Sam

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"A morte não é a maior perda da vida. A maior perda da vida é o que morre dentro de nós enquanto vivemos. — Norman Cousins"

Justin Bieber POV

Eu já havia beijado um monte de garotas.

Mas nenhuma delas havia esbarrado em mim no meio de uma operação e precisou fugir comigo para que nós dois não morrêssemos. Adicione nessa equação a aventura de uma viagem de carro estimada em duas mil quinhentas e vinte três milhas pela rota mais rápida, sem esquecer de somar um monte de pontos turísticos, histórias, e um céu estrelado tão perfeito que parecia ter saído de uma tela de Van Gogh. Eu me sentia em uma comédia romântica, a qualquer momento esbarraria com Adam Sandler e a Jennifer Aniston.

Só que não. E a minha comédia não era tão engraçada assim, já que eu havia sido perseguido por uma maluca bêbada de péssima mira disparando uma arma em nossa direção. Se uma mulher doida sabia sobre mim e Olivia, muitas outras pessoas já deviam estar sabendo também, isso significava que Red Bones já havia colocado nossas cabeças a prêmio, oferecendo sabe-se lá o quê, mas se a mulher se arriscou numa perseguição sozinha, deveria ser bastante grana. O saldo positivo da aventura foi o fato da maluca não saber para onde estávamos indo, consegui manobrar o carro para dentro da cidade, o que faria prosseguirmos nossa viagem tranquilamente. Ou quase isso.

Estou deitado na cama inferior de um beliche absurdamente confortável apesar de ser um pouco pequeno para o meu tamanho, nunca precisei dormir em um desses por ser filho único, mas caso precisasse, não ficaria na parte superior nem por um decreto, não por ter medo de altura ou algo assim, mas por me mexer tanto durante o sono que seria muito provável eu cair lá de cima, não era algo que eu precisasse no momento.

Olho de relance para o ambiente modesto e aconchegante, o papel de parede desbotado revelava vários girassóis que algum dia deviam ter sido bem amarelos, nas janelas retangulares, uma cortina branca balança pra lá e pra cá com o vento, não preciso citar novamente o céu do cacete que ilumina boa parte da imensidão verde de árvores ali, e por fim, olho para a parte superior do beliche, Ollie está deitada lá em cima.

Olivia, a marca das suas unhas pintadas de  azul turquesa ainda estão em meu pescoço. Dou um sorrisinho ao lembrar que nos beijamos, eu gostava daquilo, gostava de flertar com ela, ou simplesmente irritá-la para que revirasse seus olhos amendoados sem paciência, gostava tanto que chegou a um momento que não consegui mais evitar beijá-la, e foi muito bom, apenas um beijo normal com um céu fora do comum, mas só um beijo.

— Justin? – A voz dela soa meio relutante em chamar por mim, fico um pouco assustado em ela ainda estar acordada.

— Hum? – Não consigo pensar em mais nada pra responder.

A cabeça de Olivia aparece no pequeno espaço que separa os beliches, seus cabelos estão soltos e caem por seu rosto de forma selvagem, ela os joga para as costas sem muita paciência, guardo uma risada.

— Obrigada por me salvar da mulher maluca hoje. – Agradece com um sorriso leve brotando em seu rosto, não consigo vê-lo muito bem contra-luz.

— Disponha, doutora. – A risada que guardei se transforma num sorriso, ajeito os travesseiros abaixo de mim sem ter muito o que fazer com as mãos, eu até gostaria de puxá-la para onde estou e sentir seu corpo de novo no meu, mas não faria isso, não poderia perder assim o foco da missão, ao invés disso tudo que eu falo é: Tenha uma boa noite.

— Você também. – Deseja e torna a se deitar na cobertura do beliche.

Volto a encarar as costas de seu colchão acima do meu pensando em qual imagem Olivia teria de mim, seria mesmo igual a dos detetives de filmes que assistia? Esse pensamento me faz rir pelo nariz, quando longos minutos se arrastam acredito que a doutora pegou no sono, resolvo confessar uma coisa.

Wrong PlaceOnde histórias criam vida. Descubra agora