DNA nunca falha

1.3K 105 363
                                    


"Na abertura, um mestre deve jogar como um livro; no meio-jogo, como um mágico; no final, como uma máquina"
— Spielmann

Dia anterior, sábado – Nova York

Vinte e quatro horas. Mil quatrocentos e quarenta minutos. Oitenta e seis mil e quatrocentos segundos. Um dia. Esse era o tempo que seria crucialmente decisivo para a operação ser guiada aos instantes finais.

Scooter Braun havia chego mais cedo ao prédio que estava sendo utilizado como sede da sua Unidade de Operações Especiais do FBI. Era quase parte da rotina do homem fazer aquilo quando haviam reuniões, mas naquela manhã ele tinha um motivo em especial, queria ser o primeiro a dar boas-vindas para a nova integrante de sua equipe, que por sorte conseguiu recrutar. Sabia que um momento como aquele exigia atitudes extremas, e por mais relutante que fosse ao pensamento de adicionar uma nova pedra ao seu tabuleiro aquilo era vital. Hoje, seria o dia mais decisivo de todos, iriam fazer o primeiro movimento rumo ao xeque-mate.

— Imaginei que a senhorita já tivesse chegado. – O homem diz após empurrar a porta e chegar mais perto da garota sentada na cadeira confortável. — Sua antiga chefe me falou que sua pontualidade era impecável.

Cassie deu um sorriso tímido, daqueles que gostamos de guardar apenas para nós mesmos, às vezes não por egoísmo, somente cautela. A detetive forense tinha em seus olhos puxados a certeza de que juntar-se ao time de Braun fora a melhor decisão a ser tomada.

— É um prazer conhecê-lo pessoalmente, Scooter. – Sua voz soa animada como deveria para o seu primeiro dia, lhe foi informado que precisavam com urgência de seus serviços especiais em genética forense, e lá estava ela.

— Acredite, o prazer é todo meu. – O mais velho estende a mão, e é gentilmente retribuído quando ela aperta sua palma. — Trazer você pra cá foi uma briga de leões, mas soube que a sua escolha que definiu tudo, obrigado por isso senhorita Kane.

"Pode parecer uma grande besteira mas algo me disse que eu deveria vir pra cá." A morena pensou, mas ao invés de dizer isso, como resposta cedeu apenas um movimento simples de cabeça como quem não queria nada.

— Fico grato, afinal de contas as coisas se complicaram depois que um de meus homens desapareceu. – Braun coça ligeiramente o queixo, a barba por fazer e as olheiras indicavam o quando estava com as mãos cheias no trabalho.

— Como assim? – Cassie não hesita em perguntar, a sobrancelha erguida em curiosidade.

— O detetive Bieber saiu em missão na sexta passada, era um confronto direto com a máfia que estamos lidando, algo deu errado e desde então está desaparecido. – Explica sem muitas enrolações.

— E ninguém foi atrás dele? – A curiosidade da garota se tornou um alarde discreto.

— Procedimento padrão, senhorita Kane. Frio, mas não há nada que possamos fazer.

— Espero que ele esteja bem. – A forense diz com sinceridade, recebendo um olhar esperançoso e triste de Scooter, quase saudoso.

— Preciso resolver apenas algumas questões, sinta-se à vontade certo? Assim que voltar daremos início a nossa reunião. – Scooter informa e em passos rápidos está saindo pela porta deixando a garota sozinha.

Com um longo suspiro Cassie observou novamente cada detalhe do lugar onde estava desde às sete da manhã, chegou muito mais cedo do que o necessário, tudo porque não conseguia ficar em seu quarto de hotel. Resolveu pegar um pouco de café na mesa de mogno no centro da sala, e depois de se servir caminhou um pouco olhando as persianas de tom azul escuro, o mesmo azul do sobretudo canelado que cobria cada centímetro de sua pele amendoada, achou estranho ser a única a ter chegado até o momento, mas não acha ruim, olhou em seu relógio e viu que eram sete e cinquenta e cinco, a reunião estava marcada para oito da manhã.

Wrong PlaceOnde histórias criam vida. Descubra agora