15. Investigação

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"Maninho, o que houve?" Sirius insistiu, preocupado.

"Não aconteceu nada..." Eu meneei com a cabeça tão fracamente que não tive certeza se Sirius sequer conseguira visualizar, com meus olhos embaçados pelas lágrimas que se apossaram sobre eles, mas que eu engolia uma a uma e me recusava deixar escapar na frente de outra pessoa.

Sirius pressionou sua mão em meu ombro de uma forma confortante e eu podia jurar que seus dedos moviam-se devagar em pequenos círculos como um carinho que nunca recebi de meus pais ou de qualquer outro membro de minha família: o carinho que eu carecia por tanto tempo e nunca recebi de nenhum dos lados da enorme família a qual fazia parte. Tal carinho que encontrei somente com Bartemius durante muitos anos...

"Ei, você pode conversar qualquer coisa que precisar comigo que eu vou te escutar." Sirius passou a língua rápida e nervosamente pelos lábios e olhou para os dois lados como se travasse uma luta interna consigo mesmo sobre o que fazer no momento.

Eu, no entanto, não o afastei ou sequer tentei me mover para me retirar dali, apenas encarei o fundo de seus olhos e fui capaz de sentir toda sua verdade sendo transmitida através desses. Era quase como olhar-me no espelho e encarar minhas próprias íris acinzentadas. Sempre fora notável a semelhança entre nossos olhos e naquele momento esse não era o único aspecto entre nós dois que se assemelhava.

"Eu vou fazer o que eu puder para te ajudar. Eu estou aqui por você, Regulus. Eu estou aqui pela primeira vez disposto a cuidar de você." Eu mal esperei que meu irmão terminasse de falar e, sendo levado pelo impulso e emoção que suas palavras causaram em mim, avancei contra seu abraço, envolvendo meus braços ao redor de seu corpo e pressionando com firmeza quando senti ele fazer o mesmo comigo, como uma forma de me certificar que ele era real e que estava mesmo ali por mim.

"Eu gosto de uma pessoa que está se afastando de mim aos poucos..." Eu soltei de uma só vez quando ainda estava abraçado ao corpo forte de Sirius.

Fomos nos dispersando pouco a pouco e eu mal pude suportar encará-lo quando nossos olhares traçarem a mesma reta outra vez e os seus estavam agora marejados de felicidade e emoção como eu nunca havia visto antes.

"Você está chorando?" Perguntei sem conseguir me conter, soltando um riso contido e anasalado e o mais velho rapidamente passou a ponta de seus dedos cheios de anéis pelos cantos dos olhos, balançando a cabeça de forma insolente e imediata.

"É claro que eu não 'tô chorando. Caiu um cabelo no meu olho... Só isso." Sirius jogou os ombros para trás e abriu um sorriso para disfarçar e eu então semicerrei os olhos em sua direção, em pura incredulidade para sua afirmação. "Estou dizendo, acredite. E, ahm, acho melhor sairmos daqui logo..."

Meu irmão passou um dos braços pelos meus ombros em um abraço lateral e começou a me guiar para sair daquele corredor, o seu olhar se tornando muito atento de um segundo para o outro e eu tentei olhar para trás na tentativa de visualizar algo suspeito.

"O que você estava fazendo, afinal?" Quis saber, desconfiado e ele soltou um barulho esquisito, como se estalasse a língua.

"Ih, nada... Só... bem, talvez eu tenha colocado uma bomba de bosta na sala do Filch, mas não é nada demais, faço isso todo o tempo." Ele fez um aceno simples com a mão e eu abri a boca, surpreso para sua tranquilidade perante aquela confissão.

"Que merda, ele vai surtar..." Eu disse acelerando o passo, quando ouvimos barulhos suspeitos vindo do lugar de onde estivemos antes.

"Ah, vai sim." Sirius completou e começamos a correr juntos, sorrindo como se tivéssemos acabado de conquistar o mundo, sentindo uma sensação de felicidade aquecendo meu coração a cada segundo que passava ao lado dele.

𝗲𝘃𝗲𝗻 𝘁𝗵𝗲 𝘀𝘁𝗮𝗿𝘀 𝗳𝗮𝗹𝗹𝘀 {bartylus}Onde histórias criam vida. Descubra agora