Chapter 5 - Cole

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Assim que Lili saiu do meu quarto, pensei em ir atrás dela, mas lembro que, por incrível que pareça, a garota levou o livro que eu dei a ela isso me dá um bom motivo para vê-la novamente depois.

O time estava todo reunido no café conhecido da faculdade, quando meu celular toca alto em cima da mesa, mas todos estavam animados demais falando da temporada para prestar atenção. É o Jordan, caminho rapidamente até o lado de fora da lanchonete para atender.

— E aí, cara, quanto tempo! – falo animadamente assim que atendo.

— Caralho, finalmente tá com voz de homem, achava que não tinha salvação – Ele dá uma gargalhada zoando com a minha cara e eu não consigo não acompanha-lo na risada. Por mais que eu tente negar, senti falta de uma risada familiar. — Realmente, faz muito tempo, desde que seu pai... – sua voz se torna melancólica — Desde que ele foi assassinado – ao ouvir aquelas palavras, sinto um peso em meu coração, me pergunto quando eu falarei sobre ele com facilidade, naturalidade e sem sentir essa dor dilacerante.

Meu pai era o melhor, mesmo com seus altos e baixos, sinto sua falta, dos conselhos sobre garotas, com certeza ele sabia muito sobre garotas.

— Então, man, eu te liguei mesmo pra falar que nós queremos ter uma reunião com você pra falar sobre uns assuntos...sérios. – ele engasga, como se tivesse medo da minha reação.

Os Serpentes do sul quererem me ver é algo que eu não sei se já estou preparado, evito isso desde que meu pai morreu. Ele era o líder, ou como eles dizem 'O rei dos Serpentes' e pelo sistema de hierarquia eu serei o próximo. Minhas mãos suam só de imaginar que não estou nem um pouco preparado para ser um "rei serpente", o meu negócio sempre foi o futebol. 

— Eu já falei que não quero ser o líder dos Serpentes, isso não é pra mim –  digo ríspido, já querendo cortar o assunto complicado.

— Dessa vez é uma coisa diferente, os caras aqui estão dizendo que se você não vir, você vai estar desonrando seu pai.

— Puta merda, Jordan, falar da honra do meu pai é jogo baixo... – digo nervoso, passando a mão pelos cabelos.

— Você sabe que tem muita gente de olho nesse trono – Ele fala de maneira sombria, quase sussurrando.

Respiro profundamente tentando pensar por um segundo na merda que estou fazendo.

— Tudo bem, eu vou. Mas vai ser num bate e volta porque eu tenho treino e não posso faltar, tão rápido quanto os banhos do Drew.

— Hahaha Sprouse muito engraçado – ouço uma voz gritando ironicamente de fundo, e eu e o Jordan rimos.

— Preciso ir, até mais tarde – Digo rapidamente quando vejo que os meus amigos de time já estão se organizando para deixar a lanchonete e ir pro treino.

Assim que o time chega na arena, Charles vem falar comigo.

— Então cara, eu queria saber se você tem certeza mesmo de que não quer ficar com a Camila, amiga da loirinha. – diz ele preocupado. Sinceramente, Camila não faz o meu tipo, eu quero é a amiga dela. E que papo todo é esse do Charles?

— O que? Não, cara, ela é toda sua, tô de olho na outra. E que papo todo é esse? Você nunca veio ter "certeza" de nada, a gente só pega e pronto, lembra? – Minha feição é sugestiva, será que estamos perdendo um soldado?

— Ainda Lili Reinhart? Achava que você tinha se tocado e metido o pé. Já disse pra desencanar, até o ex dela ainda corre atrás da menina, o cara fica plantado em frente à porta do alojamento à noite inteira e ela não abre, coração de gelo – Quer dizer que Lili já namorou, quem será o trouxa?

— Esse cara aí é muito trouxa, eu nunca ficaria plantado na frente da porta de uma garota esperando uma migalha – Charles dá de ombros.

— Você não subestime um homem apaixonado – diz ele certo de si.

— Você tá muito marica esses dias, falando de paixão, Camila pra cá, Camila pra lá. A chave de boceta foi forte – Dou uns tapinhas em seu braço como "consolo" e ele me olha feio.

— As mocinhas vão ficar aí de papo?! – O treinador grita, apitando naquele apito desgraçado chamando nossa atenção. Termino de me equipar e corro para o treino de hoje antes que Elijah Butter me deixe de fora.

O treino acabou mais tarde do que o esperado, então quando cheguei em casa só fiz jogar o necessário dentro da bolsa e uma muda de roupas. Não ficaria muito tempo fora mesmo. Coloco a mochila por cima do ombro e desço as escadas. Kj está na sala esparramado no sofá.

— Onde vai essa hora? – Pergunta Kj pausando o filme e olhando com a testa franzida para a minha direção.

— Vou em Riverdale resolver umas coisas, chego aqui amanhã à tarde – Pego a chave da moto no chaveiro.

— Não se atrasa para o treino de amanhã. Treinador Butter disse que seria importante e se alguém se atrasasse estaria cortado do time – Reviro os olhos.

— Treinador Butter tá sempre falando mais que a boca. Não vou me atrasar, relaxa. – digo calmo

A estrada estava tranquila, nada de emocionante além da minha presença na moto. Dirigia acima da velocidade permitida, mas foda-se, eu só queria chegar logo lá para acabar com tudo isso. Quando passei pela antiga placa escrita "Riverdale", meu coração deu um salto. A ultima vez que estive aqui foi para o enterro do meu pai, não são boas lembranças.

Estaciono em frente a minha antiga casa, um trailer localizado no parque de trailers dos serpentes. É aqui que a maioria dos serpentes moram.

O ar dessa cidade é diferente do de Nova Iorque. E eu de repente volto a ser o antigo Cole Sprouse, como se nunca tivesse saído de Riverdale.

Entrar naquele trailer e ver tudo como meu pai deixou, a touca abandonada em cima da mesa de madeira, meu antigo quarto, a antiga sala com a minúscula televisão, os móveis velhos e gastos.

Fecho os olhos tentando retomar a realidade quando sinto minha respiração pesar e minha garganta fechar. É um dos lugares mais difíceis de se estar para mim.

Escuto a pancada forte na porta do trailer e pelo barulho animado lá fora já pude identificar quem seria. Respiro fundo mais uma vez e assim que abro a porta uma bola de pelo suja pula no meu colo, aliso Hotdog na cabeça e me ergo novamente para avistar melhor. Estão quase todos ali. Minha família. As pessoas que deixei para trás para tentar uma vida nova em Nova Iorque.

Opposite Sides - SprousehartOnde histórias criam vida. Descubra agora