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não é justo.

ele apaga meu cigarro, mas eu sempre acendo outro. com um sorriso tosco, meço palavras de dor no escuro. pinto meu ser escarlate, com o chá preto que tomo sábado à noite. pintei meu cabelo, pintei o meu rosto. tirei uma foto frente ao espelho, mas tinham mãos ao redor da minha cintura e lábios grudentos traçando uma linha no meu pescoço. nos chamamos de koi, ele me aperta forte e então entramos no país das maravilhas. antes eu estava sofrendo: você estava sorrindo sem mim, tomando café sem mim, dormindo sem mim, beijando outras bocas... mas, amor, de repente eu comecei a fazer isso também. eu sinto muito. talvez não tanto.

uma tulipa tenta escapar do bolso da minha jardineira desbotada. é cedo da manhã, mas do nada pensei em você. chá de alcachofra me deixa morninho, minha pele alecrim, com esse ventinho girassol tampando meus ouvidos. só acho injusto, ten. acho injusto tu voltar logo após eu ter me reconstruído. eu aprendi a sobreviver sem você. eu aprendi a viver sem você, então por que você está voltando? por quê?

ontem fui pego fumando, numa necessidade supérflua de me acalmar em situações de puro estresse. às vezes nem estou agitado, só quero dormir. eu comparo ele contigo, e digo que ele é melhor. ele é melhor escutando, ele é melhor na minha cama, ele é melhor cuidando de mim, melhor nas palavras, nos beijos e dedicação. ele é melhor. então eu não deveria estar pensando em você, logo em você.

tenho estado ocupado com minhas coisas, tenho cuidado mais de mim. olhei no espelho e não me reconheço mais, acho que passei por tantas atualizações que é difícil até saber o meu nome de cor. tu seria capaz de me reconhecer? teço a cidade cinzenta com uma bota preta e suspensórios salmão. virei tiozinho, uso anéis de fibra de coco e provavelmente você irá gostar do meu físico mais trabalhado. espero que tu sinta uma pontada quando me ver, ten. para que você veja em mim, nos meus olhos, perceba que você que é o deslocado agora. estou te dizendo, estou te dizendo... porque eu não quero que doa em mim, sacou? reencontrar você.

porque toda vez que seu nome era dito, meu coração partia. Minhyuk evitava, Jooheon disfarçava, daí tu deixou de existir. sabe, há muitas coisas que gostei em você. mas há muitas coisas que gosto em mim também. e adivinha? eu não me machuquei tanto quanto você fez comigo. então parei de me martirizar por causa de ti, amor.

mas é injusto, sabe? eu olhar para tua cara logo quando eu consegui me levantar do chão.

 café et cigarettes ┊ChangKiOnde histórias criam vida. Descubra agora