24. Plano

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Regulus demorou a retornar ao quarto naquele dia e eu, decidido a esperá-lo de qualquer forma, fiquei sentado na beirada de nossa cama, batendo os pés no chão no ritmo de uma música qualquer que ficara em minha cabeça.
A caixa de música que eu havia o dado no Natal fora depositada na mesa de cabeceira da cama e eu sorri com o pensamento de Regulus ter gostado do presente.
Havia algumas semanas que ele havia aceitado o pedido de namoro e eu não me lembrava de ter me sentido tão feliz em toda a minha vida.
Ter Regulus em minha vida era algo com que eu sempre sonhei, mesmo não fazendo ideia disso até, de fato, tê-lo. E eu seria eternamente grato por aquilo ter acontecido comigo.

Escutei um suspiro alto, a medida em que a porta do dormitório se arrastou ao movimento de abrir e, em seguida, se fechar.

Regulus caminhou até a frente da cama em que eu estava e começou a retirar a jaqueta de uma forma brusca, arremessando-a dentro do malão que se abriu com um chute dado pelo moreno. Em seguida foi a vez da blusa de gola alta preta, que ele retirou com uma rapidez quase que impressionante, que fizera com que eu, que não desviara o olhar nem um segundo se quer, ficasse estático no lugar.

Sua expressão parecia oscilar entre irritada e assustada e eu não sabia ao certo o que deveria fazer.

"Tá tudo bem, amor?" Eu perguntei alguns minutos depois, após reunir coragem o suficiente e recebi um olhar de canto do maior, que outra vez, suspirou alto.

O garoto parou em meio ao ato de procurar por outra peça de roupa e se jogou ao meu lado na cama.

"Desculpe. Está sim, eu só estou preocupado..." O outro suspiro e Regulus virou o rosto de lado para me fitar, seus olhos cinza estavam escuros e eu ergui as mãos para tocar cada lado de seu rosto. Em um gesto singelo e repleto de carinho. Repleto de amor.

"Você quer me contar o que houve? O Sirius parecia tenso..." Eu afastei alguns cachinhos de sua testa, correndo com o olhar por todo o seu rosto, tentando visualizar o máximo de detalhes que conseguia em pouquíssimos segundos.

"Ele estava. É sobre a reunião com meus pais... Eles querem fazer algo que nem o Sirius e nem concordamos." Ele explicou, parecendo frustrado e seu rosto se mexera tenso enquanto ia dizendo, mas logo se acalmou sob meu toque.

"E vocês tem algum plano?" Eu arrisquei, fazendo um biquinho leve com a ponta dos lábios. Regulus assentiu com a cabeça. "Você quer compartilhar?" mordi o lábio inferior e fui me aproximando devagar, encaixando meu corpo no do outro. Até estar sentado em seu colo, meu rosto descansava no vão entre seus ombros e pescoço e minhas mãos se entrelaçavam em suas costas, enquanto eu o abraçava forte para fazê-lo se sentir seguro. Para fazê-lo se sentir em casa.

"O Sirius tem. Ele quer que eu fuja, amor..." O garoto disse algum tempo depois, parecendo cansado e eu intensifiquei o abraço, fechando os olhos com força. Eu amava tanto aquele garoto. "Mas não é tão simples, não envolve somente a mim. Mas também..." Regulus pareceu perder a força para continuar e eu plantei um beijo em sua pele nua, que passava calor para a minha. Mais até do que as roupas que eu usava.

"Mas também...?" Eu insisti, afastando o rosto minimamente para fitar seu rosto e senti as duas mãos de Regulus apertando minha cintura com firmeza. Como se tivesse medo que eu pudesse escapar a qualquer momento.

Ele se manteve em silêncio. Apenas deslizando os dedos que afundavam de leve em minha pele, visto que tocava minha cintura por baixo do tecido da blusa preta, que por coincidência era sua.

"Amor?" Eu o chamei quando o silêncio reinou entre nós, em um sussurro baixo.

"Você, Barty. Ele sugeriu que fujamos juntos. Você e eu." Como se retirasse um peso enorme das costas, Regulus puxou o ar com força, mas não o soltou imediatamente, como se prendesse a respiração, esperando por alguma reação minha.

𝗲𝘃𝗲𝗻 𝘁𝗵𝗲 𝘀𝘁𝗮𝗿𝘀 𝗳𝗮𝗹𝗹𝘀 {bartylus}Onde histórias criam vida. Descubra agora