Meses.

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POV Charlotte Somers.

Ouvia com atenção tudo o que o professor dizia enquanto anotava tudo no caderno. Tailândia tinha tantos temperos e especiarias que acabei me apaixonando pela culinária, entrei em um curso de um mês para aprofundar minhas habilidades, por assim dizer. Depois daqui, eu resolvi que voaria para França, amava a culinária de lá e esperava conhecer mais.

— Eu já disse que estou bem, Chaz! - digo pela milésima vez. Guardo as coisas dentro da bolsa e saio da sala com a mochila pendurada no ombro. Estava hospedada em um hotel aqui perto, coisa barata.

— Quando você vai voltar pra casa? Já faz duas semanas!

— Ei, eu ainda não terminei o primeiro curso! - giro a maçaneta entrando no quarto onde largo a mochila em cima da cama. Sento na poltrona tirando o tênis dos pés.

— Que curso, Charlotte? Você não precisa de curso!

— Eu quero abrir meu próprio restaurante, Chaz. Pra isso eu preciso de ideias, nada como estudar a cultura alheia. - é o que eu digo antes de tirar minha roupa pronta para tomar banho.

— E quanto tempo isso vai levar?

— Eu não sei.

Foi a última vez que conversei com ele. Isso há um mês atrás quando ainda estava na Tailândia. Agora estava em Paris e eram poucas as pessoas que sabiam minha localidade. Amanda era uma delas, a filha da mãe não deixava de mandar mensagem uma vez se quer, mas eu gostava.

O quarto de hotel do qual eu estava hospedada, tinha uma vista para a torre Eiffel, eu a admirava toda noite quando apagava as luzes para dormir. Era quando eu parava pra pensar nele enquanto apertava o colar no meu pescoço lembrando daquela noite.

A declaração mais linda de todas.

Eu sentia tanta falta dele, que às vezes, minha vontade era de abandonar tudo e correr para os seus braços dando seu tão esperado sim, mas eu não estaria sendo honesta se fizesse.

O professor chamou a atenção de todos para mostrar o modelo do bolo que faríamos na aula de hoje. Ele tinha dois andares e cinco recheios diferentes, mas o que complica a minha situação era a decoração bem elaborada que fizeram nele. Eu era péssima em decorar bolo!

— Sou péssima nisso! - sussurro, tentando fazer a maldita flor que não ficava do jeito certo.

— O segredo está na coordenação, senhorita Somers. - o professor disse perto suficiente para me dar um pequeno susto. — Desculpe, não foi a minha intenção.

— Tudo bem. Estava concentrada.

Ele me explicou de uma outra forma para que eu entendesse melhor e assim fiz, muito feliz. No final, eu consegui fazer parecido e fiquei contente com o meu avanço.

"Eu estou namorando". Imaginei ela cantarolando e ri.

"Espero que ele não seja um idiota". Respondi rapidamente antes de entrar no banheiro pra tomar banho. Meus dias estavam corridos e nada melhor do que um banho para relaxar os meus ânimos.

Bebia uma taça de vinho enquanto folheava o caderno do curso, lembrando de quando Rob me ligou pra saber como eu estava e conversamos durante duas horas, ele me deu tantos conselhos. Meu pai era maravilhoso!

— Acho que estou pegando o jeito da coisa. - sussurrei orgulhosa do meu trabalho. O toque de uma nova mensagem me fez despertar dos meu devaneios, deixo as coisas na bancada e vou até o celular.

"Eu fiquei esses meses em silêncio porque estava com raiva por você ter ido embora sem dar satisfação pra ninguém. Mas eu, mesmo não aguentava mais esse silêncio, bom, não estou sóbrio. Acho que ficar bêbados é a única maneira da gente conseguir conversar. Ser sincero um com o outro. Mas, mas eu não consigo evitar de me apaixonar por você. Mesmo longe, mesmo há quilômetros de distância ou há dois passou de mim, eu te amo. Que se foda o tempo, eu quero você e essa é a única certeza que eu tenho. Eu te amo, sua maluca!"

Acordo.Onde histórias criam vida. Descubra agora