Filha da Anarquia

14. Esclarecimentos.

POV's Rafaella.

– Farei isso – ela falou e seu semblante mudou um pouco – mas agora, falando sobre o outro assunto que tenho para tratar com você, está na hora de você saber algumas coisas que ainda não lhe foram ditas, Rafaella.

– Certo, estou começando a ficar preocupada – falei enquanto brincava com o anel em meu dedo – sobre o que deseja falar?

– Não é necessário se preocupar – Afrodite falou tranquila – apenas preciso contar alguns detalhes que não são de seu conhecimento, mas que são necessários para que você possa entender o seu destino.

– Agora eu consegui ficar um pouco mais nervosa – falei sorrindo e ela fez o mesmo – mas tudo bem, pode falar.

– É de conhecimento de todos que eons atrás, eu e Ares tivemos um envolvimento, certo? – ela perguntou e eu concordei – o que ninguém sabe, é a forma como tudo aconteceu, e principalmente como tudo acabou – Afrodite suspirou antes de continuar – Assim que cheguei ao Olimpo, alguns dos deuses me desejaram, o que acabou gerando algumas brigas, e para por um fim nisso, Zeus decidiu me casar com Hefesto. Pouco tempo depois, eu comecei a me aproximar de Ares, e claro, um amor nasceu de tudo isso.

– Você realmente chegou a amar Ares? – perguntei.

– Sim – esboçou um pequeno sorriso – parecia estranho no começo, a deusa do amor e o deus da guerra, totalmente opostos, mas quando estávamos juntos, éramos um complemento perfeito sabe. Eu realmente o amava, e eu sabia que ele sentia o mesmo, era a coisa mais intensa que ele já tinha conseguido sentir por alguém, e por mais que ele jamais admitisse, eu era capaz de sentir isso.

– O que deu errado? – eu tinha medo do rumo daquela conversa, mas a curiosidade era maior.

– Eu ainda era casada com Hefesto, e ele acabou descobrindo tudo e as coisas só pioraram. Ares e Hefesto começaram a viver em uma espécie de guerra fria, e por muito pouco, as coisas não tomaram proporções maiores. Mas Zeus tinha outras preocupações naquele momento, afinal, os mortais pareciam estar perdendo a fé em nós, e restaurar essa fé era o mais importante naquele momento – o olhar de Afrodite sobre mim era intenso, o que me causava arrepios – então, para estabelecer a paz olimpiana, Zeus decretou que eu e Ares estávamos proibidos de ficarmos juntos.

– E Ares, ele não lutou por você? – perguntei.

– Ele tentou. No primeiro momento, ele não disse nada, apenas deixou sua ira se sobressair sobre suas ações, mas, depois ele disse que se fosse preciso ele iria enfrentar o próprio Zeus para continuar comigo, mas eu o impedi – ela falava mas parecia perdida em pensamentos.

– Por quê? Vocês se amavam! – eu simplesmente não conseguia compreender.

– Eu amava Ares, mas sabia que minha prioridade como uma deusa era cuidar dos mortais – ela suspirou – eu não via futuro em meu relacionamento com Ares, afinal, eu me magoei várias vezes com ele. Então ficou decidido que ele se casaria com outra deusa, o que acabou não acontecendo, e eu permaneceria com Hefesto.

– Entendo, e ao mesmo tempo, não – eu disse.

– Um amor igual ao meu e o de Ares não poderia simplesmente ser esquecido, filha. Eu havia entregue o meu coração para ele – o olhar de Afrodite era indecifrável – esse amor precisaria ser vivido, senão por mim, por outras pessoas. É um amor divino.

– Não... – não passou de um sussurro, mas em minha mente era um grito que se repetia, quase um mantra de negação.

– Zeus estabeleceu que seria missão das parcas definir a quem esse amor seria destinado – ela prosseguiu – e eons se passaram e nada acontecia. Conheci Atena, e mais uma vez entreguei meu coração para alguém. Você foi fruto de uma união que aconteceu na segunda vez que entreguei meu coração para alguém, e por ironia das parcas, nasceu para viver o amor que eu não vivi na minha primeira entrega.