CAPÍTULO 01

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      — Eu quero fazer uma tatuagem —falei assim que tirei o cigarro da minha boca e soprei a fumaça para cima

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— Eu quero fazer uma tatuagem —falei assim que tirei o cigarro da minha boca e soprei a fumaça para cima.

Wanda e Nora me encararam, parando de fazer o que estavam fazendo por um longo momento de reflexão profunda entre nós três. Ambas duvidando a minha palavra eu podia até mesmo escutar os seus pensamentos duvidosos.

— Eu quero um namorado mas a vida é injusta.

Nora resmungou, abaixando a cabeça e encaixando uma peça do quebra-cabeças imenso que ela estava montando no chão do nosso apartamento. Ela tinha tirado a nossa mesinha de centro da sala exclusivamente para isso. Não que não fosse comum, acontecia mais vezes do que gostaríamos de admitir. Embora um tempo surpreendente tenha se passado desde a última vez que ela o fazia.

— Eu quero terminar a faculdade, mas acordar cedo continua não sendo o meu forte, e fazem anos que estou tentando, hum, eu acho que é um sinal para que eu desista — Wanda ponderou com os olhos escuros novamente vidrados no celular, ponderando essa possibilidade de desistência.

— Eu estou falando sério, eu quero fazer uma tatuagem — falei de novo, com mais firmeza para que elas percebessem que eu estava falando sério.

— Você falou isso da última vez e quando entramos no estúdio você deu meia volta — Nora me lembrou, encaixando mais duas peças.

— É, mas eu era nova. Tinha acabado de fazer dezoito anos, e estava bêbada!— retruquei.

— Estar bêbada é ainda melhor para fazer tatuagem, se você falhou bêbada sóbria então...— Wanda deixou o restante da frase no ar. Fuminei ela com um olhar, enquanto apertava o meu cigarro preso entre os meus dedos, quase partindo-o.

— Eu estou decidida dessa vez! Quero fazer uma tatuagem — repeti com o máximo de convicção que consegui reunir. Francamente, nem eu acreditaria em mim mesma. Mas não custava nada tentar convencer os outros e me convencer no meio do caminho.

— Tem certeza? Pense bem, fazer tatuagem doí.

Nora disse, encaixando mais outra peça.

— Ser dispensada também.

Wanda provocou Nora fazendo-a lembrar do fora que tinha recebido há pouco de um carinha pouco, ao meu ver, nada, bonitinho, em todos os sentidos, que ela estava saindo fazia algumas semanas. Nora entortou o pescoço e mostrou o dedo do meio para Wanda, enquanto tinha a outra mão contra o peito em sinal de uma falsa dor.

— Eu estou sofrendo, favor respeitar a minha dor! — ela exigiu, se voltando para o seu precioso quebra-cabeças.

— Deixa de ser mentirosa, quem sofre por um e marca de sair com mais dois na mesma semana??? — Wanda rebateu com um sorriso enorme no rosto e o celular de Nora nas mãos.

— Eu sofro por um e vou afogar as minhas mágoas com outros dois! É como eu anulo a minha dor!!! Deixe-me! — observei a cena com um dedo por cima dos meus lábios, me perguntando quando foi que as minhas amigas e eu nos tornamos tão...alarmantes.

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