Puta merda. Logo o pai. Eu não me dava bem com absolutamente nenhum pai, nunca. E conhecer eles estavam sempre fora de cogitação de qualquer relacionamento, fora que eu não estava em um relacionamento com Lili. O pai dela entrou pelo estabelecimento e eu não pude deixar de arregalar os olhos para o tamanho daquele cara, os olhos verdes da cor dos de Lili eram um grande destaque em meio a pele branca enrugada.
— Nós não estamos namorando. – Dissemos em unissono. O cara alternou o olhar entre eu e Lili, mas estendeu a mão para mim. Apertei prontamente e fiz uma careta quando ele quase quebrou minha mão. Espera aí, senhor, que eu preciso dela pra muitas coisas.
— Bom, muito bom. – Ele comentou casualmente. — Qual o seu nome, garoto?
— Cole Sprouse. – Ele tomou seu lugar no acento de madeira, Lili se sentou ao seu lado e eu na frente deles, ótimo.
Confesso que fiquei bem surpreso quando Lili me pediu desculpas na biblioteca e ainda me chamou para almoçar, mas não sabia que dentre os seus planos estava me levar pra um lugar esquisito e ainda me torturar com uma visita do seu pai.
— Então, o que você faz da vida? – Sr. Reinhart perguntou com sua voz grosseira e firme, apoiando os braços na mesa e me encarando atentamente. Limpei a garganta pela milésima vez buscando as palavras certas.
— Eu estudo direito e jogo futebol americano. – Disse sucinto. O pai de Lili olhou para ela de canto de olho, mas logo voltou a me encarar.
— Jogador de futebol, hum? – Tenho certeza que aquilo era uma ironia, mas não consegui diferenciar muito bem, talvez pelo nervosismo. — Qual a posição?
— Quarterback.
— Eu também fui um jogador de futebol, na escola, porque não fiz faculdade. – Ele comentou casualmente e me forcei a dar um sorriso sem mostrar os dentes. — Também era Quarterback.
— Jura? O senhor?
— Senhor, não! Estou no auge da idade, filho. – Ele disse em tom de brincadeira e eu ri, Lili continuava estática no seu lugar.
— Vocês querem alguma coisa? – Ela finalmente disse. — Vou fazer nossos pedidos. – Quase supliquei com o olhar para que não me deixasse sozinho com seu pai, mas ela ignorou e seguiu até o balcão pra fazer o pedido, de que, eu não sei, porque não tinha dito nada. Acho que Lili está imersa demais em pensamentos pra lembrar disso.
— Por que abandonou o futebol? – Criei coragem de perguntar pra puxar assunto. Tenho certeza que ficar em silêncio faria tudo ser bem pior.
— Depois da escola eu tive que...fazer umas coisas e então conheci a mãe da Lili e abandonei tudo, para vir para Nova Iorque porque ela era modelo. Então, tentei me ajustar a vida daqui, e até estava dando certo até ela morrer. – O desabafo me fez ficar estático por alguns segundos, realmente não esperava que ele falasse tanto sobre sua vida pessoal, mas a história é interessante. Lili voltou com a comida, hambúrguer, batata-fritas e refrigerante, ela teve que dar pelo menos três voltas pra buscar tudo antes de se sentar. Olhei para a comida e pensei em reclamar, já que eu não podia estar comendo essas coisas durante a temporada, mas deixei pra lá quando lembrei que o Sr. Reinhart estava bem em minha frente. A aparência do local não era das melhores, porém a comida compensava tudo, nem tinha percebido que estava morrendo de fome até dar a primeira mordida e o sabor do hambúrguer invadir minha boca. Comemos durante alguns minutos em um silêncio constrangedor.
— Então, pai, o que anda fazendo? – Lili perguntou limpando sua boca com o guardanapo.
— Coisas...– Ele disse misteriosamente. — Sabe como é, né. – Sr. Reinhart olhou pro nada com olhos sombrios, Lili provavelmente se tocou que não deveria tocar no assunto e mudou.
— Nem te contei a novidade. Sabe o desfile que vou fazer? – Ele assentiu para Lili que falava tudo animada. — Estou pegando como inspiração para a coleção aquela sessão de fotos que a mamãe assim que me teve. – O olhar de Sr. Reinhart se iluminou e ele abriu um meio sorriso.
— Essa é a minha favorita. – Ele deu um beijo na testa de Lili e voltou sua atenção para a comida.
Quando terminamos de comer, chequei as horas no celular e já passavam das duas, eu precisava voltar para os treinos pois teria outro jogo essa semana.
— Lili, eu preciso realmente ir. – Anunciei e os olhares da mesa se voltaram para mim.
— Sim, claro, também preciso ir. Tenho aula hoje a tarde e já está próximo das provas. – Ela deixou um dinheiro junto da conta, eu contribui com minha parte e o pai da Lili contribuiu um pouco mais. Nós saímos juntos da Pato's house e vi uma moto fodástica em frente ao estabelecimento, fiquei paquerando com ela por longos minutos, até perceber que a moto é do pai da Lili.
— Essa moto é sua?! – Exclamei, quase gritando por causa do ronco do motor quando ele a ligou. Sr. Reinhart balançou a cabeça afirmativamente e eu abri um sorriso como uma criança vendo o parque de diversões pela primeira vez. — É irada!
— Qualquer dia desses você pode dar um voltinha nela. – Ele comentou, logo depois acenou pra gente e foi embora fazendo um barulho alto do motor.
— Caralho, seu pai é foda. – Comentei quando estávamos indo pro carro.
— Pra quem não gosta de pais você até que se saiu bem. – Lili deu uma risadinha. — Mesmo morrendo de medo no início, achou que meu pai fosse te decapitar ou coisa do tipo? – Ela riu mais e eu estreitei os olhos pra ela de brincadeira, mas acabei deixando sua risada me contagiar.
— Talvez...
O resto do caminho até a universidade foi composto por conversas triviais, como a semana de provas, puta que pariu, que está chegando próxima semana. Contei pra Lili que tinha que me dedicar em dobro porque além dos treinos, ainda tinha que estudar para as provas, se tirasse nota baixa o treinador nos cortaria do time sem dó. Ela comentou que sempre estava atolada de trabalhos, mas tentava adianta-los o máximo possível, típico de Lili, sendo que ultimamente tinha que se dedicar tanto ao desfile e revista quanto as provas. No fim, acabamos não tendo a conversa que Lili gostaria, e eu acabei esquecendo tudo, nós estávamos num clima estranhamente tranquilo.
Antes de entrar no treino meu celular apitou, era uma mensagem do Drew com uma mídia. Franzi o cenho quando li o que estava escrito.
"Como suspeitávamos, foi um Lobo do Oeste. Conseguimos essas gravações de uma câmera de segurança de uma loja momentos antes do assassinato do seu pai e minutos depois, esse cara entrando e saindo do matagal e está com a jaqueta" Olhei o vídeo e meu estômago se remexeu pensando na possibilidade que diante dos meus olhos estava o assassino brutal do meu pai.
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Opposite Sides - Sprousehart
Romansa+18 | Cole Sprouse? Qualquer garota da grande NYU se molharia em apenas ouvir esse nome, era um babaca, porém de qualidade. Ao contrário de todas da universidade, Lili Reinhart não se deixava abalar pelo irresistível charme do garoto. Mas quando um...