Opposite Sides - Sprousehart

Chapter 8 - Lili

Sai mais cedo de casa hoje. Camila ainda estava dormindo resolvi não acorda-la, parece até um anjinho dormindo, mas fala demais acordada, cada um tem a melhor amiga que merece.

Assim que entro pela porta da faculdade, o grupo de jogadores novamente passa por mim – parece que eles sempre estão em todo lugar –  e mais um dia que sinto falta do Cole. É apenas a curiosidade falando alto, repasso mentalmente. Afasto esses pensamentos e corro até a
aula para pegar uma cadeira na primeira fileira.

O dia na faculdade passa como qualquer outro, almoço com a Camila e tenho que ficar até mais tarde hoje por ter uma aula importante que passou para a noite.

***

Já estou saindo da aula sobre tecidos com uma das melhores professoras da universidade – ainda bem que ainda tinha vaga com ela quando entrei – quando ela me chama. Paro subitamente com meus materiais em mãos e me viro, coloco a mão sobre meu peito perguntando se sou eu mesmo.

— Sim, você, querida. Venha até aqui – Sra. Suzane posiciona seus óculos na ponta do fino e pontudo nariz. Reparando bem em seu rosto, não é uma mulher velha, mas os traços de cansaço são bem marcados.

— Lili, você é realmente uma aluna que vem se destacando muito ao longo de todos os semestres. Tanto dentro de sala de aula, como fora, é um exemplo de aluna. Gostei muito da sua coleção passada, as roupas que você produziu eram simplesmente incríveis e como você sabe, tenho muitos contatos. Por isso, quando uma grande revista entrou em contato comigo procurando por algum aluno destaque para ser lançados por eles, você foi a primeira pessoa que me veio à cabeça. Acompanho seu esforço e dedicação e sei o quanto você merece. O que acha de apresentar suas roupas para o mundo num desfile e ainda ter duas páginas dedicadas ao seu trabalho na Marie Claire? – Meu coração está errando as batidas ou eu estou morrendo?

Minha mãe antes do meu nascimento era modelo, ela desfilava para as marcas mais caras daquela época. E eu herdei essa paixão por moda dela, mas não em estar em cima de uma passarela e sim, nos bastidores. Desde pequena eu passava o dia desenhando vestidos e muito mais, então isso, com certeza, é um sonho para mim.

— Com certeza, meu Deus! Claro que sim, muito obrigada! – Disse tão rápido e esbaforida de emoção que acho que nem eu mesma ouvi direito, mas pela sua expressão ela entendeu que eu aceitei o pedido. Seu sorriso se alargou, ela ficou feliz pela minha felicidade.

— Tem um porém, querida. Eles disseram que só vão fechar o contrato caso você desfile também. Os agentes disseram que conheceram sua mãe e acham que você tem capacidade de ser como ela, principalmente pelos traços idênticos. Foi uma perda trágica uma modelo como ela, talentosa. Eu sinto muito – diz ela diminuindo o volume de sua voz gradativamente.

Sempre tem um porém, é como se tivessem me dado um tiro no peito. Estar em cima da passarela nunca foi uma opção, sempre fui muito tímida para ter tantos holofotes em cima de mim. Minhas roupas poderiam ser exibidas o quanto quisessem, contato que eu só tenha que assinar embaixo que aquele produção é minha. Meu pavor de palco me permitiria? Eu perderia uma oportunidade dessas por causa do medo?

Não, de jeito nenhum. Agarraria isso com unhas e dentes. Enquanto eu estava em meu dilema interno a professora me olhava atentamente, um pouco apreensiva.

— Tudo bem, mesmo assim – Digo por fim e ela respira aliviada.

— Por um segundo achei que você fosse deixar a oportunidade passar, mas creio em quanto é inteligente e sabe o que é melhor para você. Estou animada pelo seu sucesso – Sra. Suzane me dá um singelos abraço profissional.

— Muito obrigada pela oportunidade, Sra. Suzane! – Dito isso, saio praticamente correndo da sala.

— Cami, eu preciso te contar uma coisa urgente! – digo emocionada assim que ela atende o telefone.