O dia do casamento de Bri chegou. Um sábado ensolarado em Nova York. Desde segunda feira não falo com Andreas, seria ele o meu acompanhante.
Ele bloqueou os meus cartões. Otário. Assim que sai da Sachs passei na loja e não pude levar nadinha. Chorei a noite inteira, no outro dia foi a minha primeira reunião. Me senti em um AA. Eu não sou viciada. Não TCC (Transtorno do Comprar Compulsivo) como a psicóloga do grupo me disse. Acontece que tenho problemas que só as lojas me entendem. Talvez, eu tenha um grau de esquizofrenia, porque escuto e vejo os manequins conversar comigo. Mas nada demais. A conversa que eu tive com aquela louca ainda vive na minha cabeça.
—Quando começou a comprar Megan?
—Desde que eu nasci. Sempre amei. E não tem problema nenhum nisso.—cruzo as pernas incomodada.
—Certamente que não. Mas a partir de que momento você passou a comprar mais do que o necessário?
—Eu não compro mais do que o necessário—replico—tudo que eu compro é extremamente necessário e me fazem melhor.
—Ok, então por que você compra?
—Eu compro porque me faz bem. Gosto de me ver bem vestida, de ser entendida pelas roupas. Sabe aquele orgasmo duplo? Ele vem quando eu compro. Eu tive um esses dias quando comprei um casaco Burberry.—sorri de molar a molar
—Conte-me mais. Por que você comprou?—A psicóloga parece que se interessou
—Eu estava triste porque Andreas pediu a Vara-pau em casamento. Ai quando eu saí da empresa, na loja da quinta avenida, a manequim disse que não era para eu ficar triste porque aquela peça ficaria linda em mim. E ela estava certa!! O Marrom do couro do casaco valorizou o meu loiro—sorrio.
—o manequim falou com você?—anuo, duvidando se foi bom eu dar essa informação—como foi sua infância?
—Não venha com esse papo de que todos os nossos problemas da fase adulta estão na infância. Esse papo não cola, não sou uma criança traumatizada, tampouco minha criança interior está ferida. Estou bem, vim para Nova York trabalhar com moda, ainda não consegui, fui noiva de um cara que me traiu, trabalho na Sachs e sou apaixonada pelo meu chefe.—dou de ombros.
—Entendi. Você não associa o que você é, hoje, à sua infância.—ela aperta os olhos—Você disse que o manequim fala com você, quando isso começou?
—No dia que descobri que Bryce me trocou pela vaca da Selena.
—E esse Bryce, é o seu ex noivo?—aceno que sim—Muito bem, lembra de algum período ou dia que deixou de comprar?
—Não. Na verdade, quando comecei a ser amiga de Andreas e ele ser o meu P.A isso diminuiu.
—Sabe quantas peças tem?—nego.—sente culpa?
—As vezes, foi por esse motivo que minha melhor amiga me deixou, ela vai se casar esse final de semana
—Está endividada?
—Eu vivo um romance endividado. Me apaixonei pelo cara que eu devo, que me obrigou a estar aqui e é o meu chefe—sorrio segurando as lágrimas.
Conversei sobre mais trocentas coisas, da mentira para meu pai ao que Celeste representa para mim para ouvir
—Megan, você tem TCC, não precisamos de mais uma sessão para ver isso. O transtorno é de cunho emocional pelo seu medo de abandono, da rejeição. E você associa a ação de comprar como uma válvula, tem a ideia de que por se vestir bem, a pessoa não vai te rejeitar.
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Um Romance Endividado {CONCLUÍDO}
RomanceNew adult, humor, comédia romântica. Megan Jackson é a típica jovem aspirante. Destemida e daquelas que entram de cabeça com sua intensidade quando acredita em algo. Movida pelo seu grande sonho de trabalhar com moda, após se formar em Stanford em A...