Você não pode ficar dando significados a tudo

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Eu falei a Jooheon que eu particularmente detesto Hongdae sábado à noite, pois há muitas pessoas, sobretudo estrangeiros bêbados e músicas esquisitas. Mas conversar com ele é a mesma coisa que conversar com um cachorro, então nem sei porque estou de cara feia.

O fato de Kihyun ter me tirado dos turnos de sábado me traz uma certa liberdade um pouco limitada, porém concedeu-nos o dia no ensaio fotográfico e, de bônus, uma noite de cachaça e perda da audição bem de leves. Mas eu não estou reclamando, longe disso.

Uma pulseira rosa néon enfeita meu braço e eu me jogo numa cadeira, pronto para fazer o primeiro pedido. Os meninos decidem comer alguma coisinha antes. Tapeamos o estômago com batata frita e tofu. Antes de entrarmos, logicamente, compramos meia dúzia de soju para começar a noite e já estou sentindo o mundo girar. Talvez sejam as luzes ou a música estrangeira alta, não me importo. Me pergunto se acordarei em casa ou numa esquina cheirando a cigarro. Em falar em cigarro, estou louco para fumar.

— Você vai fazer isso aqui dentro? — Jooheon me pergunta, entortando a cara depois de um gole pouco agradável.

— Todo mundo faz isso aqui dentro — dou de ombros e arranco o isqueiro do bolso. — Só um pouquinho.

Enfio o tubinho na boca, aproximo o fogo e, assim que acendo-o, recosto-me na cadeira ao puxar o primeiro trago. Ao guardar o isqueiro, ocupo-me em checar a mensagem que acabo de receber. Nossa senhora, é o Kihyun! Quão sortudo sou por ele ter me chamado duas fucking vezes seguidas numa única noite? Fico tão feliz que me engasgo e tusso, chamando atenção da dupla dinâmica à minha frente.

— Você tá parecendo eu quando tinha dez anos e havia enrolado uma folha do caderno da escola, acendido com o fogão e tentado fumar pela primeira vez — narra Minhyuk, esticando a perna enquanto espreme um sachê de ketchup barato sobre a batata.

— Seu potencial para o cigarro já estava traçado — brinco, automaticamente sorrindo que nem um besta ao abrir a mensagem de Kihyun.

— Mas eu não fumo mais. Só você ainda está nessa — vem me dar um sermão, com cara feia e tudo. Eu rio.

— Você só fumou uma vez, Minhyuk, e agora se acha o maior experiente do mundo. Primeiro que você já ferrou seu pulmão logo aos dez anos de idade. Aí fez dezoito e achou que já podia experimentar algo de verdade. Não aguentou um minuto com o cigarro na boca e já jogou fora! — diz Jooheon, porque quando o assunto é fofoca e expor fatos alheios, ele é extremamente profissional. Clap, clap! Merece um Nobel da Discórdia.

— E como você sabe disso? — Minhyuk pergunta, e eu nem estou mais olhando pra eles, só estou relendo a mensagem de Kihyun:

"Eu sei que você está com Jooheon e Minhyuk. Mas eu só queria saber se você comeu antes de beber e se está bebendo água direitinho. Lembre que a cada gole de álcool, dois copos de água"

— Você me contou uma vez quando estava bêbado. Gente, eu já falei que sempre lembro das coisas que vocês falam quando bebem? Eu sei da vida de todo mundo! — Lee exclama, e eu nem ouso refutar. Ele já me deu informações que Kihyun contou-o quando estava bêbado. Nem tenho moral para discordar.

— Ai, que desagradável! Você me assusta, quero distância — o loiro simplesmente se afasta dele e vem sentar ao meu lado. Nem foco nisso. Estou pensando no que digitar para Kihyun. Por fim, decido enviar uma foto do que estamos comendo.

Enquanto ele digita, tenho que ficar aturando as brincadeirinhas de Minhyuk sobre roubar meu cigarro. E depois que engulo meio copo de soju e ponho o cigarro de volta na boca, recebo uma resposta de Kihyun.

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