Sol, lua e sangue

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Em algum momento da vida você já se deparou com os conceitos de Yin e Yang? Podemos dizer que são a dualidade de tudo que existe no universo, as duas forças fundamentais opostas e complementares que se encontram em todas as coisas: o yin é o princípio da noite, Lua, a passividade, absorção, yang é o princípio do dia, Sol, a luz e atividade. O que nos faz pensar que mesmo que vivamos no mesmo universo, diversas pessoas ao mesmo tempo estão vivendo situações completamente opostas umas as outras.

Poderíamos exemplificar nossa tese acima da seguinte maneira. Em um hotel aconchegante na cidade de Utah, mais precisamente sob uma cama king size bagunçada, com lençóis brancos dispersos e peças de roupa pelo chão repousavam Justin Bieber e Olivia Fox, já passava das oito da manhã e nem ela, e muito menos ele, tinham a mínima vontade de sair de onde estavam, a cama absurdamente confortável não chegava sequer aos pés da sensação de calmaria que o contato de suas peles nuas passavam um ao outro. O detetive envolveu ainda mais a garota para junto de si, que em resposta, mesmo embalada num sono invejável aninhou-se totalmente em seu peito, inalando o cheiro de Justin como um calmante natural, exclusivo.

Milhas e milhas de distância dos pombinhos, em uma rua sem saída no bairro do Harlem havia um galpão abandonado. Seus portões enferrujados tinham sido pintados em cromo de maneira preguiçosa, o que deixava a mostra boa parte de suas imperfeições, o espaço interior era tão ruim quanto o externo, não havia nada relevante ali, apenas algumas cadeiras surradas e uma cobertura feita de madeira vermelha para proteção da chuva, e só.

Mas naquela manhã o galpão estava agitado, jogados em contato com o chão de barro batido estavam um homem e uma mulher, ambos assassinados. Por mais que estivessem mortos, era como se os três homens vivos de pé perto deles não se importassem que um dia, aqueles dois sequer existiram, estavam mais preocupados em como se livrariam de seus corpos sem vida.

— Onde eles estão? – A voz fria de Fantasma estava enérgica, quase feliz ao fazer aquele questionamento.  — Vi sua mensagem, Castor. Eles estão aqui?

Dos três homens parados que já estavam no galpão apenas Tigre se move, enrolando lentamente um cigarro e levando aos lábios, Fumaça está sentado em uma das cadeiras lascadas fitando a parede, só depois de alguns segundos Castor responde ao líder.

— Então, houveram alguns imprevistos, Tommy.

— Imprevistos são sinônimo de merdas pra vocês, qual a cagada que fizeram?

— Eu não fiz nada. – Os olhos de Castor lampejam de pura maldade. — Foi o nosso querido amigo Richard que se precipitou.

O olhar gélido de Tommy recai sobre Fumaça, não é preciso que o líder pergunte o que aconteceu, seu olhar superior já demonstra que exige respostas, e as quer de forma rápida.

— Quando Alvin nos avisou que o casal tinha sido pego e que ia trazer os dois aqui pro galpão eu estava por perto vendo um possível lugar pra uma nova fábrica de drogas, acabei chegando primeiro que todo mundo, assim que eles entraram eu atirei algumas vezes contra o cara, minha cabeça ainda não perdoou o tiro que aquele filho da puta me deu.

Em passos longos Fantasma caminha até o canto do galpão onde os corpos estão cobertos por uma lona azul desbotada, o corpo do homem está de bruços então Tommy o vira para cima com um só movimento brusco, revelando um rapaz de não mais que vinte e cinco anos, ele têm quatro tiros na região da barriga, e um em seu peito que provavelmente o havia matado, os olhos abertos ainda demonstram um pouco de pânico por saber que morreria. A garota ao seu lado é loira, deve ter uma faixa de vinte anos, os olhos fechados impossibilitam saber a cor deles, ela tem apenas uma marca de tiro em sua fronte, uma bala de misericórdia.

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