16. Dois Idiotas

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Soltei o ar pesadamente enquanto analisava minha própria imagem no espelho do banheiro de Hogsmeade. Minha franja parecia não colaborar e saía a todo instante do lugar onde eu a tinha colocado usando a ponta dos dedos nem um segundo antes. Eu estava desanimado para o encontro com a garota, tanto que cogitei a ideia de não sair mais daquele banheiro e fingir uma dor de estômago horrível. O Regulus adorava usar aquela desculpa, que na mais sincera opinião do garoto, era infalível. E eu não me recordava de alguma vez sequer que havia, de fato, falhado.
Instantaneamente um sorriso se abriu em meus lábios e eu encarei o meu rosto pelo espelho, parando de sorrir imediatamente e me questionando o que diabos eu estava fazendo.

"É o certo a ser feito, Barty... Vamos lá, não deve ser tão ruim." Eu sussurrei para mim mesmo, tentando me convencer daquilo. Arrumando o cabelo uma última vez antes de decidir sair dali.

Fabian me esperava do lado de fora, e agora que tinha Alex ao seu lado, com ambas as mãos entrelaçadas e eles pareciam conversar algo e tive a estranha sensação de ter atrapalhado algum assunto particular entre os dois. Suspirei e um Lacroix, com seu sorriso de lado sem vergonha alguma, se virou completamente para mim.

"E aí, Barty. Onde está o Regulus?" Ele perguntou juntando as sobrancelhas negras e fartas, olhando para os dois lados como se procurasse pelo meu melhor amigo e eu encolhi os ombros minimamente.

Fabian, percebendo o meu desconforto, deu uma cotovelada de leve nas costelas do namorado que se contorceu - nada - disfarçadamente.

"Barty, onde vocês marcaram de se encontrar?" Ele começou como se nada tivesse acontecido e eu ergui o rosto para encará-lo.

"Na Casa de chá da Madame Puddifoot." Eu respondi simplesmente. "Acho que já está na hora..." Suspirei pesadamente e meu amigo colocou a mão em meu ombro, como uma forma de me confortar.

"Você sabe que não precisa fazer isso, sim? Você gosta de outra pessoa e isso pode ser... difícil. Eu entendo." O ruivo falou para que somente eu escutasse e eu balancei a cabeça negativamente.

"Eu sei. Mas eu não posso mais desmarcar, a Marlene já deve estar me esperando lá..." Eu justifiquei e Fabian mordeu o lábio inferior fortemente, preocupado. "Tá tudo bem, Fab. Eu posso fazer isso." Falei, tentando convencer mais a mim mesmo que meu amigo de que eu conseguiria realmente fazer aquilo.

Sentindo minhas pernas tremerem levemente a cada passo que eu dava, como se meus joelhos fossem ceder a qualquer momento e meu corpo iria de encontro ao chão coberto de neve, eu marchei até a casa de chás da Madame Puddifoot. Onde uma garota que era pouquíssimos centímetros menor do que eu e que possuía longos e bonitos cabelos loiros esperava por mim.
Marlene McKinnon sorriu grande e acenou na minha direção, como se quiser atrair minha atenção. Eu retribuí o sorriso e me aproximei.

"Oi Barty." Ela falou com as bochechas corando levemente e se inclinou para a frente para me abraçar. Eu fiquei paralisado por alguns segundos, antes de envolver um de meus braços ao redor da garota, na altura de suas costelas e da forma mais sutil que poderia.

Nos afastamos do abraço e eu ainda conseguia sentir o seu perfume extremamente doce que ela usava, como se ainda estivesse colada a mim e balancei a cabeça em uma tentativa falha de afastar o cheiro que chegava a ser enjoativo.

"Vamos entrar? Eu já escolhi uma mesa." Ela perguntou e me ofereceu a mão e eu, que estava perdido em meus devaneios, demorei tempo suficiente para ficar estranho e por fim aceitei a sua mão estendida no ar. Sorri sem graça e começamos a caminhar para adentrar o estabelecimento que não estava muito cheio, tendo apenas alguns casais se beijando em um canto e outros apenas conversando em outro.

𝗲𝘃𝗲𝗻 𝘁𝗵𝗲 𝘀𝘁𝗮𝗿𝘀 𝗳𝗮𝗹𝗹𝘀 {bartylus}Onde histórias criam vida. Descubra agora