Chapter 68 - Cole

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- Música do capítulo "Call out my name - The weeknd -

Minha vida ao lado de Lili estava melhor do que nunca e sem esforço algum, eu já havia me desacostumado aquela vida de jogador pegador. Era bom ter pessoas diferentes na minha cama, festas quase todos os dias e a popularidade, mas aos poucos isso vai cansado e você percebe que ter alguém fixo ao seu lado, que você sabe exatamente como fazer sorrir, onde tocar, como fazê-la gozar e arrepiar. Uma pessoa que te conhece e melhora seus dias. Que está com você para o que der e vier e que te ajuda nos piores e melhores momentos. Eu transava todos os dias, estava com Lili todos os dias, mas sempre queria mais e mais, nunca me cansava de estar com ela. O meu verdadeiro porto seguro e nunca senti nada igual por ninguém antes em toda a minha vida.

Damon me ligou avisando que haviam pego o filho da puta que assassinou meu pai a sangue frio e ele estava na mira. Chamei Lili para ir até Riverdale comigo aguardar mais informações, até que tudo seja finalmente descoberto, as coisas seriam menos difíceis com ela ao meu lado. Pelo menos, era o que eu achava.

E então, no meio da madrugada o toque tão aguardado do meu celular soou, levantei bruscamente e atendi com as mãos tremendo. Meu corpo inteiro não correspondia mais ao meu cérebro ao escutar que era para Storm Hills que eu iria matar quem havia assassinado metade de mim. Não me importava mais com nada. Não ouvia nem meus próprios pensamentos, apenas um zumbido: Mate-o, mate-o, mate-o, mate-o. Apenas isso que minha mente gritava para fazer. Fui até a gaveta na cozinha onde eu sabia que ficava a arma do meu pai, ela sempre esteve ali, aguardando para que eu vingasse a morte dele com sua própria arma e com minhas próprias mãos. Hoje eu finalmente colocaria um ponto final em toda essa história e tiraria esse peso das minhas costas e do meu coração. Matando o assassino do meu pai, olho por olho. Lili me acompanhava pela casa numa dinâmica estranha. Não tinha condições de falar com ela ou explicar qualquer coisa, por mais que eu sentisse que devia isso a ela.

Peguei a jaqueta de couro preta em cima do sofá achando que era a minha, mas quando ergui, a figura de um lobo branco com uma garra vermelha transpassando ele invadiu minha vista. Encarei Lili que me olhava assustada e em desespero. Mas eu precisava fazer isso, precisava ser quem ela não queria que eu fosse e sim, eu estava disposto a sacrificar o amor da minha vida por uma vingança, meu corpo inteiro fervia pedindo isso.

— O que essa porra está fazendo aqui?! – Esbravejei irritado com nojo de tocar naquela jaqueta, por saber que o inimigo estava em minha própria casa.

— É minha, por quê?

Meu mundo pareceu desabar pelos meus pés e me sinto mais perdido do que nunca, ela é um Lobo do Oeste, meu inimigo, inimigo de toda a minha família, ela é um deles a quem eu aprendi toda a minha vida a temer e matar. E eu estava apaixonado pelo inimigo. Ou melhor, eu a amava.  Amava minha própria ruína, meu próprio desespero, meu próprio desejo de matar. Fecho os punhos sentindo meus olhos marejarem. A única quem eu tinha para agarrar quando fosse cair não podia me segurar. Várias cenas de nós dois juntos me passou pela mente e meu coração se parte em mil pedaços, como eu não desconfiei disso antes? Tudo fazia sentido agora, quando vi a jaqueta pendurada na parede de seu quarto, ela e o pai falando sobre a gangue, a marca de garra de lobo que era a marca deles. Ela é um deles.

Meu celular vibra em minha mão e desvio meu olhar de Lili por alguns segundos, vejo que recebi uma foto de Damon e quando abri o arquivo, derrubei a jaqueta ao chão. É ele. O pai da Lili. O pai da pessoa que eu amo, tirou a vida do meu pai, tirou meu pai de mim, a única pessoa que eu tinha na vida, foi assassinada brutalmente, pelo pai da mulher que eu amo.

Não sabia o que pensar, apenas no meu desejo de vingança. Sai em disparada até minha moto, subindo nela sem olhar para trás e indo até onde meu destino me esperava. Eu vou te vingar, pai, nem que seja a última coisa que eu faça. Nem que seja através do meu último suspiro, eu vou fazer tudo isso valer a pena, por você pai.

Várias imagens de Lili passam pelo caminho, quanto mais eu corro, aumento a velocidade, mais ela aparece, como fantasmas, seu sorriso de manhã, seu jeito tímido, ela nua ao meu lado na cama... Dou um grito alto tentando esvair sua imagem da minha cabeça, mas ela não vai embora. Preciso de vingança.

O vento frio e seco de Storm Hills me recebe e sinto a chuva começar a cair, encontro Damon parado com sua moto em frente a placa da cidade.

— Está preparado, garoto? – Pergunta com sua voz firme e grossa.

— Mais preparado do que nunca. – Respondo prontamente, certeza que em meus olhos só se viam fogo, mas a frieza dos meus sentimentos de matar se misturaram com o ferver das emoções.

— Tome cuidado. Lobos do Oeste são imprevisíveis. – Disse por fim, subindo em sua moto e me guiando até onde estava Daniel Reinhart, o assassino do meu pai.

Invadimos no meio da madrugada a praça de trailers, mas parecia ser sete da manhã, pois muitos Lobos ainda estavam fora de suas casas conversando e bebendo umas cervejas. Encarei todos segurando a arma com força, até que avistei Daniel Reinhart, sentado em uma cadeira sorrindo. Assim que ele colocou os olhos em mim, seus olhos se arregalaram.

— Assassino! – Grito e os olhares dos outros Lobos do Oeste vão em minha direção. Ele se levanta, dando dois passos para a frente, ainda surpreso. Sinto meus olhos marejarem e as emoções me engolirem. — Você matou o meu pai, assuma que fez isso! – Levanto a arma para ele. Daniel levanta sua mão.

— Abaixe a arma, garoto, você está em meu território e não quero que se machuque.

— Não! Eu só saio daqui quando você estiver morto, nem que para isso eu tenha que morrer também! – Digo com a respiração ofegante, meu coração batia rapidamente dentro do peito e minhas mãos tremiam, mas eu precisava de precisão para atirar. A chuva engrossou.

— Cole! – Fecho os olhos por breves segundos ouvindo a voz dela invadir meus ouvidos. Daniel olha para Lili perplexo, mas eu continuo encarando-o com fome de vingança. — Não faz isso, por favor! – Lili grita para mim com a voz embargada. Engulo em seco. Não posso vacilar. — Ele é a única pessoa que eu tenho, Cole, eu só tenho meu pai! Por favor! – Destravo a arma.

— Ele é um assassino, Lili! – Grito de volta.

— Mas é meu pai! – Sinto seus braços envolverem meu corpo por trás.

— Sai daqui, não quero que veja isso...Sai daqui! – As lágrimas me invadem também misturando com a chuva em meu rosto e embaçando minha vista. O pai de Lili continua parado na minha mira.

— Eu te amo, Cole! E não importa quantas vezes tente me afastar, eu não vou embora. – Ela me aperta com mais força contra seu corpo, suas mãos estão geladas e trêmulas. Tudo parece se esvair, passar lentamente, meu coração para de bater por alguns segundos. — Por favor...

Meu dedo aperta o gatilho.

O barulho do tiro invade nossos ouvidos.

Minhas pernas vacilam e eu vou ao chão.

O grito de Lili é ensurdecedor.

E o mundo desaba.

Opposite Sides - SprousehartOnde histórias criam vida. Descubra agora