26. E eu também

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Eu andava de um lado para o outro no Salão Principal, aproveitando a ronda dos monitores para deixar extravasar toda a minha ansiedade e nervosismo em relação a reunião que meu namorado estava tendo naquela tarde com os seus pais.
Ele iria os enfrentar e eu estava ciente de que o mesmo nunca fizera aquilo antes em toda a sua existência e eu não conseguia evitar ficar preocupado com o mesmo.

Alguns estudantes estavam sentados nas mesas de suas respectivas casas e conversavam animadamente em meio a seus grupos de amigos ou apenas curvavam a cabeça sobre uma enorme pilha de livros ou pergaminhos e faziam suas lições diárias.
Vez ou outra, eu precisava chamar atenção de algum engraçadinho que tentava acabar com a paz que estava instalada no ambiente.

Havia alguns dias desde que decidimos, Regulus e eu, que iríamos fugir juntos para impedir os seus pais de o forçarem a se tornar um Comensal da Morte e naquele dia em especial, o meu garoto estaria enfrentando-os e declarando que não tinha interesse algum em fazer parte de seus planos sujos. Meu coração palpitava vez ou outra e o sol já começava a se pôr do lado de fora do castelo, fazendo com que um aperto forte assolasse o mesmo e só servisse para me deixar ainda mais angustiado.

Foi então que uma coruja entrou no Salão, voando diretamente em minha direção e parando diante de mim, que estava agora apoiado contra a parede, com um pequeno envelope amarelado preso a perna direita, e a estendia para mim. Eu a reconheci imediatamente como sendo uma coruja do Ministério da Magia.

Um tanto quanto incerto, eu apanhei o envelope delicadamente e a coruja levantou vôo, saindo dali tão de pressa quanto entrara.

Eu assisti a mesma partir, com meu cenho levemente franzido e em seguida deixei o olhar cair para o papel em minhas mãos.
Fui então desenrolando-o devagar, como se estivesse com medo do que encontraria ali e assim que abri por completo, pude ler claramente:

"Bartemius,
Quero encontrá-lo em Hogsmeade para que possamos conversar na segunda-feira.
Eu já falei com Dumbledore e ele permitiu. Vá sozinho.
Seu pai, Bartemius Crouch Sr."

E em baixo havia o carimbo com duas letras "M" em maiúsculo dentro de um círculo. Soltei o ar pesadamente pelo nariz e deixei a cabeça tombar para trás, ficando assim encostada contra a parede por alguns instantes em que tudo o que eu fazia era puxar o ar pelo nariz com força, sentir ele preencher meus pulmões e em seguida se esvair lentamente.

"Com licença, eu posso pegar uma pena emprestada?" Perguntei quando me aproximei da mesa de minha própria casa, me dirigindo a uns alunos que eu sabia serem segundanistas e um deles sorriu para mim, que retribuí, me entregando uma de suas penas na sequência.

Entao eu comecei a escrever uma resposta para aquela carta sem ter certeza de muita coisa, questionando a mim mesmo se fazia o certo enquanto passava as palavras para o outro lado do papel. Palavras estas que estiveram guardadas durante dezessete anos.
No entanto, a única certeza que eu tinha, era que eu não iria aquele encontro.

"Barty!" Eu escutei alguém gritar enquanto terminava minha carta, entregando a pena para o garotinho que piscou para mim que agradeci e soltei um sorriso leve para o mesmo.

Me virei quase que instantaneamente para checar quem havia me chamado e me deparei com Sirius que estava na companhia de um garoto de cabelos ruivos, que era menor e mais tímido que ele e que não me era estranho...

Meu coração errou uma batida enquanto esperava o moreno se aproximar.

"Sirius..." Eu falei fracamente, como se esperasse uma notícia ruim se suceder, mas o mesmo apenas riu para mim.

𝗲𝘃𝗲𝗻 𝘁𝗵𝗲 𝘀𝘁𝗮𝗿𝘀 𝗳𝗮𝗹𝗹𝘀 {bartylus}Onde histórias criam vida. Descubra agora