6. Você Não Existe

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Desde que comecei a ter aulas extras com Regulus quase sempre eu conseguia entregar uma poção ou antídoto que foram passados nos próximos dias antes que o tempo se esgotasse por completo na aula do Professor Slughorn.

Por incrível que pareça, o homem até mesmo estivera reparando em mim quando fui um dos únicos - assim como meu melhor amigo e Severus Snape, claro - a conseguir produzir uma Poção Polissuco que o mais velho julgara ser perfeita para o uso ou quase isso.

E aquilo me deixava extremamente feliz.

Sempre gostei bastante de estudar e garantir boas notas, mas nem sempre foi fácil pelo fato de que eu, como qualquer pessoa normal, encontrar dificuldades em algumas matérias em específico - e poções era definitivamente uma delas.

Ainda me admirava que tenha conseguido um 'Ótimo' em Poções nos testes que foram realizados um ano antes, quando eu estava no 5° Ano. Nunca estivera tão nervoso em toda minha vida, conseguia ouvir todo tempo a voz autoritária de meu pai dizendo que eu deveria ir bem para orgulhar nossa família e para levar o nome Crouch ainda mais alto no mundo mágico.

Ele sempre exigira o melhor em tudo o que fazia. Tinha a esposa perfeita, o trabalho perfeito e, logicamente, almejava um filho perfeito que eu tinha que me virar de todas as maneiras, possíveis e impossíveis, para ao menos tentar ser somente para não decepcioná-lo.

Uma vida inteira girando em prol disso e somente com essa finalidade.

Yeah, eu sei. É Desanimador. Realmente é.

"Muito bem..." Começou o Professor com seu tom de voz de quem faz propaganda, um sorriso enorme estampando em seu rosto e fazendo o bigode se mexer estranhamente.

Senti a mão de Regulus tocar a minha com sutileza, espalhando um arrepio por minha espinha enquanto envolvia sua mão que era bem maior que a minha em torno desta e me ajudando a segurar a adaga, sorrindo para mim quando virei a cabeça para encarar seu rosto que quase se encaixava em meu ombro e voltando a atenção para baixo, completamente desconcertado. O garoto me auxiliou a amassar a vagem com a lâmina da adaga na horizontal, contrariando o passo a passo que o livro fornecia, mas eu não questionei, afinal, ele sabia o que estava fazendo e eu confiava em sua habilidade com Poções.

Assim que adicionei a seiva que o ato de amassar produziu dentro de meu caldeirão, me virei para Regulus para conferir se estava tudo certo agora e ele piscou em minha direção discretamente, o sorriso sem escorregar um segundo de seus lábios avermelhados como o inferno...

"Dêem um passo para trás, rapazes. O seu tempo está esgotado." Continuou o mais velho com um quê de riso na sua fala, como se fosse realmente divertido dar o veredito final ou algo do tipo.

Precisei conter minha vontade de revirar os olhos para aquilo e continuei prestando atenção enquanto ele passava por cada um dos caldeirões expostos e comentava sobre o que estava errado e correto em cada um.

Quando ele se posicionou em frente ao cadeirão do meu melhor amigo, eu senti a respiração travancar em meu peito e eu podia jurar que meu coração parou de bater por um segundo, pois eu seria o próximo.

"Huh, vamos ver o que temos aqui..." O homem anunciou com uma voz de mistério, analisando o líquido de cor violeta que era a poção de Regulus e eu imediatamente me virei para conferir a minha própria poção, que estava na mesma tonalidade de um violeta brilhante, mas bem mais claro que a dele.

Merda, merda, merda.

Ele deixou que a folhinha que usava como teste caísse no caldeirão e iniciou uma salva de palmas quando a mesma se desintegrou ao tocar o líquido, indicando que a poção estava perfeita.

𝗲𝘃𝗲𝗻 𝘁𝗵𝗲 𝘀𝘁𝗮𝗿𝘀 𝗳𝗮𝗹𝗹𝘀 {bartylus}Onde histórias criam vida. Descubra agora