabia de nada.

A comida estava maravilhosa como sempre e a companhia também, apesar do ocorrido Flynn estava de bom humor e tanto eu como Eric estávamos surpresos.

- Este fim de semana vou visitar os meus pais. - ele falou com um sorriso sincero.

- Sério?

- Sim, acho que vai ser bom, talvez me faça abrir os olhos. - ele disse agora sorrindo forçado.

- Hey, nós somos teus amigos, o que quer que esteja a acontecer nós estamos aqui para te ajudar. - Eric falou.

- Fico agradecido por ter pessoas como vocês na minha vida mas há problemas que eu preciso de enfrentar sozinho. - ele falou olhando para mim com leve tristeza nos olhos, talvez arrependido de me ter falado do jeito que falou... não sei.

- De qualquer forma, nós estamos aqui para o que precisares. - eu falei tentando de alguma forma o confortar.

- O que é que aconteceu? - perguntou John não percebendo nada do que estávamos a falar.

- São águas passadas, nada com que tenhas de te preocupar. - falei dando duas palmadas nas suas costas.

- Se vocês o dizem. - disse levando uma colher de sopa à boca.

Depois do jantar decidimos passar um tempo no relvado a observar a noite estrelada, as pessoas diziam que o nosso destino estava escrito nas estrelas mas a verdade era que eu não percebia nada do que o céu me mostrava... talvez seja essa a simbologia, as nossas vidas são uma bagunça perfeita e brilhante no meio da escuridão... Gostaria de saber o que o destino tinha guardado para mim, mas isso estragaria muita coisa, não teria oportunidade de aprender com os meus erros, nem de sentir a adrenalina de ir ao rumo do desconhecido.

- Já pensaram na imensidão do céu? - perguntei.

- Já... - Eric falou.

- Parece não ter fim...

- Tudo tem um fim, o céu não é excepção. - John disse. - É impossível que seja infinito.

- Antigamente também se acreditava que a terra era plana, no entanto descobriram que não é... Neste mundo nada é impossível, o ser humano apenas precisa de tempo para descobrir como tornar o impossível possível. - falei e ele ficou sem resposta. - O mundo está em constante avanço, daria tudo para ver o nosso planeta daqui a 100 anos... deve ser incrível.

- Como imaginas que seja o mundo nessa altura? - perguntou Flynn.

- Essa é uma ótima pergunta, deixa cá ver... - falei fechando os meus olhos. - Eu imagino prédios altos o suficiente para tocar as nuvens, carruagens a motor, medicina avançada capaz de curar quase todas as doenças, acima de tudo eu vejo um grande desafio em cima da mãe da natureza.

- Como é que consegues imaginar coisas que não existem?

- A minha mente apenas surge com maneiras de melhorar o que já existe, não diria que imagino coisas que não existem.

- Então diz algo que não exista... A coisa mais ridícula que consigas imaginar.

- Barcos que voem.

- Já temos algo semelhante, chama-se balão de ar quente.

- São muito pequenos, eu digo algo do tamanho de navios, capazes de transportar centenas de pessoas pelo céu, que voe a velocidades astronómicas e que consiga voar de uma ponta à outra do mundo em menos de 24 horas.

- Isso sim, é um desafio.

Quando voltámos para dentro eu passei na recepção para ver se tinha chegado correio para mim, havia uma carta... Com certeza seria do Edward e eu mal podia esperar por abri-la.

Segui até à sala de convívio onde não se encontrava ninguém àquela hora, a lareira estava acesa e a luz das velas dava um ambiente muito agradável.

Me sentei na poltrona junto à fogueira e abri a carta com toda a rapidez do mundo, por algum motivo Edward não me tinha escrito nada nas últimas duas semanas e eu estava a ficar preocupado, por momentos pensei que alguém tivesse aberto a sua carta e descoberto o nosso segredo, mas ao que aparenta isso não tinha acontecido porque o pedaço de papel estava nas minhas mãos.

"Querido Timmy

Meu amor, as saudades que sinto tuas são infinitas, conto os dias, horas e minutos até que voltes para mim, quero tanto poder voltar a sentir as tuas mãos na minha pele, os teus lábios nos meus e o teu corpo junto ao meu. Tudo o que eu mais desejo é poder passar o resto dos meus dias a teu lado, poder te amar incondicionalmente e proteger-te de todo o mal. Meu anjo, não sei muito bem como te confessar isto mas os tempos que se seguem para nós serão extremamente complicados, os meus pais querem que eu me case com a princesa Alexandra da Dinamarca, eu neguei imensas vezes e o meu pai pareceu entender, mas a minha mãe insiste que eu a conheça e que lhe dê uma oportunidade. O que ela não sabe é que a única pessoa que eu amo e alguma vez irei amar és tu. Eu conheço-te melhor que alguém e sei exatamente o que vais pensar assim que leres esta carta, mas eu recuso-me a desistir de nós e não irei deixar que tu o faças. Quando voltares para Cambridge iremos discutir o nosso futuro... Juntos.

Com amor... Ed"

Eu estava completamente entorpecido, aquelas palavras não eram de todo as que eu esperava ler e agora tudo mudou, eu devia me mentalizar que mais cedo ou mais tarde isto ia acabar por acontecer, mas por algum motivo sempre me iludi ao pensar que uma vida ao seu lado estava garantida. Ele não estava disposto a desistir de nós mas eu não acredito que ele tenha outra escolha. Me custa muito admitir isto mas a verdade é que ele vai ser rei e o seu futuro já estava decidido mesmo antes de ele nascer, ele não tem outra hipótese a não ser viver a vida que lhe estava destinada.

Porque é que o meu coração tinha de o escolher? Ele é um homem magnífico e eu o amo como nunca amei ninguém mas as nossas vidas não se encaixavam uma na outra, eu era um garoto pobre e ele era um príncipe, por mais que a família real me tentasse dar uma vida melhor eu sempre teria as minhas origens... Um garoto que não tinha onde cair morto.

Nós nunca tivemos como dar certo e mesmo assim eu me deixei iludir.

Edward Narrando.

Semanas se passaram desde que mandei a ultima carta para Timmy e ainda não havia obtido uma resposta. O meu coração estava na boca desde o dia em que escrevi aquelas palavras e sinceramente estou arrependido de lhe ter confessado tudo. Por esta altura ele devia estar a chorar e eu não estava lá para o consolar, ele certamente havia pensado em desistir do nosso amor mas eu nunca vou deixar que isso aconteça. Não me irei casar com princesa nenhuma e se for preciso me recuso a ser rei também, não irei viver infeliz para o resto da vida... Isso é certo.

Como disse, por ele eu vou até ao fim do mundo.

Oiiiii, como estão amores? Espero que estejam bem e que tenham gostado do capítulo, não se esqueçam de votar⭐️ e comentar💭. Beijos e abraços ❤️

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