Cathy Horyn|Capítulo 6

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Nosso tempo em solo real durou pouco. Mas pareceu anos. Dessa vez, eu estava pronta para o voo. Não dormi. A memória pulsante, no amplo sentido, do beijo, não permitiu essa feitoria. Descer para o saguão do hotel e desenhar peças, pareceu mais interessante. E de fato é. Qualquer atividade que me tire das lembranças dos lábios finos, macios e atrevidos de Andreas é um bom negócio.

Falando nele, ele surgiu no espaço. Lindo e despojado como sempre. Perco o ar. Mas só foi um beijo e vou além, ele é meu chefe.

Isso de "é meu chefe" já esta ficando repetitivo, não é? Mas é só um mantra, é tipo um "..e não nos deixes cair em tentações"

—Vejo que madrugou, Jackson—ele brinca. Sorrindo.

—você me traumatizou, senhor Sachs.—digo em um fio.

—Fico feliz por ser responsável por essa evolução. Vamos? —ele mostra o caminho da saída.

Resultamos no agora. Estamos confinados no avião a caminho de Paris. Meu sonho de princesa. Infelizmente, não é para visitar ateliês. Temos reuniões.

Devo destacar que a viagem está insuportável. Andreas está me ignorando. Nem olha em meu rosto. Seu rosto só falta fundir com uma tropa de papéis.

Por prevenção, anti-tédio, eu trouxe mais papeis e uma caneta descente para criar modelos que com toda certeza um dia as materializarei

—desenhando casinhas de novo, Jackson?—seu tom o zombeteiro.

Reviro os olhos. Ele seria um modelo perfeito. Facilmente eu imagino sendo o principal de um desfile meu.

—Tenho que fazer algo de útil. Já que sou ignorada—retruco acertando os detalhes de um vestido de gala.

O vestido para o baile da Vogue, em linhas sereia, para valorizar o quadril de quem o usar, um decote discreto com detalhes sutis a serem bordados na mão.

Andreas ri da minha resposta e volta a atenção para os papeis, isso perdura até o momento que a funcionaria de bordo avisa que chegamos ao nosso destino. Ao descer no aeroporto, Andreas parte na frente segurando as malas, e eu atrás correndo como um cãozinho adestrado. O saguão lotado de pessoas e o clima francês de certo é diferenciado. O pais cheira a negócios, a elegância. É possível ver vários homens vestidos em ternos caríssimos esbanjando arrogância.

Um homem segura uma plaquinha algo como "Sachs empreendimento" não prestei muita atenção. Não me julgue, acho isso o cumulo. Foi preferível eu prestar atenção nas roupas das pessoas que ali circulavam.

O motorista nos arrastou até um hotel. Le Metropolitan para ser mais precisa.

—Andreas Sachs.—mais uma vez, lá vamos nós.

Basta um nome e magica acontece, o atendimento melhora.

—Seja bem-vindo, Senhor Sachs. Nosso hotel se sente lisonjeado em hospedá-lo. Suíte presidencial pronta. —a moça com um inglês impecável sorri amigavelmente.

—Obrigado. E o quarto da senhorita Jackson?—ele indaga tirando a atenção da merda do celular.

Andreas realmente está seguindo o código do CEO filho da puta.

—Desculpe-me senhor. Mas só há essa reserva. —a moça diz após checar no computador.

—Deve haver algum engano. Pedi dois quartos.

—Não, senhor. Não há.—a moça reafirma.

—Então providencie.—ele diz se alterando.

Ele é louco? Como ele fala assim com a moça? A mulher foi mais inteligente e chamou a gerente. De certo, já acostumada com essa raça. A gerente veio e explicou tudo de novo. Pareceu-me patética toda essa cena. Mais ridícula tornou-se após a pose que Andreas fez. Adquiriu a pose de homem de negócios.

Um Romance Endividado {CONCLUÍDO}Onde histórias criam vida. Descubra agora