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Capítulo 42

     Eu havia me arrumado o mais tarde possível.  Ignorei as batidas na porta de Pedro mais cedo questionando sobre a carona e eu apenas fingi estar dormindo . Eu sequer sabia como é que eu iria olhar para a cara dele. Toda vez que eu pensava nisso, eu questionava mesmo se era necessário que eu fosse a aula. Pensava nas possibilidades e desculpas nas quais eu podia usar. Mas não. Minha mãe não cairia em nenhum. Pelo menos ela aceitou me levar para a escola. Era o melhor que ela podia fazer por mim. E eu sequer podia contar a ela que tinha acontecido, o primeiro beijo no qual eu prometi contar para ela. Ela perguntaria com quem havia sido e eu não pensava em mentir. Então eu prefiria não começar. Uma mentira leva a outra. No momento eu sabia bem como era verdade.

   Assim que desço do carro sou abordada pelo Sr. P, o que não era nada, nada bom. Ele segura em meus ombros e se chegando, começa a conversar com minha mãe.

— Como estão as coisas com essa mocinha?- minha mãe sorri para o diretor que sorri.

— Estão ótimas. Ela está melhorando as notas. Mas e com a senhorita? O que acha de conversar um pouco mais tarde. Dory está querendo fazer um jantar em casa. Ela ficou sabendo que é sua folga e pediu para que eu te perguntasse! - ele diz e eu logo abro os olhos olhando para o homem e depois para minha mãe.

  Jantares na casa do Sr. P eram os meus favoritos. Até me lembrar o motivo... Tate. Ver ele seria constrangedor. Ainda mais perto de minha mãe. E se ele e Pedro brigassem? E se ... Eu já começava a surtar com a hipótese de minha mãe souber.

— É claro que vou. Estou super dentro. Vamos estar lá. Inclusive vou passar lá agora pra tomar um café!

— É ótimo. Vou fazer um certo Mousse que alguém gosta. - o homem diz piscando para minha mãe e eu logo abro um sorriso.

— Esse certo alguém sou eu não é? Pode falar, tá com saudades de mimar sua afilhada aqui. - o empurro de leve sordindo convencida e ele ri.

— Vamos que você tem aula. - ele me vira e empurra meus ombros

 
Dou tchau para velha que continua a conversar e sigo meu caminho fazendo uma careta. Era tudo que eu merecia. Suspiro balançando a cabeça. Eu já começava a cogitar nas milhões de coisas nas quais poderiam acontecer nesse almoço. Tate e Pedro se estranhando, talvez um briga ou dúvida vinda de minha mãe. Era cedo demais e os meus neurônios estavam quase estourando com mais um assunto. Mas mesmo assim, nada, NADA superava a minha atual vergonha de ficar a frente de Pedro. Acima de tudo minha mágoa e raiva do mesmo.

   Eu tentava tirar esses assunto da cabeça porém todas as vezes nas quais eu pensava nas palavras de Pedro após nosso beijo, sentia uma raiva misturada com arrependimento, que juntas formavam uma bola de dúvidas e vergonha. Pensava no quão deve ter sido horrível, tendo em base que era o meu primeiro beijo. Ou o quão fui burra em entregar algo tão especial a Pedro. Pessoa na qual eu sabia que sequer era merecedora daquilo. Sempre disse a mim mesma que meu beijo seria dado em alguém especial, por alguém especial. E mesmo minha mãe dizendo que isso era bobagem e que provavelmente eu era a única garota da minha idade que detestava a ideia de " conhecer" várias pessoas... Sempre pensei que quando fosse a hora certa, a pessoa especial iria aparecer. Mas não. Eu cedi meu beijo a Pedro. E foi consciente. Nada em mim queria fugir naquele momento, eu não podia mentir pra mim mesma. E talvez essa fosse a minha maior raiva.

    Suspiro abrindo meu armário. O corredor estava cheio já que cheguei um pouco tarde. Eu sequer sabia que aula era, mas provavelmente Pedro era o meu par. O que era ótimo. Ele sempre matava a primeira aula para treinar. Era ótimo em todas as matérias, então ele sequer se importava muito. Bom para mim. Assim que entrei no laboratório, dou de cara com Sammy, o que me fez erguer as sombrancelhas.