Você fica bonito de qualquer jeito

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Não sei qual estou bebendo primeiro, pois minha visão está turva pelas lágrimas incansáveis que rolam contra a minha vontade. Kihyun está bebendo um ponche de coco afogado em rum e me deixa experimentar um gole, mas só porque quer que eu pare de chorar como uma criança.

— Eu tenho um chifre... — acaricio a coisa gigantesca que enfeita minha testa. Eu não gosto disso.

— Faz assim, bobão — ele segura meu queixo e vira minha cabeça para sua direção. — É só colocar o cabelo por cima e... Voilà! Salvei a nação!

Pela câmera frontal do celular dele, vejo que funcionou um pouco para encobrir o Everest. Só que não consigo parar de pensar sobre quantos dias essa porra vai ficar na minha testa e terei de usar a franja para baixo, como um estudante de ensino médio.

Pela câmera frontal do celular dele, vejo que funcionou um pouco para encobrir o Everest. Só que não consigo parar de pensar sobre quantos dias essa porra vai ficar na minha testa e terei de usar a franja para baixo, como um estudante de ensino médio.

— Mas eu não acho que eu fico bonito assim — enxugo as lágrimas que fazem cócegas na minha bochecha e fungo algumas vezes.

— Você fica bonito de qualquer jeito — Kihyun aproveita o momento para me jogar pra cima. Ai, eu não esperava que esse tiro me afetasse tanto.

— Jura? — sorrio mostrando todos os meus dentes.

— Juro — ele chacoalha a cabeça e eu, sorrindo envergonhado, volto a beber enquanto trocamos olhares.

É como um rasgo infinito descendo por toda a garganta. Se já não me sinto bem, agora parece que vou piorar. Minha cosmopolitan está gostosa, só que não tanto quanto a imagem ao meu lado, com as mangas arregaçadas, camisa entreaberta e uma pele extremamente desejável. Ele fica sozinho porque realmente quer, pois eu não encontro motivos para alguém tão sexy como ele não entrar em relacionamentos.

Pois então decide abanar-se, abre mais um botão da camisa, puxa mais a manga até o cotovelo, joga a esmo o cabelo para longe dos olhos amendoados. O néon verde se esfrega onde eu queria estar me esfregando. O suor toca onde eu queria estar tocando. Sua língua lambe onde eu queria estar beijando.

Mas que porra estar pensando nessas coisas agora, justo agora e aqui. Justo com ele, quem respeito tanto e gosto tanto. Só que minhas mãos suam, sôfregas, cansadas de estarem tão longe de quem amam. Eu quero muito beijá-lo, quero empurrá-lo contra a parede. É pedir demais?

— Eu vou ao banheiro, fica aqui — anuncia ele, erguendo-se num único impulso para a direção do banheiro, muito bem indicado com o ênfase luminoso.

— Eu também vou. Tenho que checar meu chifre — me ergo também, indo bem ao lado dele, acompanhando-o sem hesitar.

Ele vai direto ao mictório. Eu também vou. É estranho, porque eu não posso olhar para baixo em momento algum. Quando escuto ele abrir o cinto e descer o zíper, eu fico extremamente nervoso. Engulo em seco e me preocupo em fazer meu xixi. E eu não sei porque estou tão curioso e com tanta vontade de olhar para baixo quando, sei muito bem, que a regra universal é: não, nunca, em hipótese alguma, olhar para um homem fazendo xixi ao seu lado. Você já nasce com isso em mente.

Ele parece relaxado, ao contrário desse monstro que sou. E esse xixi que nunca acaba? Nossa, eu nunca sofri tanto para mijar como hoje, sinceramente... Olha, ainda bem que essa droga finalmente terminou, senão não sabia por quanto tempo mais iria aguentar. Me recolho logo e vou para o espelho checar a desordem na minha testa.

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