Wrong Place

Voo imediato

"No tear que tece a nossa vida, não há pontas soltas. Todos os fios estão entremeados entre si e revestidos de significado." — xxxHolic

Existe uma vasta gama de coisas para se fazer num domingo em Nova York.

Se o seu humor pede por vento no rosto e uma ótima visão do mar, você pode dar um passeio por Coney Island e aproveitar os raios de sol, poucas coisas na vida são capazes de substituir uma boa volta com direito a hot-dogs e batatas fritas com bastante sal, misturadas ao cheiro salino proveniente da praia. Ou quem sabe aproveitar para pegar um cinema e assistir o milésimo filme da franquia velozes e furiosos, depois caminhar até a Times Square e tirar um monte de fotos em meio aquela avalanche de LEDs e propagandas que nos deixam meio embasbacados. Mas, você também pode ser uma pessoa mais adepta a programas familiares, então coloca sua família no carro e leva o cachorro junto para um piquenique no Central Park, o prazer de sentar na sombra de uma árvore frondosa, ler um bom livro de suspense, comer tudo que há de delicioso em sua cesta de vime e acima de qualquer coisa, relaxar.

Scooter Braun era um homem que adorava programas familiares, mas estava bem longe de relaxar no Central Park nesse domingo, ele iria do inferno até a estação para comprar bilhetes com destino ao céu, e rezava para que chegasse lá antes do expediente ser encerrado.

Como prometido, a equipe descansou o que foi permitido e Scooter com Ryan em seu encalço retornaram até a sala onde Jimmy Thomas estava hospedado contra a própria vontade, o rosto do homem era um emaranhado de hematomas, seu lábio tinha cortes vermelhos, as maçãs do rostos estavam protuberantes e, o olho esquerdo já estava ficando um pouco azulado. Mesmo com tudo isso, recusou-se a falar qualquer coisa. Scooter sabia que seria um dia longo, então resolveu jogar com o infiltrado. Cedeu que tomasse um bom banho, comesse um ótimo café da manhã, trocasse as roupas e ganhasse curativos em seus machucados, e o deixou mais uma vez sozinho para pensar. Quando voltasse, seria munido de hostilidade.

Na sala de trabalho dos detetives, Ryan lutava contra a vontade de adicionar mais açúcar em seu café preto, Jaden havia o repreendido mais cedo que suas doses de glicose deviam estar nas alturas. Braun rolava por sites de notícias em busca de qualquer coisa que informasse sobre o desaparecimento de Jhon Fisher e, graças ao divino, a mídia ainda não estava ciente de nada.

A forense Cassandra Kane adentrou pelas portas trajando uma camisa gola alta cor de creme, calça de sarja, tênis Balenciaga, e uma jaqueta de couro preta, o domingo supostamente deveria ser sua folga, ela não usaria o rotineiro jaleco branco nem se fosse obrigada. Tinha planos de ir ao Central Park que foram feitos quarenta e oito horas atrás, não desperdiçaria seu ótimo look.

— Bom dia, senhores. – A morena cumprimenta os três homens na sala com um aceno de cabeça, em uma de suas mãos, mais uma pasta de plástico cheia de documentos que aparentavam ser complicados e importantes.

— Bom dia, Cassie. – Jaden responde, o garoto olha pelas portas na esperança de que talvez Mafe a acompanhasse já que a hacker não havia chego ainda.

— Cassandra. – Ryan murmura, ainda encarando os sachês de açúcar como se fossem uma tentação das grandes.

— Alguma novidade sobre nossos ilustres irmãos, senhorita Kane? – Scooter questiona erguendo as sobrancelhas. — Perdão, meus modos estão numa espécie de torpor, bom dia detetive.

Cassie assente com a cabeça e dá um leve sorriso, em seguida abre a pasta em suas mãos.

— Bem, o resultado do exame do senhor Richard saiu, o câncer está no estágio dois, por isso ele tem sentido tanta dor, não chegou no pior ainda, mas vai.