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Capítulo 53

    Meus olhos estavam no relógio. Meus pés mexiam para lá e para cá impacientes.  Os programas na TV pareciam não chamar minha atenção, nem o dorama no qual eu dizia estar viciada. Minha mãe já havia chegado, tomado um banho e estava no décimo quinto sono. Aconteceu que ela foi me buscar no colégio e resolveu que iria acompanhar Pedro até o colégio. Com toda e absoluta certeza foi a coisa mais complicada que já vi. Ela desceu do carro, foi até o carro de Pedro e ajeitou a roupa dele, o cabelo do rapaz e passou cuspi no dedo, ELA RESOLVEU CUSPIR NO DEDO, pra arrumar a sombrancelha do mesmo. Eu não consegui não rir, e Pedro claramente também não segurou. Desde a última vez que vi o mesmo rir de verdade, achava a coisa mais rara e bonita, e quando ele sorriu para minha mãe fui até o céu e voltei.

  O que era péssimo. Era normal me desesperar com o fato de que estava anciosa demais para que ele chegasse em casa? Não sabia o motivo. Bom, na verdade sempre fui curiosa demais e é claro que gostaria de saber como foi o dia dele, como foi o trabalho. Mas não podia mentir que a minha maior paranóia era sobre a Naja. Hoje nós trombamos muitas vezes e o sorriso dela no rosto, aquele soberbo, não estava presente. O que me deixou preocupada. Podia ser apenas coisa de minha cabeça, mas e se não fosse. Ficava cada vez mais curiosa pra saber qual é o plano de Pedro no qual envolvia a cobra e ainda mais perdida, já que eu não tinha a menor ideia de como eu iria descobrir. Esses pensamentos me deixavam anciosa, louca. Então eu preferia guardar eles pra usar antes de dormir.

  No momento eu me questionava o porquê de Pedro ainda não ter chegado. Ele deveria estar em casa a exatas duas horas atrás. Será que ele era tão bom que lhe deram hora extra no primeiro dia ? Suspiro me jogando no sofá, encarando o teto. Eu não podia descartar qualquer que fosse a situação, já que eu precisava me distrair de alguma forma. Meu sono da tarde foi cancelado por medo do mesmo chegar e eu estar no décimo quinto ronco, então só conseguiria dormir mais tarde. A casa estava limpa demais e eu não tinha nada pra tirar pó.

  O barulho nos degraus chamou minha atenção e a velha esticando os braços abriu um sorriso satisfeito.

  — Aí que delícia é dormir e não ser acordada por você!

— Oh mãe me diz uma coisa - volto a me sentar no sofá e a mesma se joga em sua poltrona - Já não era para Pedro ter chegado?

— Ele mandou uma mensagem mais tarde dizendo que sairia para comemorar o primeiro dia de trabalho. Ele fez amigos no trabalho, isso é ótimo não é? - ela estava atenta escolhendo qual dos canais ela queria - Mas daqui a pouco ele chega.

— Ok. - mordo meus lábios voltando a me deitar no sofá.

— O que acha de pedirmos pizza? - ela diz animada com um sorriso largo e eu volto a me sentar - Lembrando que eu vou fazer uma salada ótima pra você!

  Abro os olhos balançando a cabeça.

— Você é horrível. - volto ao meu conforto. - Estou completamente sem fome pra sua informação.

— Vou me lembrar disso quando a pizza estiver chegando!

  Ela se levanta indo em duração a cozinha, jogando o controle em cima de mim. No mesmo instante que ela passou pelo telefone ele tocou, e na maior audácia ela correu para dentro do cômodo só para não atender a chamada. Confesso já ter feito isso algumas vezes. Dezenas de vezes. Mas percebi que quando é comigo, é muito mais divertido.

  Me estiquei pegando o aparelho e respiro atendendo.

— Al...

— Solara? - ouço a voz de Pedro e me sento mais uma vez rapidamente.