Escrita secreta

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"Alguma coisa disso é real? Olhe para isso. Olhe! Um mundo construído em fantasia. Emoções sintéticas em pílulas, guerra psicológica em propagandas, produtos químicos em comida que alteram a mente, seminários de lavagem cerebral em mídia, bolhas de controle em forma de redes sociais."
— Mr Robot

Ainda no dia anterior, sábado – Nova York

— Onde ele está? – Esse é o cumprimento de Scooter quando se faz presente na sala, aparentava estar agitado como se tivesse engolido uma abelha, as três cabeças presentes no lugar se voltam para ele.

— Finalmente apareceu chefe. – Ryan indaga com a cafeteira em mãos, finalizando mais uma rodada e deixando a sala com o cheiro inconfundível da bebida. — Tentamos ligar, mas você não atendeu.

— Estava resolvendo os problemas sul-americanos que disse mais cedo.

— E conseguiu? – As sobrancelhas do loiro formam um arco quando se erguem.

— Digamos que estou tendo progresso, o problema é perspicaz demais. – O superior passa as mãos pela calça de tecido caríssimo e ajeita as mangas da camisa social — Richard também foi trazido pra cá?

— Sim. – Cassie Kane corre para responder, ela tem algumas pastas na cor branca em sua mão direita — Como eu já havia dito, ele realmente tem câncer no fígado, passou mal quando foi apreendido e foi estabilizado, estou trabalhando em testes para saber o estágio da doença.

— Quando vou poder interrogá-lo?

— Vai ter que esperar um pouco, tiveram que sedar por conta das dores, aparentemente ele não havia tomado os remédios.

Scooter xinga uma gama de palavrões mentalmente. Tinha pressa, muita pressa.

— Certo, obrigado senhorita Kane. – Braun agradece ainda inquieto, caminhando lentamente de um lado para o outro.

— Por nada, se precisarem de mim estarei no laboratório.

A forense deixa a sala silenciosamente, o único ruído vindo de seus tênis brancos da Adidas contra o porcelanato polido demais, Ryan deposita a xícara cinza de porcelana em sua mesa e volta os olhos para Scooter mais uma vez, buscando por respostas.

— Esse "problema" que você está falando... – E ao falar a palavra problema o garoto utiliza aspas com os dedos — Tem algo a ver com a testemunha que precisamos?

Braun assente positivamente.

— Você sabe que mesmo prendendo esses vermes vamos precisar de um depoimento sólido de alguém importante como testemunha, algo que realmente valha à pena.

— Como alguém que já fez negócios com eles? – O rapaz leva a xícara de café dando um bom gole e notando que precisava de mais açúcar.

— Isso.

— Tem que ser um mafioso muito louco pra topar isso. – Ryan despeja em sua xícara dois sachês de açúcar.

— É, eu sei. – Scooter respira fundo e demoradamente, milhares de pensamentos tomando conta de sua mente como uma ventania mental — Mas de qualquer forma acho que estou tendo algum tipo de...

O raciocínio de Scooter é bruscamente interrompido pelo barulho proveniente dos socos raivosos de Jaden contra a própria mesa de trabalho, o que leva agora os olhares de Ryan e seu chefe até o outro detetive, que está imerso em pura frustração.

Merda! Puta que pariu! – Outro golpe contra a mesa e ele empurra seu Macbook Pro para longe, fechando os olhos e massageando as têmporas.

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