Timothée Narrando.
- Somos a capa de todos os jornais da cidade. - Edward disse fechando a porta do seu escritório. Por esta altura já tínhamos voltado para o palácio.
- Como é que isto foi acontecer?
- Não sei, sinceramente eu não sei. O que vamos fazer?
- Como assim?
- Estás disposto a assumir a nossa relação ou vamos continuar a mentir? - ele perguntou mas eu não sabia o que responder, eu estava entre a espada e a parede. - PORRA, RESPONDE-ME. - Ele gritou esmurrando a mesa. - Vamos continuar assim? É isso que tu queres? Se for peço que me informes, porque eu estou disposto a enfrentar o problema... mas não sozinho. - ele falou e vi uma lágrima de raiva descer pela sua bochecha.
- Gostava de te poder dizer que estou pronto mas a verdade é que não estou, nós podemos perder tudo... TUDO!
- TU ÉS TUDO PARA MIM! Não consegues ver isso? Eu não me importo de perder o trono, não me importo de perder o meu lugar neste palácio... Desde que estivesses ao meu lado eu podia perder o que fosse, mas perder-te a ti, nunca.
- Eu amo-te, desculpa-me. - falei me aproximando dele e colocando as minhas mãos no seu rosto. Ele limpou as minhas lágrimas e eu limpei as suas. Todo o meu corpo tremia e eu não sabia o que fazer.
- Edward, finalmente encontrei-vos. - Albert disse entrando com tudo e ofegante no escritório.
- O que aconteceu pai?
- Vocês precisam de sair imediatamente deste país.
- O quê? - Edward perguntou.
- Porquê? - eu perguntei em seguida.
- O povo, eles estão a preparar uma revolução.
- Mas como? As autoridades não fazem nada?
- Edward, até as autoridades querem as vossas cabeças numa estaca de madeira, a Dina veio agora da cidade e ficou aterrorizada com o que viu... pessoas revoltadas em todas as ruas, homens a preparar as suas armas. Vocês precisam de sair daqui antes que eles cerquem o palácio. - ele disse enquanto caminhava rapidamente pelos corredores. - Eu já pedi à Dina e à mãe de Timothée para arrumar os vossos pertences o mais rápido possível.
- Pai, qual é o plano? - Edward perguntou enquanto o seguíamos.
- O Flynn, o Eric e os pais de Timothée irão convosco, o Flynn vai estar nas traseiras com a carruagem à vossa espera. Eu irei sair na carruagem real para despistar os manifestantes.
- Para onde é que nós vamos? - Eu perguntei correndo junto com eles pelos corredores que se encontravam vazios.
- Para a China, India, não sei, para onde ninguém os conheça. Eu irei vender a a casa de Timothée e irei vos enviar dinheiro todos os meses. - ele falou abrindo a porta do seu quarto e a trancando após entrar-mos.
- Nós não conhecemos a língua, nem a cultura. - eu falei.
- Eu conheço. - Edward falou me surpreendendo. - Estudei mandarim durante toda a minha infância, estou um pouco enferrujado mas ainda sei o suficiente para nos ajudar.
- Eu mandei a Dina colocar os livros de mandarim dentro de uma das tuas malas Timothée.
- Obrigado.
Edward Narrando
Ainda não tinha caído a ficha de que o meu povo me tinha virado as costas quando eu fiz de tudo por eles. Isto só mostra o quanto as pessoas podem ser ingratas e cruéis.
A carruagem estava prestes a partir, iríamos sair pelo portão das traseiras enquanto o meu pai seguia na carruagem real pelo portão lateral. Dina iria se infiltrar na manifestação e tentar concentrar toda a atenção dos manifestantes na carruagem do meu pai.
Assim que os pais de Timothée entraram na carruagem Flynn fez com que os cavalos começassem a andar.
Todos rezávamos para que conseguíssemos sair chegar ao porto em segurança, iríamos seguir até ao norte de França num barco de pequena dimensão e lá iríamos comprar uma nova carruagem. O condutor do barco iria ficar com a nossa carruagem e com os cavalos em troca da viagem.
Ao entrar dentro do barco eu só pensava numa coisa, Timothée, ele estava tão assustado e o seu medo era algo que se podia sentir no ar, ele olhava para mim e eu, apesar de tudo, me sentia sortudo, sortudo por o ter ao meu lado depois de tudo o que passámos juntos. O momento chegou, o momento de partir e deixar todas as memórias para trás, iríamos construir uma vida nova, uma vida num lugar onde ninguém nos conhecia e onde ninguém dependia de nós.
Confesso que deixar tudo para trás me fez sentir leve, agora eu não era mais o rei de Inglaterra, era apenas um homem rico, casado com o homem que eu amo e livre para fazer o que eu quisesse. Iria ser um novo começo e eu estava ansioso pelo que a vida tinha guardado para nós.
Timothée Narrando.
Confesso que após sair do território inglês comecei a ficar mais calmo, já não havia risco de alguém nos encontrar e nos matar em praça pública. Agora eu apenas olhava para o futuro com esperança, esperança de uma vida feliz ao lado de Edward, ao lado dos meus pais e dos meus amigos mais queridos no mundo inteiro. Sei que iremos conseguir dar a volta por cima, somos pessoas inteligentes e temos alguma fortuna connosco, escondida dentro de bolsos secretos nos nossos casacos, nas solas dos nossos sapatos e em fundos falsos dos nossos malões. De alguma forma eu estava determinado a me tornar um homem de negócios e não voltar a depender de Inglaterra, não queria o dinheiro do pai de Edward pois esse era dinheiro de um povo que já não me pertence.
Este era o momento... o momento de ser feliz.
Capítulo curto, eu sei, mas foi propositado pois a fic está chegando ao fim, próximo capítulo será um bónus, pois oficialmente este é o último capítulo. Espero que tenham gostado e não se esqueçam de votar e comentar pois isso é muito importante para mim. Beijos e abraços 🤗 😘 .
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Ele é meu
Ficción GeneralTimothée é um jovem sobredotado cuja família emigrou de França para o Reino unido, o seu pai se tornou guarda do palácio real e a sua mãe a estilista pessoal da rainha. Ele sentia que estava destinado a ser muito mais que um simples empregado e ansi...