Você realmente é um mafioso

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Eu gosto de como as perninhas curtas dele jogam-se rápidas e ele me puxa pela rua. Queria tocá-las, mas vou deixar quieto. Ele me empurra a garrafa de água que ele estava há pouco bebendo e eu percebo que amor é isso mesmo. Deve ser beber na mesma garrafa, andar de mãos dadas e tentar levar o outro para um lado diferente, fazer piadas idiotas e rir só porque foi ele quem disse e as briguinhas abestadas por qualquer coisa.

— Vem pra cá, você vai pisar na poça — ele me puxa pela mão.

— Poxa, me deixa quieto — fico emburrado e Kihyun solta minha mão. — Ah, não. Assim vou me perder.

— Então ande comigo — ele segura minha mão e me puxa para perto.

Eu bebo minha água e aproveito Kihyun ir jogar a garrafa no lixo e fico analisando na câmera as fotos que tiramos no Palácio de Versalhes. Foram todas lindas e eu me orgulho de ter pedido a uma moça francesa tirar uma foto nossa. Ou várias, na verdade. Parecemos um verdadeiro casal. E Kihyun está lindo em todas as fotos. Falo isso como se fosse uma novidade, né?

— Que acha de irmos ao cinema? Sinto falta... — ele comenta ao voltar para perto de mim. — Vamos assistir algo legendado.

— Quero andar ao lado do Sena, primeiro — faço beicinho e ele ri, concordando com a cabeça. Parece até que estamos namorando por um dia.

Então ficamos caminhando em silêncio enquanto eu observo o Sena correr ligeiro, apressado. Me pergunto se ele ama o mar, devido a tanta euforia. Agora consigo entendê-lo. Felizmente já estou com meu mar e meus dedos tocam os seus.

— Posso te fazer uma pergunta? — ele indaga. — Se você se sentir confortável, é claro.

Eita.

— Quer dizer, não é bem uma pergunta. Esquece isso. É que eu queria te pedir desculpas — ele retoma. — Tipo, eu fui muito idiota naquele dia.

— Qual? — olho-o confuso. Nem sei do que estamos falando.

— Que estávamos no restaurante e eu meio que te assustei — percebo sua mão perder firmeza na minha, mas agarro-a forte antes que ele solte. — Eu sei o que você fez.

Solto sua mão.

— S-sobre o quê?

— Eu sei que estamos num momento bom, Chang. Mas é que eu me sinto culpado por ter escondido isso de você e ter perguntado por pura curiosidade — ele me explica e eu já estou sabendo do que ele está falando. Minhas atividades suspeitas entre os dezoito e vinte. 

Ele passa a mão pelo pescoço.

— Do que você está falando, idiota? — eu rio de nervoso.

— Eu te contratei porque gostei de você. Também porque Jooheon te recomendou e eu juro que não me arrependo— ele começa e daí já sei que não vai ser uma conversa muito legal. — Mas você sabe que antecedentes criminais são analisados na hora de uma contratação, né?

Eu engulo em seco e paro de olhar para ele. Encaro o Sena.

— Olha para mim, Changkyun. Eu não estou te julgando nem te encurralando — ele me diz e isso só piora a situação. Decido fitá-lo. Abraço a mim mesmo.

— Está tudo bem — digo, não com certeza. — É natural.

— Mas é que eu não sabia que iria reagir daquele jeito e agora estou muito preocupado.

— Ah.

Eu sei que ele talvez tenha sido bem minucioso na sua análise geral da minha vida. Foi um erro de privacidade, foi horrível. Agora não me sinto aterrorizado, mas é que eu não sabia que ele sabia disso. Me sinto nu.

 café et cigarettes ┊ChangKiOnde histórias criam vida. Descubra agora