A MOÇA DE BRANCO

CAPÍTULO 8 - ANSEIOS

Não há nada que desperte mais a nossa repugnância que o canibalismo [...], no entanto causamos a mesma impressão nos budistas e nos veganos, porque nós alimentamos de bebês, apesar de não serem os nossos. Robert Pattinson.

Gabriel

Eu tinha decido dar uma volta pelo bairro localizado perto do hospital por onde eu trabalho, que por sorte, por conta de uns boatos e pessoas desaparecidas, se tornava um lugar vazio a partir das 22 horas até umas 3 horas, o que me dava certa privacidade para fazer uma caminhada antes do meu turno das 23 horas começar.

Nunca vou entender para que tanta confusão e medo, desde que não invadisse o terreno do castelo, nada iria te prejudicar, mas alguém quis me dar ouvido?

Não, fui tratado como um idiota irresponsável.

Mas só porque eles não querem arriscar andar a noite, não significa que eu tenho que me forçar a esse toque de recolher.

Entretanto minha felicidade durou pouco, encontrei uma moça jogada no chão, desmaiada, a beira da morte na volta para o hospital, nunca tinha visto alguém em um estado tão crítico, liguei rapidamente para a ambulância e com ajuda dos paramédicos, consigo transportar ela em segurança, estava prestes a começar a cirurgia para realocar seus ossos no lugar, estancar a hemorragia quando fui removido da equipe e substituído por meu colega Fernando.

Disseram que eu estava envolvido demais com a paciente para operá-la, maldito seja o diretor do hospital.

Para me distrair da minha frustração, resolvo verificar meus pacientes.

Estava prestes a ir verificar o último paciente meu, localizado no quarto 4 da ala 6, que estava se recuperando com seu mais novo coração, quando sou interceptado pela enfermeira Natália.

Uma mulher incrivelmente linda, branca de olhos azuis com os cabelos tingidos de alaranjado que tinha sido vítima de maus tratos infantis e vendida por seus pais biológicos aos 5 anos, por um punhado de notas para comprar mais drogas e forçada a se prostituir e se não fosse pela  policia federal  em conjunto  com a policia municipal que estavam numa operação para acabar com o mercado negro e contrabando ilegal, ela foi salva aos 14 anos e levada ao um orfanato, na qual foi adotada por um casal gay na semana seguinte, que a amaram e deram lhe o nome que ela usa até hoje, Natália e a trataram ela como alguém da família, se não fosse pela coincidência de estar naquele alçapão enquanto era forçada a fazer sexo com um dos chefes do tráfico, ela ainda estaria presa naquela vida, mas talvez tenha sido o trauma ou algo do tipo, pois por algum motivo ela não conseguia lembrar do seu passado antes de ser vendida, a única coisa que se sabe foi que seus pais eram dois viciados em crack e que estavam mortos por overdose e que ela tem uma irmã gêmea não identica que ninguém sabe o nome ou paradeiro.

Como eu sei disso?
Bem, gosto de pesquisar tudo a respeito daquelas pessoas que planejo transformar em alimentos e eu não ia deixar que um beijinho desses escapasse de mim, que apesar dos meus esforços para levar ela para minha residência e transformar ela em minha sobremesa, ela se recusava todos os meus convites, tentei seduzir, fazer ela se apaixonar por mim e até virei seu amigo, mas nunca aceita ir até minha casa.

E graças  a essa  lenga-lenga já faz dois anos que estou tentando levar ela para armadilha e mesmo assim, ela só negava meus convites, porém dessa vez eu consiguirei ela.

_Senhor, preciso que vá se preparar para uma cirugia na sala 3, acidente de moto, com fraturas na coluna vertebral e um objeto metalico que perfurou o olho esquerdo do motociclista.

_Deixa eu adivinhar, sem capacete? Não precisa responder, estou indo.

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