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Algo em mim diz: "Espere sentado, Changkyun", e não devo ignorar. Ontem à noite disse-me que gosta de mim. Eu fiquei vermelho, idiota, abestalhado. Foi a primeira vez que ele me disse algo do tipo. E eu bebi Coca-cola com medo de abrir a boca e estragar o clima. Um beijo de boa noite foi tudo o que recebi quando avisei-o que precisava ir. Foi rápido demais, quase não existiu. Eu até fiquei tentado a fazê-lo direito, porém a presença de pessoas ao nosso redor tirava-nos a privacidade do momento. Eu acenei e fui até o metrô.
E agora eu estou sentado, porque eu tenho uma leve impressão que esse "vou pensar" dele durará uns quinhentos anos. Mesmo assim, o importante é que ele sorriu para mim em momentos aleatórios hoje e meu coração aquece todo.
Às vezes acho que me iludo demais, idealizo demais, engrandeço demais. Mas eu gosto mesmo assim. Tenho de viver satisfeito com os sorrisos de canto de lábio que Kihyun me lança ao ver-me segurar a bandeja da maneira certa e do toque dos seus dedos acariciando os meus quando me entrega o prato de um cliente.
Ele quase nunca fica dessa maneira no restaurante. Ele é muito profissional, não costuma misturar as coisas. Mas hoje eu senti que ele está diferente e não me canso de tamborilar os dedos no balcão, nessa ansiedade do que vai acontecer quando o restaurante fechar. Espero que nos beijemos muito. Muito mesmo.
Apressado, troco de roupa espetacularmente rápido assim que as portas se fecham e os funcionários vão embora. Eu sempre finjo que tenho mais coisas para fazer, somente para esperá-los darem no pé e deixarem-me nos meus momentos preciosos com Kihyun. Eu estou muito ansioso e a culpa é desses hormônios desgraçados que acabam com toda minha sensatez.
— Que está fazendo? — pergunto assim que entro na cozinha. Kihyun está enxugando as mãos num pano e vira-se assustado para mim.
— Que susto! Você deveria avisar quando for entrar, né? — ele sorri e deixa o pano molhado na bancada. Hoje ele não gritou em nenhum momento e é um fato surpreendente. Ele deve estar num bom humor.
— Assim não tem graça — brinco, aproximando-me dele e envolvendo-o pela cintura. Tudo bem que não estamos namorando, mas eu sinto que ontem foi um mini "sim" encoberto. É no que eu quero acreditar.
Mas ele se afasta.
— Eu vou voltar para casa cedo hoje, então nada de ficar aqui até mais tarde — conta-me sutilmente, tirando a alça do avental do pescoço.
Eu nem acredito que passei o dia todo ansioso para uma coisa que nem vai acontecer. Que frustrante, de fato. É cansativo ser eu, às vezes eu acho que só uns socos na cara vão resolver o meu caso. Recebo tanta pancada de Kihyun e nada disso parece resolver.
— Por que fez essa carinha de repente? — indaga, acariciando minha bochecha direita.
— Ah, eu pensei que iríamos conversar hoje ou... Sei lá, esquece — dou de ombros. Mas a verdade é que eu estou sentindo tanta coisa que palavras não podem medir.
— Amanhã eu posso ficar aqui com você — me dá esperanças, sem saber que esperarei para amanhã à noite desde já. Vai ser impossível esquecer.
— Tudo bem — concordo com a cabeça. — Mas você pode ficar aqui por alguns minutos?
Kihyun me olha confuso. Acho que deve pensar que sou idiota.
— Por quê?
Essa pergunta é o gatilho que eu precisava para me inclinar e beijá-lo nos lábios. Ele dá um passo para trás, eu dou um para frente. O que importa é que ele se permite beijar-me, então eu me aconchego na temperatura e no gosto de hortelã da sua língua. De repente a bancada está próxima, seu corpo se movendo até a quina, minhas mãos levando-o pela cintura... Inspiro profundamente, negando os pedidos do meu corpo para que me afaste e recupere o ar.
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café et cigarettes ┊ChangKi
Fanfic"Chɑngkyun preferiɑ cɑfé e cigɑrros ɑ se ɑlimentɑr de verdɑde. Kihyun ɑpenɑs um chef de cozinhɑ formɑdo nɑ Frɑnçɑ, implicɑnte e preocupɑdo" ೃ ⊹ © @TheLastPendragon cover; @AyaWestmacott2