Chapter 6 - Lili

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A aula da segunda-feira se seguiu normalmente, normal demais para a NYU. Não pude deixar de notar que Cole Sprouse não estava pelos corredores da universidade hoje,  e sem querer, me perguntei o porquê.

— A universidade está meio vazia hoje, né? – Falei casualmente para a Camila enquanto guardava meus livros da aula anterior no armário para seguir para a outra aula.

— Pra mim está normal – Ela disse se recostando nos armários escolares que ficavam grudados nas paredes.

O grupo inseparável dos jogadores de futebol americano que arrancava suspiro de quase todas as garotas da NYU passou, chamando a atenção de sempre. Camila e Charles trocaram olhares calorosos e eu queria não ter procurado pelo Sprouse, mas foi inevitável.

Meu ódio por aquele abusado crescia mais e mais, mas a curiosidade crescia junto. Quem era Cole Sprouse afinal? Sem aquela jaqueta de time, sem seus amigos populares, sem sua arrogância, quem era aquele cara?

Virei o rosto antes que eu vomitasse ali mesmo quando minha melhor amiga se deixou levar pelo charme do gostosão e mordeu os lábios bem nitidamente, numa tentativa de ser provocadora – acho que funcionou com Charles – e ele lhe lançou uma piscadela.

— Melhor ir ao banheiro para não molhar a cadeira da sala de aula – Comentei revirando os olhos. Perdi minha melhor amiga para uma tanquinho de um jogador de futebol desmiolado?

— Muito engraçada você, Reinhart. – Ela ironizou, começamos a andar pelo corredor. — E sim, Charles Melton é um tesão! – Dei-lhe um tapa.

— Ai, Lili! – Cami reclamou passando a mão pela região que eu lhe bati.

— Eca! – Fiz cara de nojo e apressei o passo, revirando os olhos pela milésima vez.

— Você está muito chatinha hoje, deve ser a falta do Cole Sprouse que está te afetando tanto hoje. – Semicerrei os olhos para a Camila.

— Eu nem tinha percebido que ele não veio hoje. – Dei de ombros.

— É lógico que percebeu, aquele vazio na universidade que você tanto falou hoje é a falta dele. – disse ela com um sorriso de canto

— Cala a boca, Cami! – Ela gargalhou. — Vai pra sua aula, vai. Já está na nossa hora. – Dito isso, cada uma de nós seguimos para nossos destinos.

A aula passou mais devagar do que eu esperava, e para meu azar, não consegui prestar atenção em uma palavra do que o professor dizia. Pelo menos já estava adiantada nesse assunto e não apresentava dificuldades para entendê-lo com meus estudos diários, então tudo bem.

Assim que cheguei em frente ao alojamento, uma moto preta enorme estava parado bem em frente dele, o símbolo na bandeira pendurada na moto não me deixava dúvidas de quem era. Meu pai. O homem alto, de cabelo curto, olhos verdes como os meus, barba rala e jaqueta de couro preta era a versão do meu pai longe da sua gangue.

— Papai! – Gritei, correndo em seguida para abraçá-lo. Me sentia como uma criança de 10 anos novamente quando estava em seus braços.

— L.P! – Ele retribui o abraço me apertando forte. Era confortável estar ali com ele, mas ultimamente muitas coisas haviam mudado, ele parecia cada vez mais distante e mais frio.

— O que faz por aqui? – Perguntei me desvencilhando do seu abraço.

— Estava passando próximo da cidade e resolvi vir te ver. – Ele disse casualmente, mas por algum motivo percebi seus olhos perdidos. — Como está minha filhota? – Logo o brilho costumeiro dos seus olhos retornou e eu resolvi ignorar aquele momento e focar em matar as saudades do meu pai.

— Primeiramente, morrendo de saudades de você e muito magoada que não vem mais me ver com frequência. – Seus olhos verdes assumiram mais uma vez aquela versão sombria.

— É, sabe como é...a gangue está me ocupando bastante. – Franzo o cenho. — Como está a faculdade de moda, é o seu sonho mesmo ou mudou de ideia?

— É o meu sonho sendo realizado, pai! Com toda certeza! Só falta o estágio para ele ficar completo. – Digo animada. Só eu e meu pai sabemos o quanto ralei para estar aqui e o quanto estar nessa faculdade é um grande sonho realizado.

— Do jeito que você é estudiosa vai conseguir o estágio rapidinho e o melhor de todos! – Ele me ergue do chão e me gira no ar, gargalho enquanto sinto aquela sensação de infância. — Agora eu preciso ir, L.P, passei só para te ver rapidinho, mas estou cheio de compromissos. – diz minha figura paterna, me deixando cabisbaixa.

— Mas já? Não quer nem ir na cafeteria tomar alguma coisa? – Pergunto um pouco decepcionada.

— Não posso... – Ele coloca as mãos nos bolsos. — Porém, prometo que em breve estarei aqui novamente e a gente toma um café e conversa mais, tá certo? – Balanço a cabeça afirmativamente, ainda frustrada com sua aparição tão rápida. Meu pai me dá um beijo na testa, sobe na moto com a mesma facilidade de sempre e segue em disparada pela estrada. Eu fico vendo-o ir embora, até ele sumir completamente da minha vista.

Quando entro em casa Camila já está lá, sentada no sofá, lendo um livro. Espera. Lendo um livro? Paro no meio do corredor quando me dou conta da capa, muito semelhante a...

— Esse livro é bem interessante, não sabia que você curtia esse tipo de coisa... – Olho para a morena incrédula.

— Camila, onde você pegou esse livro? – Falo entre-dentes.

— Você deixou em cima da nossa mesa de estudos ontem quando voltou da fraternidade... – Ela para no meio da frase e me encara como se tivesse feito a descoberta do ano. — Então foi isso que te deixou tão brava ontem? Cole te deu esse livro?! – Ela grita, realmente como se fosse a maior detetive do mundo solucionando um caso difícil.

— O pervertido do Sprouse me deu essa porcaria, eu achava que já havia jogado no lixo. – Minha melhor amiga ergue uma sobrancelha desconfiada.

— Claramente, você não o jogou no lixo e por que, senhorita Reinhart? – Ela fecha o livro e me olha atentamente. Dou-lhe as costas e fujo da pergunta. Por que eu havia trazido o livro e mantido mesmo que jogado? Nem eu faço ideia! — Você quer que ele tenha algum motivo para vir aqui! E eu sei que ficou super interessada para saber quais são os prazeres da vida que Cole Sprouse  quer tanto lhe mostrar. – Me viro incrédula pelo absurdo que havia acabado de ouvir, estiro o dedo médio para ela. Camila abre a boca em um perfeito "O" encenando surpresa. — Não te conheci assim, Reinhart!

— Primeiro, não é nada disso! Mantive o livro porque...porque eu estava muito atordoada para deixá-lo lá e nem percebi que ainda segurava o livro! – Essa é a primeira desculpa que me vem à cabeça e, provavelmente, não colou. — E em segundo lugar, VOCÊ vai devolver o livro pro Sprouse. – digo autoritária

— Eu?! Nada disso, senhorita! VOCÊ vai entregar o livro ou ELE venha buscar! Não me meto nessa história de vocês dois a não ser na hora de saber do primeiro beijo – Semicerro os olhos.

— Nunca vai ter primeiro beijo! – Esbravejo e ela gargalha.

— Isso é o que vamos ver! – Ela lança o livro na minha direção e eu o agarro com dificuldade. — Por enquanto, vai lendo as teorias dos prazeres da vida enquanto você ainda não pratica.

Opposite Sides - SprousehartOnde histórias criam vida. Descubra agora