28. Permanência

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Por mais que as palavras de Regulus tivessem me partido por dentro, eu ainda não conseguia ficar bravo com o mesmo.
Afinal de contas, eu bem sabia que o rapaz não tinha culpa do que acontecia consigo e a bagunça que existia dentro de sua cabeça que o fazia agir daquela maneira algumas vezes.
Há algum tempo que meu melhor amigo que há pouco se tornara meu namorado sofria de uma doença trouxa chamada bipolaridade, que consiste em um distúrbio que estava associado a alterações de humor que pode ir da depressão a episódios de obsessão.
Era um caso raro, já que as doenças trouxas não tendiam a afetar bruxos e bruxas e, acima de tudo, não possuía uma cura.

Logo quando Regulus me contara, ainda quando estávamos no nosso quarto ano em Hogwarts, a primeira reação que tive foi me calar sem saber o que fazer, ou como agir perto dele e o que dizer para consolar o garoto sobre aquele assunto que era tão delicado para o mesmo.
Algum tempo depois - após realizar algumas pesquisas -, eu descobri que, em primeiro lugar, não há nada que eu diga que possa melhorar sua situação. Ponto. Segundo, eu não deveria mudar minha forma de agir com o mesmo somente por conta da bipolaridade, pois isso poderia o fazer se sentir recluso e até mesmo inferior, sendo que não era o caso. E terceiro, a única coisa que eu poderia fazer por ele era por meio da permanência em sua vida. Ou seja, estar com o mesmo em todos os momentos, fossem eles bons ou ruins, incríveis ou péssimos. Eu deveria estar ali por ele. Não importa o que.

E eu estava. Definitivamente estava...

“Barty estava sentado na grama verde embaixo de uma árvore robusta no jardim interno do castelo, passava os olhos muito azuis por uma página de um livro de Feitiços, que era sua matéria favorita, mas não conseguia se concentrar em nada do que lia, chegando a repetir o mesmo parágrafo diversas vezes, até finalmente bufar em frustração e decidir fechar o livro.

Suspirou pesadamente, lembrando-se da discussão que tivera mais cedo com seu melhor amigo, Regulus.
O garoto havia o tratado mal desde quando acordaram naquela manhã e Bartemius reclamou por ele não tê-lo chamado algum tempo antes, o que ocasionou em Regulus o dizendo que deveria ter dormido em sua própria cama então e no mesmo se atrasando para a primeira aula do dia. Passando assim, o resto do dia inteiro emburrado.

Até que o avistou do outro lado do jardim, caminhando decidido em sua direção, o cenho tipicamente franzido e os cabelos negros balançando junto ao vento, atraindo olhares femininos - e masculinos também - enquanto passava.

Regulus, que caminhava ansioso, apesar de não deixar aquilo transparecer, decidiu correr para chegar mais rápido até Barty e acabou tropeçando nos próprios pés em meio ao caminho, caindo próximo aos pés do garoto de cabelos castanhos.

– Oi... – foi tudo o que ele disse, com o rosto e as vestes, uma vez brancas, sujas de terra e grama.

Barty, assustado, se levantou em um salto e ajudou o garoto a se recompor, posicionando as duas mãos embaixo das axilas do mesmo e o ajudando a se colocar de pé.

– Obrigado. – sorriu tímido.

– Tome mais cuidado.

– Eu vou tentar – o moreno ainda sorria de leve, passando as mãos pelas vestes para afastar a poeira que a queda ocasionara. – O que está lendo? – apontou para o livro nas mãos do menor.

𝗲𝘃𝗲𝗻 𝘁𝗵𝗲 𝘀𝘁𝗮𝗿𝘀 𝗳𝗮𝗹𝗹𝘀 {bartylus}Onde histórias criam vida. Descubra agora