Capítulo 25

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Meus dedos deslizaram pela maçaneta, a girando e empurrando a porta, a única coisa que eu consegui pensar era "E se ela agir como se não se importasse?". Eu sei, fiquei o tempo todo esperando por isso e tinha milhões de motivos para confirmar essa hipótese, mas mesmo assim, era capaz de morrer me perguntando isso.

Ergui a cabeça, sentindo meu coração brincar de pula-pula no meu peito, porra, por que a angustia tomava conta de mim? Eu devia estar tranquila, em busca de respostas e depois disso deletar Diana da minha vida, mas eu sinto que isso não vai ser possível.

- Olá, Isabella - ouvi a voz que não ouvia há anos.

E pronto, tudo estava feito no momento em que ergui meus olhos e encarei a mulher sentada na cadeira, rodeada de papeis, queria dar meia-volta e fingir que era órfã, queria sair dali o mais rápido possível e nunca mais olhar na cara de ninguém que tenha alguma coisa com Diana, mas eu tinha que ficar ali, por que eu precisava daquilo, ao mesmo tempo que a vontade de sair correndo me envolvia, a fome por respostas me possuía.

- Diana - finalmente abri a boca para falar algo.

Ela acenou com a cabeça, fazendo um gesto para me sentar, avancei com os barulhos dos saltos até a cadeira, de corou e me sentei, cruzei as pernas e a encarei, encarei seus olhos. O verde agora não era mais o mesmo, sempre estive acostumada a vê-los com uma enorme tristeza, carregados de angustia e desespero, mas agora eles pareciam vivos, não alegres, mas radiantes.

- Bom, Isabella, imagino que você tenha encontrado Anne e ela tenha de dado a arma - começou a falar - Eu não vou enrolar com você, quero ir direto ao assunto.

Aquilo era mesmo a minha mãe? A pessoa que um dia afagou meus cabelos me deixou chorar em seu colo? Aquela pessoa que me fazia sorrir quando era criança? Seus cabelos tinham uma nova cor, seu rosto parecia menos cansado, tinha seguranças que a rodeavam e esse escritório que provavelmente tinha o triplo valor que meu apartamento, aliás, como é possível ter uma coisa assim nos fundos de uma boate?

Ela realmente havia mudado.

- Anne me deu uma arma, por que porra ela me deu uma arma? - Disse, sem em preocupar com o assunto tão sério.

Se Diana iria me tratar como uma negociante, eu a trataria como uma desconhecida. Não deixaria que toda essa postura me assustasse, eu estava atrás de resposta e ninguém me impediria de consegui-las.

- Por que você vai precisar dela.

- Para que? Para servir de prova quando a policia for me procurar? - Diana abriu um sorriso irônico.

A porra de um sorriso irônico, que fez minha raiva aumentar alguns níveis.

- Fiquei sabendo que Paul está atrás de você.

- Vocês ainda não cortaram os laços? - perguntei sarcástica.

Ela olhou para baixo, balançando a cabeça negativamente.

- Paul é o homem que eu mais desejo que queime no inferno, e vou o mandar para lá com as minhas próprias mãos - u-a-u - Mas você não vai entender nada se não me deixar explicar, e tenho certeza que no final a proposta que eu tenho para lhe fazer vai ser do seu interesse.

Proposta? Ela queria mesmo me fazer uma proposta? Passa a porra de seis anos sem aparecer na vida de ninguém e depois quer fazer proposta?

- Espero que tenha um bom motivo para ter desaparecido durante todo esse tempo.

- E eu tenho, agora será que vai me deixar contar? - assinto, a deixando continuar - Quando seu pai for preso, a única que manteve contato com ele fui eu, durante dois anos, eu saia anoite para resolver os problemas dele, até que um dia eu me cansei disso e disse para ele que não faria mais nada, ele teria que se virar sozinho, então ele começou a me perseguir, mandava seus homens atrás de mim e eles me batiam, alguns me violentavam e outros apenas me ameaçavam - engoli seco, forçando minha mente a deixar de lado todas as lembranças que vieram - Eu tinha um amigo, ele se chamava John, acho que era única pessoa que realmente me entendia, um dia nós passamos a noite juntos e um mês depois eu descobri que estava grávida de Abby, no dia seguinte eu recebi uma encomenda, dentro de uma caixa amarela e brilhante estava a mão de John, junto com o nosso anel que ele tínhamos para nunca esquecermos um do outro, foi Paul que mandou matá-lo - sua voz era transparente, não havia nenhum tipo de emoção nela - Foi nessa época que eu procurei pessoas para me ajudar a forjar minha morte, eu precisava proteger Abby e vocês ficariam melhor se não tivessem nenhuma relação comigo.

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