30. Cloto, Décima, Morta

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POV's Narrador.

O tempo que passou já não importa.

Quando Zeus, o senhor dos céus, designou as três irmãs, Cloto, Décima e Morta, para decidir quem viveria um amor divino, elas souberam de cara que aquela não seria uma tarefa simples.

O amor entre Ares e Afrodite poderia muito bem ser descrito como a melhor representação de dualismo entre amor e ódio. Justamente por ser um amor baseado em tamanha complexidade, não poderia ser vivido por qualquer pessoa, e as parcas sabiam muito bem disso.

Eons se passaram até que Cloto tomou sua decisão. Ao tecer o fio da vida de Bianca, ainda no útero de sua mãe, decidiu que aquela seria a alma destinada a viver tão intenso e poderoso amor, e o mesmo aconteceu com Rafaella, quando essa nasceu de Atena.

Décima, que cuida da extensão do fio, desde o nascimento até o último suspiro de vida, sabia que as duas mulheres passariam por momentos tortuosos, mas conseguiriam mergulhar nas profundas ondas de felicidade que aquele amor traria.

Morta, também cumpriu o seu papel. Mas não a julguem, e principalmente, não temam, afinal, ela não cumpre um papel de vilã, apenas representa a outra extensão do fio, o fim da vida terrena.

Bianca estava nesse exato momento parada próximo aos portões dos campos Elísios, ela sabia que o momento que ela tanto aguardava estava prestes a acontecer. Não se pode dizer exatamente por quanto tempo ela esperou, afinal, o tempo ali era uma coisa que nunca mais iria importar, a única coisa da qual sabia, era que sua alma esperava ansiosa para reencontrar aquela que a completava.

Saindo do grande palácio onde havia passado por seu julgamento, Rafaella agora caminhava em direção aos campos Elísios, ela estava ansiosa para reencontrar Bianca, afinal, para ela o tempo havia passado dolorosamente, marcando em seu coração cada dia dos seis longos meses que a separaram da mulher amava.

Não demorou muito para que Rafaella reconhecesse de longe a alma que tanto a encantava, e que acima de tudo, a completava. O sorriso era enorme no rosto de ambas, elas finalmente tinham conquistado a felicidade eterna que tanto desejavam.

– Tu demorou, vida – Bianca falou assim que Rafaella se aproximou – eu não sei quanto tempo se passou, mas eu senti tua falta.

– Eu também senti tanto a sua falta, meu amor – as almas finalmente se encontraram – eu passei seis longos meses esperando para estar ao teu lado.

– E como ficaram as coisas por lá depois que eu parti? – Bianca perguntou sorrindo – sentiram a minha falta?

– Todos os dias, a cada segundo – Rafaella respondeu também sentindo – Marcela sente muito a sua falta, e Fernando eu não preciso nem dizer, não é?

– Nossa conexão era tão intensa – a voz da carioca exala nostalgia – você sempre foi mais próxima a Marcela, enquanto Fernando me acompanhava em tudo.

– Desde o nascimento deles, eu sempre falei que ele era uma versão menor sua – Rafaella falou sorrindo.

Marcela e Fernando, os gêmeos gerados por Rafaella, nasceram dois anos após o casamento das mulheres. Eles pareciam bastante com a filha das duas deusas, mas os olhos de Fernando e sua genialidade era puramente da filha de Ares, e talvez por isso, eles tinham uma ligação tão intensa. Já Marcela, que carregava o nome de uma pessoa cheia de significado na vida das mulheres, era uma cópia fiel de Rafaella, desde a sua aparência até a sua personalidade.

Amor foi uma coisa que nunca faltou nessa família, até o último dia de sua vida, Bianca os amou de uma forma que ela achava ser humanamente impossível. Foram anos incríveis ao lado da mulher e dos filhos

Filha da AnarquiaOnde histórias criam vida. Descubra agora