19. Você confia em mim?

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Eu batia os pés sobre o piso de madeira do dormitório, enquanto fitava a porta de entrada com expectativa para o momento em que Bartemius apareceria ali para termos a nossa conversa.
Era incrível como ele conseguia melhorar qualquer ambiente somente com a sua presença. Bastava ele chegar que tudo se iluminava, se tornava mais claro e eu me sentia em casa. Eu amava aquilo sobre ele.
Assim que a porta se abriu eu concertei minha postura, com o olhar ainda preso na passagem de entrada, senti o ar se esvaindo de meus pulmões assim que o avistei, com sua franja castanha jogada para o lado e seus olhos azuis que pareciam sorrir para mim.
Barty era o mais próximo que alguém poderia chegar da perfeição. Tudo sobre ele parecia ser essencial, essencial e único.

O garoto caminhou até mim após fechar a porta, sem dizer uma palavra sequer, se sentando ao meu lado e sem quebrar o olhar que trocávamos tão intensamente, um segundo sequer.
Não dizíamos nada, mas nossos olhares falavam por nós. Esses que estavam repletos de amor e de admiração, irradiando diretamente na direção um do outro.
Era algo completamente novo e que fazia meu coração saltar feliz e me fazia esquecer que a vida tinha um fim.

Eu abri um sorriso involuntariamente no momento que senti meu corpo se arrepiar quando seu cheiro invadiu meu sistema e ele retribuiu, com as maçãs de seu rosto ficando marcadas e seus olhos se fechando minimamente, fazendo as pequenas e conhecidas ruguinhas aparecer. Ele era a coisa mais linda que eu já havia visto.
Ainda sorrindo, eu inclinei meu rosto para a frente a medida em que tocava em sua perna de uma forma sutil. Mas sem selar nossos lábios de uma vez, esperando que Barty avançasse os centímetros que faltavam para eu ter a certeza de que ele queria aquilo tanto quanto eu.
Como esperado e com os olhos fechados, o garoto colou nossas bocas. Em um gesto rápido, eu alcancei sua nuca com a mão livre e o puxei ainda mais para mim, intensificando o toque em sua perna, ao mesmo tempo em que ele segurava em meus ombros.
Minha mente parecia leve, como nunca estivera. Era como se nós dois tivéssemos nascido para aquele beijo. Que encaixava tão bem e que tinha uma sincronia tão única que me fazia desejar nunca parar de beijá-lo.

Eu sentia que poderia morrer bem ali, naquele lugar e naquele momento, que eu não me importaria nem um pouco.

"Eu acho que precisamos conversar..." Barty soprou quando partimos o beijo, e eu rapidamente assenti com a cabeça, o sorriso se recusando a desaparecer de meu rosto.

Eu retirei a mão de sua nuca devagar, como se hesitasse em o fazer, e após passar uma mecha de seu cabelo que estava um pouco maior que no início do ano para trás da orelha e olhá-lo apaixonadamente, eu tornei a focar em seus olhos azulados, e fiz um gesto para avisá-lo que ele era dono de toda a minha atenção.

"Eu não sei se eu já lhe disse isso antes, mas você é muito lindo." Eu declarei como se contasse um segredo ao garoto e seus olhos brilharam intensamente ao ouvir aquilo e eu me perguntei porque demorei tanto para dizer.

Com as bochechas coradas, Barty tombou a cabeça para a frente, apoiando sua testa em meu peito como uma forma de se esconder e eu o contornei com os braços, abraçando-o fortemente.

"Você me deixa com vergonha..." Ele confessou, o som de sua voz saindo abafado contra minha blusa e eu sorri ainda mais abertamente.

"Eu não quero que sinta vergonha de mim. Sobre nada." Eu falei rapidamente e ele recuperou a postura, voltando a me olhar com a coloração de seu rosto se normalizando. "Eu quero q-que independente do que aconteça agora, a gente continue confiando um no outro."

"Eu também" Barty afirmou antes de beijar minha bochecha, segurando em meu queixo para controlar os movimentos, e usando aquele toque, me puxou de encontro a sua boca.

𝗲𝘃𝗲𝗻 𝘁𝗵𝗲 𝘀𝘁𝗮𝗿𝘀 𝗳𝗮𝗹𝗹𝘀 {bartylus}Onde histórias criam vida. Descubra agora